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quarta-feira, 29 de março de 2017

Ghost in the Shell - Análise da obra

Esta semana teremos o lançamento mundial do filme (live action) de Ghost in the Shell, dirigido por Rupert Sanders e estrelado por Scarlett Johansson, o que talvez seja o que mais chame atenção para o filme, que tem uma história muito maior por trás.

Ghost in the Shell é uma das maiores obras-primas sobre o universo cyberpunk já criadas. O mangá foi criado por Masamune Shirow em 1989. O anime foi lançado em 1995 pelo estúdio Production I.G e dirigido por Mamoru Oshii. É considerado um dos melhores animes da história.

A história é centrada na Major Motoko Kusanagi da Seção 9, uma hacker super talentosa e exímia combatente, que pertence a uma divisão de combate ao ciberterrorismo do governo japonês. A história se passa em 2029, num futuro distópico onde as pessoas têm um cérebro cibernético e se conectam ao cyberespaço através de cabos conectados à nuca.

Ghost in the Shell - Anime e Filme


Não assisti na época do lançamento pois àquela época sem toda a informação da internet não tinha acesso fácil a esses animes. Anos depois assisti por curiosidade. Creio que foi uma das primeiras vezes que pude perceber o quão profundo poderia ser um anime.

Na minha opinião Ghost in the Shell (abreviarei como GITS) é um dos maiores exemplos de como animes são subestimados. Muitos ainda tem ideia de que todos os animes tem um estilo mais juvenil do tipo Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z,etc.

Gosto de filmes que me levem a reflexões, algo que há de sobra neste. Eu sempre descubro algo novo ao assistir mais uma vez (acho que já foram umas 10x). Creio que meu interesse por tecnologia e ficção científica aumentou depois dele, mas também acho que não é um filme para todos. Pode ser chato para alguns, mas é gosto.
Capa do primeiro filme
Se você em 1999 assistiu Matrix e achou um filmaço (assim como eu), saiba que a inspiração dos irmãos (ou irmãs?) Wachowski surgiu de GITS,  e este por sua vez foi inspirado nos livros Neuromancer e também em um livro de psicologia filosófica chamado Ghost in the Machine.

Filmes e Séries de TV

Séries:
  • Ghost in the Shell: Stand Alone Complex - Tanto a 1ª (2002) como a 2ª (2004) temporada tiveram 26 episódios. Trata de várias operações realizadas pelo esquadrão da major, além de episódios avulsos que tratam da história de seus membros e algumas situações relacionadas a essa realidade distópica
  • Ghost in the Shell: Arise (2013) - Foram 4 episódios de cerca de 50 min. Teve também a versão Alternative Architecture, que dividiu 8 episódios de 25 min e ainda acrescentou 2 episódios extras para fazer o link com o filme que saiu em 2015. Essa série trata dos eventos que ocorreram antes do filme original, tal como o processo de formação do esquadrão da major.

Eventos de Arise mostram a formação da equipe
Filmes:
  • Ghost in the Shell (1995) - o filme trata da major em sua operação para capturar o Puppet Master, e daí surge várias reflexões existenciais que mexem com a protagonista no decorrer da trama
  • Ghost in the Shell 2: Innocence (2004) - a história ocorre cerca de 3 anos após os eventos do primeiro filme. Foca em Batou, parceiro da major, investigando uma série de assassinatos cometidos por robôs. Mais questionamentos filosóficos ainda, mas este não supera o primeiro filme, até porque é um filme mais confuso.
  • Ghost in the Shell: Stand Alone Complex - Solid State Society (2006) - conclui os eventos ocorridos na série Stand Alone Complex
  • Ghost in the Shell: The New Movie (2015) - dá sequência à história da série Arise e ao final ele faz a ponte com a história do primeiro filme, que deu inicio a franquia
Acho que nem preciso dizer que assisti tudo isso aí...

A tecnologia e a filosofia por trás de Ghost in the Shell



Vemos de tecnologias que ainda hoje podem parecer futurísticas a outras que consideramos normais nos tempos atuais. Imagino a mente do criador que foi capaz de pensar e ter tantas ideias relacionadas a conceitos avançados de biotecnologia, computação e redes em 1989, um ano que a internet como a conhecemos sequer existia.

Imagine um mundo onde todos tem um cérebro cibernético. Ao mesmo tempo que facilita a vida das pessoas, isso muda vários conceitos existentes até então. O que seria a morte já que eu posso morrer em corpo mas transferir a minha consciência, o meu cérebro, o meu ghost para um outro corpo humano cibernético, ou mesmo para uma máquina?

