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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Revendo conceitos - A importância da atuação do estado na economia

Às vezes me pergunto por que ainda mantenho esse blog.

Acho que gosto de deixar registrado o que tenho aprendido para uma consulta futura. Acho interessante como nossa visão de mundo pode se alterar com o tempo. Parece um hobby, quase uma terapia.

Esse post é bem o caso. Não que eu tenha mudado por completo mas repensei muita coisa nessa crise que vivemos.


A Filosofia Zé Batalha

Quem já leu meus posts anteriores tais como esses sabe que eu simplesmente tento entender como o mundo funciona, mas principalmente as contas. Por conta disso sempre fui contra intervenções excessivas do Estado.

Não tenho pretensão de mudar o mundo. Tento me adequar as regras do jogo. 

Mudar a minha vida para melhor e tentar ajudar meus parentes mais próximos já foi uma missão dura o suficiente pra mim. Envolveu muita perseverança não só de mim mas principalmente dos meus pais.

Existem pessoas mais focadas em mudar o mundo e a sociedade. Deixo isso pra elas e desejo boa sorte.


O que me fez refletir nessa crise...

Já escrevi que governos mais atrapalham que ajudam. Que hoje até considero bem exagerado da minha parte.

Pois com a crise eu entendi que essa é a hora que o Estado tem que atuar com tudo que puder.

O auxílio emergencial deve representar um acréscimo de cerca de R$250 bilhões a mais de despesa no ano.

Com isso é a relação Dívida/PIB deve disparar, deve chegar a 100% até o ano que vem, pois a dívida vai aumentar com esses novos gastos e o PIB vai diminuir com a retração da economia. Ou seja, pra cada 1 real que o país produz, 1 real de dívida.

Está tudo muito disfuncional no momento, mas assim que a economia se estabilizar devemos ter uma taxa de juros mais condizente coma nossa realidade: voltando a crescer. 

Quem leu os posts que citei no começo do post sabe que eu sou Austeridade Fiscal Futebol Clube. 

Mas que se dane. Milhões de vida estavam e ainda estão em jogo. Vamos pagar um preço alto no futuro mas não havia outra saída.

Pois esse é o Brasil de verdade...


Quer dizer então que o Zé Batalha virou um keynesiano? E a Escola Austríaca?

Não sou keynesiano! :D Só revi meus conceitos. 

Como mencionei no post Hayek x Keynes há situações que vou de Keynes e essa é exatamente uma delas, pois o que vivemos não é muito diferente de uma guerra. 

Digamos que a minha proporção Hayek/Keynes foi de 80% / 20% para 70% / 30%...

Para tentar entender como as coisas funcionam eu consumo conteúdo das mais variadas escolas de economia mas até um certo limite. 

Marxismo não entra, pois não gostam de fazer muitas contas, algo essencial nessa área, e falam de um mundo imaginário que até hoje não se deram conta que é impossível.

Costumo ler desde o pessimismo da escola austríaca até o otimismo dos analistas das casas de research. A partir daí tomo decisões baseado na minha percepção.

Mas hoje vejo que muitas coisas da escola austríaca são tão utópicas quanto o marxismo que eu sempre critiquei.

Como li no auge dessa pandemia: "Mises se reviraria no tumulo com o que alguns caras da Escola Austríaca tem falado..."

Muitos dizem que a Escola Austríaca vive de prever crises que ainda não aconteceram. Claro que uma hora eles podem acertar, assim como um relógio parado acerta a hora 2 vezes em um dia, mas ela não é só isso. 

Tem coisas bacanas, mas se você seguir tudo que eles pregam ali na essência é como se o mundo fosse a Suíça ou a própria Áustria. E o nosso país e a maior parte do planeta está muito longe disso.

É como se o país não precisasse de assistência social, como se fosse possível viver somente por meio da "mão invisível do mercado". Não deixa de ser um outro mundo imaginário...


A importância da atuação do Estado 

Imagina se o nosso país não tivesse o SUS, mesmo com todos seus defeitos. Onde a população pobre seria atendida nessa pandemia?

A injeção de dinheiro do BC, empréstimos para as empresas (para pequenas e médias empresas houve muitas falhas, mas pra explicar isso aqui precisaria de outro post) e principalmente o auxílio emergencial foram vitais para o país não entrar numa situação ainda pior do que está.


Mas...

Ainda acho que o melhor para um país é encontrar um meio termo entre as escolas de Keynes e Hayek. Entre os desenvolvimentistas e os liberais.

O bom funcionamento dos serviços públicos é vital para um país mas o que faz um país crescer é de verdade é o incentivo a livre iniciativa, empreendedorismo e uma boa dose de liberdade econômica.

Esse ranking mostra bem quem vai mais longe:

Sim, todos nós sonhamos com um país que funcione tão bem como a Alemanha. Os caras deram aula com seus milhares de testes de Covid e sendo a primeira liga de futebol a voltar com toda a segurança. 

Mas ninguém vê que se eles conseguem fazer isso por conta da sua ótima situação fiscal, dos seus 6 anos de superávits seguidos. 

Que tal entender como eles conseguiram isso? Ah e o sistema de aposentadorias da Alemanha, assim como praticamente todos nesse planeta, que precisou ou precisa passar por reformas? 


Conclusão

Não faz mal rever conceitos. Não cai as bolas mudar de opinião ao contrário do que muitos pensam...

O Estado sempre terá uma importância enorme na economia, mas muitas vezes você pode ajudar mais interferindo menos.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Hayek x Keynes - "A batalha do século"

Após as últimas postagens complexas e um tanto "azedas" sobre a reforma da previdência, vamos falar agora sobre algo bem mais legal relacionado a economia: 2 raps.

Já faz um bom tempo que esses vídeos foram postados, mas caso não conheça e mesmo que você não curta o assunto vale a pena ver nem que seja somente o primeiro. Foi genial o que esses caras fizeram. Resumiram 2 das escolas de economia mais importantes explicando o seu antagonismo de forma muito inteligente.


Mas quem foram Hayek e Keynes?

Friedrich August von Hayek: economista e filósofo austríaco depois naturalizado britânico. Pupilo de Mises, da Escola Austríaca de Economia. Sua teoria sobre os ciclos econômicos recebeu um Nobel em 1974.

John Maynard Keynes: economista britânico que pregou ideias que influenciaram bastante os modelos macroeconômicos, incentivando uma maior intervenção dos governos na economia.


Round 1: Fear the boom and bust (Tema a expansão e recessão)
Como é bem resumido no video: "Keynes quer dirigir o mercados, Hayek quer libertá-los". Vemos como Keynes é praticamente um superstar já que fala tudo o que as pessoas querem ouvir.

O povão não se incomoda, na verdade adora ver o governo oferecendo dinheiro, e claro que nunca se chateia com essa ideia de gastar cada vez mais sem pensar em poupar...

Como bem dizia Keynes, para que pensar no futuro se "no longo prazo estaremos mortos"... Não precisa pensar muito para ver como isso vai contra tudo o que a blogosfera de finanças recomenda.

Já Hayek é desconhecido, impopular. Tenta trazer as pessoas à realidade com foco no longo prazo. Mostra que estímulo governamental é como beber mais no dia seguinte para tentar curar uma ressaca. Explica que não há como se ter prosperidade sem poupança e investimento


Round 2
No segundo rap temos uma luta de boxe e um julgamento que começam focados na temática da recessão após a crise do subprime. Logo na entrada a gente vê como o pobre do Hayek continua desconsiderado... acaba sendo barrado na entrada, enquanto Keynes entra mesmo com o detector de metais apitando...

Keynes continua insistindo que devemos manter o gasto fluindo... Hayek resume mais uma vez que sabemos muito pouco do que realmente ocorre para tentar interferir e que o "longo prazo" chegou...

O final é emblemático. No boxe, mesmo nocauteado, o juiz concede a vitória para Keynes. No julgamento, a maioria aplaude Keynes, mas é interessante ver que alguns começam a dar voz a Hayek...

Na verdade nunca houve um debate entre eles. As ideias de Keynes ditavam aquela época em momentos que governos interviam bastante na economia. O valor de Hayek só foi reconhecido muitos anos depois, durante a crise dos anos 70.


E o que a Escola Batalha de Economia prega?

Vemos nos vídeos como fica claro que é muito mais cômodo ser keynesiano e isso explica muito da popularidade de suas ideias. Ninguém precisa fazer conta, basta só aceitar um dinheiro que o governo está injetando para consumo e/ou investimento.

Mas com o seu entendimento de como o mundo real funciona, a Escola Batalha de Economia defende que o ideal seria algo na proporção de 80% Hayek e 20% Keynes. O que faz um país crescer é o trabalho, pessoas empreendendo e gerando empregos, o mercado em sua maior parte se auto regula.

Há áreas como assistência social, justiça e combate a monopólios que precisam sim de governos minimamente sérios e eficientes atuando, e é ai que mora o grande problema: ineficiência e corrupção são muito comuns em vários países...

No final não seria um estado mínimo, mas sim um estado otimizado e eficiente, colocando o nariz somente aonde deve, sabendo os momentos onde precisa intervir e ciente que na maior parte das vezes a sua ação deve ser mínima.

Por exemplo, o pós-guerra na década de 40 precisava de um empurrão a mais, talvez a crise do subprime de 2008 tivesse sido ainda pior sem a atuação do governo, por mais que ainda assim eu questione a forma como tudo foi feito, com alguns bancos grandes saindo ainda maiores da crise.

Mas nunca há uma solução perfeita. Assim é o mundo...

E como diria um amigo meu: "Se o governo não faz, os profissionais vão fazer..."