Consciências podem existir sem corpos. Então seria o cérebro parte independente do corpo? Um cérebro sem corpo orgânico pode ser considerado um humano? O que torna então alguém um ser humano num mundo assim, qual o conceito de indivíduo? Uma inteligência artificial desenvolvida e com vontade própria poderia ser considerada um indivíduo, então?

Nesta visão de futuro, sempre se fala sobre um mundo sem matéria, somente consciências trafegando como dados na rede, a se tornar parte do "mar de informação", o que guarda muitas semelhanças com a internet que temos hoje.

Muitas situações desse futuro distópico são exploradas:
  • Um cérebro cibernético pode ser invadido e ter seus dados copiados e/ou alterados (inserção de memórias falsas). Vemos situações em que a major invade a visão de algum inimigo e se utiliza disso para facilitar uma invasão. Na série, vemos até momentos em que um hacker consegue alterar a visão da vítima.
  • Em um mundo com corpos protetizados, idosos mais abastados podem transferir a sua consciência para corpos mais jovens, prolongando a sua "vida", assim como é simples dar manutenção ou substituir partes danificadas do corpo por outras mais novas, melhorando a sua "qualidade de vida"
  • Acesso remoto ao ghost: em algumas operações a major controla um outro corpo remotamente a partir da sua mente
  • Sincronização de memórias: em questão de segundos uma informação pode ser passada para outra pessoa. Pra que gastar 1 hora explicando ou ensinando algo? Vemos programas de treinamento que podem ser utilizados para aprender algo (algo bem copiado no filme Matrix)
  • Aquisição de memória, controle de consciência e pessoas: os ataques terroristas chegam em um outro nível quando hackers conseguem comandar os movimentos de pessoas comuns a partir do momento que invadem seu cérebro cibernético
  • Ainda sobre o item acima, cabe uma reflexão. Como a justiça decide quem cometeu o crime? A pessoa que atirou ou aquele que comandou ela remotamente (admitindo que você consiga identificar quem foi)? Imagine a mudança em toda a legislação que isso provoca na sociedade 
  • Já começa a surgir o questionamento das pessoas que não sabem se tratam o corpo como uma coisa ou uma pessoa. Mudar de corpo muitas vezes pode causar crises de identidade
É bem interessante a importância que a major Motoko dá a Togusa, tanto no filme original como em alguns momentos das séries, pois ele é o mais humano de sua tropa, o único sem próteses cibernéticas (somente no cérebro, como todos tem nessa época, assim como hoje todos tem um smartphone...). Ela parece querer contar com uma opinião distinta a partir do momento que considera ele a pessoa mais "humana" de todos do seu grupo.

Há várias teorias sobre a major Motoko. Em GITS: Stand Alone Complex cogita-se que ela nasceu "sem um corpo" (sua mãe foi morta grávida dela) e então ela acabou sendo desenvolvida e evoluída como equipamento militar, que custeou todo o processo. Em GITS: Arise vemos como isso explica o fato dela ser propriedade militar, até adquirir direito ao próprio corpo e depois ter mais direito a um orçamento e mais independência após cumprir com sucesso várias missões à medida que vai montando a sua equipe.
Sobre o filme que estreia essa semana

Pelo que vi nos trailers, creio que ele vai pegar cenas notórias do filme original (como a clássica invasão ao prédio usando a camuflagem termo óptica), mas vai focar em aspectos interessantes de outros filmes e episódios das séries.
Camuflagem termo óptica

Percebi alguém muito parecido com o Kuze do Stand Alone Complex, que tem uma história muito bacana. O filme deve explorar vários conceitos de forma que não se prenderá apenas ao anime original. Se fizer sucesso, o que será desafiador levando em conta o histórico de adaptação de animes para live actions na telona, pode ser que surjam continuações, pois há muita coisa boa a ser explorada.

Estou com uma boa expectativa pelo que vi nos trailers, pois dá a impressão de estarem respeitando não só o filme original, mas todo o conjunto da obra. Já percebi referências a vários filmes e séries somente no pouco que vi. Na minha lista de filmes mais esperados do ano, esse é o primeiro lugar.

Recomendo que ao assistir Ghost in the Shell não tentem entender tudo, pois acho que é quase impossível. Vale muito mais pelo prazer de poder filosofar com os amigos sobre essa obra numa mesa de bar.

sábado, 11 de março de 2017

O que fazer com a grana do FGTS das contas inativas


Até Ivete está correndo atrás de seu FGTS :P


1) Raspe tudo o que tiver lá. Você não sabe quando o governo te dará outra oportunidade
2) De posse da grana, pague primeiro suas dívidas, dando prioridade para aquelas que cobram juros maiores
3) Se chegou nesse item, invista no Tesouro Direto: Tesouro IPCA (pro longo prazo) e/ou Tesouro Selic (pro curto prazo). Se quiser mais sugestões confira nosso post anterior.
4) Não recomendo ações, a não ser que já tenha algum conhecimento, alguma estratégia montada. Se for pra seguir sugestão de alguém coloque só uma pequena parte desse dinheiro.
5) Se realmente não quiser investir e não tem nenhum plano futuro, faça como a maioria faz, gaste a grana toda. Isso mesmo, GASTE! Qualquer coisa é melhor do que deixar esse dinheiro nas mãos do governo com esse rendimento tão fraco, como pode ver no gráfico abaixo. Gastar o dinheiro pelo menos te trará felicidade... :D

Rendimento fuleiro do FGTS x Selic

Período de Resgate do seu FGTS Inativo

Trabalhadores nascidos emInício
Janeiro e fevereiroa partir de 10/03/2017
Março, abril e maioa partir de 10/04/2017
Junho, julho e agosto​​a partir de 12/05/2017
Setembro, outubro e novembroa partir de 16/06/2017
Dezembroa partir de 14​/07/2017














sábado, 28 de janeiro de 2017

Carteira de Investimentos do Zé Batalha - Para 2017 e além


Hoje vou dar uma de analista e apresentar uma sugestão de carteira de investimentos para o longo prazo. Aliás, meu prazo é mais do que longo. É até eu me aposentar, ou seja, vai demorar pra caramba, até o final dos tempos. Por isso que essa é a CARTEIRA DO ZÉ BATALHA.

Ela é o resultado de 6 anos de estudo em que aprendi bastante e que pode servir como um norte para quem quer montar a sua própria. Para saber o quanto aportar mensalmente sugiro a leitura do post anterior. O maior segredo desse e de qualquer método está na força do aporte.

É importante saber que numa carteira como esta sempre ocorrerão várias oscilações, principalmente pelo fato de uma parte dela ser Renda Variável. Essa carteira pode ir bem em um ano, em outro ir mal, assim como ocorre até com os melhores gestores de fundos.

1) Reserva de Emergência

É aquele dinheiro para as emergências que surgem na vida de todos nós. Por isso o mais importante aqui é a liquidez. Por isso no meu método, creio que pode ser até a poupança, sim. Todo mundo cái de pau nela mas tem a liquidez mais extrema, você tira na hora que quiser e esse dinheiro aqui não é investimento, é para emergência.

Claro que se você tiver uma LCI ou um CDB com liquidez similar no seu banco, opte por ela. Eu não tenho. A literatura recomenda uma reserva de 1 a 6 meses de salário. Sugiro que analise a sua estabilidade para definir o quanto deve colocar aqui.

2) Plano de Previdência Complementar

Aconselho somente se for um que envolva coparticipação (a empresa que você trabalha deposita assim como você). É o meu caso.

No país, temos um histórico relevante de vários fundos que quebraram, mas a segurança que ele dá no caso de imprevistos envolvendo a sua saúde é bem importante, ao completar seu salário caso ganhe acima do teto do INSS. 

Há um risco, mas você administra de acordo com seu perfil de quanto botar do seu salário no final do mês. E este risco pode ser tratado pelo tópico a seguir...

3) Diversificação

No ótimo filme "A Grande Aposta" há uma frase que ilustra bem o que penso sobre investimentos: “As pessoas odeiam pensar sobre coisas ruins acontecendo; então, elas sempre subestimam sua probabilidade”.

Daí a importância de diversificar e tentar estar preparado para vários cenários, mesmo sabendo da nossa incapacidade de prever o futuro. Prever crises é muito difícil. O mais prudente é se preparar para quando algo ruim vier.

Há uma frase do mestre Warren Buffet que diz que quem diversifica demais não sabe o que está fazendo. Pode ser que esse seja o meu caso! Não calço nem o chinelo dele, que é um dos homens mais ricos do mundo. E você que deve estar lendo até agora não deve ser muito diferente de mim. Somos normais, Buffet é um gênio.

Baseado nessa premissa, penso todo mês sobre a diversificação da minha carteira. Nós precisamos pensar em prosperar nos investimentos, mas ainda mais importante para pessoas como a gente é mitigar risco! Por isso a necessidade de diversificar.

4) Renda Fixa (RF) x Renda Variável (RV)

É aqui o ponto chave da estratégia e mais polêmico. Adoto 70RF-30RV atualmente como objetivo. Pretendo reduzir pra 75RF-25RV quando fizer 40 anos e assim sucessivamente a cada 5 anos. O objetivo é que a exposição a risco reduza à medida que a idade for avançando.

Há uma vertente que aponta que você deve investir a sua idade em renda fixa (Ex: 35% em RF) e a diferença (considerando que vai viver até 100 anos) em renda variável (Ex: 75% em RV). Eu particularmente não pretendo arriscar tanto, mas isso vai do perfil de cada um.

Há recomendações de carteiras que recomendam um percentual de 5% a 10% a  em moeda forte (dólar), ouro e terrenos, como seguro pra crises que possam eclodir. Na minha visão é bom deixar algo para terrenos, que é o que pretendo fazer assim que tiver condições e achar uma oportunidade.

5) Minha alocação em RF

Dentro dos 70% de meta em renda fixa, atualmente tenho 65% em Tesouro IPCA e 35% em Tesouro Selic. Minha RF é Tesouro Direto, basicamente. Essa alocação pode ser ainda melhor diversificada, mas é o que tenho atualmente.

Há quem diga que não há garantia do FGC, mas se o país não puder honrar o compromisso de seus títulos soberanos, esse é o menor dos problemas que você deve estar encarando se isso vier a acontecer e mesmo com nossos problemas atuais, a possibilidade é bem remota.

Com o Tesouro Selic (ou LFT) você nunca perde dinheiro. Na pior das hipóteses você deixa de ganhar mais, ainda assim pode sacar sempre rendendo mais que a poupança. Há poucos meses a Selic estava em 14,25% e no momento que escrevo está em 13%. E ainda pode servir também como reserva de emergência por conta da sua ótima liquidez.

Com o Tesouro IPCA (ou NTN-B) você tem garantia de rendimentos reais, te protegendo da inflação (se levada até o vencimento do título), pois ele tem uma parte prefixada + IPCA (cheguei a pegar 7,4% +IPCA).

O mais legal é que essa parte "pré" pode te garantir um rendimento ainda maior se sacar antes num contexto de queda de juros, que vivemos atualmente. Ao mesmo tempo você pode perder se comprar e sacar no momento de uma alta de juros. Esse é o dinheiro que você coloca sabendo que não pode tirar numa emergência. Esse é o segredo: saber onde e quanto colocar em cada ativo.

Há títulos prefixados, como a LTN, que são bem recomendados nos últimos meses. Você ganha ainda mais com a queda da taxa de juros. Mas me sinto mais seguro com a carteira supracitada. Se for pra ter mais risco prefiro deixar pra Renda Variável.

Há opções de CDBs, LCIs, LCAs, etc. Mas meu banco nunca me deu uma decente. LCI a 80% do CDI com aplicação mínima de 10 mil contos não dá pra mim. Há opções melhores em corretoras.

6) Minha alocação em RV

É muito mais complexo.Vale um post seguinte só pra isso.


7) Resultados

Minha estratégia inicial foi definida em 2014. No início, minha exposição em RV era bem maior. Revi esse percentual pois percebi que estava passando do nível de risco que eu pretendia. Este são meus resultados (nominais) até então:

2014: -7,84%
2015: -8,45%
2016: 16,40%

Dá pra ver como o meu início foi bem negativo. Quem entra nessa tem que saber que sempre teremos altos e baixos. Tenho consciência que estou no início de uma longa caminhada.

8) Expectativas para 2017

Claro que não tenho bola de cristal. Mas creio que a queda de juros será forte e que chegaremos a juros de 1 digito até o final do ano. Essa queda crescente deve acarretar um crescimento da economia, dos resultados das companhias e consequentemente dos resultados em renda variável, claro se você estiver investindo em boas empresas.

O mais importante

O mais importante é que você reflita, veja outras opiniões, estude para assim ter mais conhecimento e definir seus próprios critérios para montar a sua própria carteira.

Recomendo que questione tudo que ler aqui e até você mesmo. Ter certeza de tudo sempre é algo muito perigoso, ainda mais em investimentos. Não há uma verdade absoluta. De tudo que aprendi, a única certeza que tenho é que preciso aprender muito mais ainda.

É por isso também que essa carteira não serve somente para esse ano, mas sim para todos os próximos. Sempre haverá um novo aprendizado, que vai implicar em algumas alterações na estratégia e alocações da carteira, mas seu objetivo e essência se manterão os mesmos.

Foque na sua estratégia. Se o que você leu até aqui puder te servir de base e orientação, ficarei feliz por isso. Mas sempre erre ou acerte pelas suas próprias ações.

Seguir suas próprias convicções (e por isso devemos estudar sempre) é muito importante. Falo por experiência própria que é muito mais suportável errar baseado em algo que você acredita do que no que outra pessoa te fez acreditar que era a verdade. Em resumo, não confie a ninguém o seu futuro