domingo, 8 de outubro de 2023

Carteira Zé Batalha 3T23: +10,71% no acumulado do ano - Crash à vista?

Quando comecei a redigir esse post no final de julho, era tanto otimismo que pensei em colocar como título "Agora niguém segura", "Agora vai decolar" ou algo assim... rs. Até então, eu tinha um rendimento acumulado de 13,52%! 

Apenas 2 meses depois, o caldo entornou e fechamos o acumulado no 3T22 em 10,71%. Não parece ser uma queda tão grande, ainda está bom, mas vejo muitos riscos no ar.

Foi até bom pra relembrar que a vida é dura, Zé Batalha

E o que fez as coisas piorarem assim?

1) Juros futuros americanos

Vimos uma disparada nos juros dos títulos públicos de longo prazo norte-americanos nos últimos tempos. No dia 3/10, os juros USA de 10 anos chegaram a 4,768%, o maior nivel dos ultimos 16 anos. O que costumar acontecer logo depois? 

Um CRASH, a não ser que "dessa vez seja diferente"...

3 das 4 maiores falências bancárias da história norte-americana ocorreram faz pouco tempo, quando esses juros chegaram a 4% (Silicon Valley Bank e outros).

Sempre que os juros chegaram nesses níveis houve quebradeira. Basta ver a história que um Minsky Moment parece se aproximar. E para completar os USA perderam seu AAA nesse trimestre.

2) A constante ameaça de recessão norte-americana

Todos davam como certa a recessão americana em 2023. Ela não ocorreu, mas pode ter sido postergada.

Desde 2002 não se tinha uma taxa de financiamento imobiliário tao grande quando agora, batendo acima de 7,5%, maior patamar desde dezembro de 2000. Taxas de cartão de créditos altissimas também.

Um indício de recessão forte pode desencadear uma forte liquidação nos ativos. Foi o que provocou a crise de 1987, quando um simples sinal de recessão derrubou todo o mercado.

3) Barril de petróleo nas alturas

A alta contínua dos preços do petróleo, que já beira os 100 dolares, deve contribuir para um aumento da inflação mundial e assim pressionar ainda mais a alta de juros.

4) Incertezas em relação ao fiscal brasileiro

No Brasil, a pressão externa desses títulos e a percepção do mercado de maior risco fiscal por aqui vêm empurrando o juro futuro BR para cima também. Até pouco tempo, o mercado esperava uma Selic na faixa de 9% ao fim do ciclo e agora espera algo acima de 10%.

Juros brasileiros não podem baixar tanto com esses juros norte-americanos altos. E isso limita bastante o potencial de alta da bolsa brasileira.

E somando isso tudo, temos a explicação do porque a bolsa caiu tanto nos últimos meses.


Agora, tentando ainda ser otimista:

Sempre que houve um período de corte de juros, sem fatores externos extraordinários (tipo pandemia) houve ao mesmo tempo uma situação em que a bolsa decolou. Aliado a isso, houve momentos em que a inflação esteve baixa (por ex: de 2017 a 2019 abaixo de 4,5%), bolsa decolou também. E se o problema que citei acima não for tão grave, estamos só no começo desse movimento. O último ciclo de cortes trouxe ao Ibovespa mais de três anos de alta.

Fonte: Nord

O Brasil vem batendo recordes de superavit, somos responsáveis por alimentar boa parte da população mundial, sendo o maior exportador de soja, carne bovina, algodão entre outras commodities e quanto mais isso ocorre, mais dolar entra no país e mais o real se valoriza frente ao dolar, o que aumenta a tendencia do dolar cair ainda mais. Além disso somos "exportadores de juros" o que também auxilia nesse movimento.

Por fim...

Seguimos na perseverança de sempre, e chegando na meta de 40% RF e 60% RV estabelecida. Focando só no que temos controle. Quanto ao que vai realmente acontecer, só nos resta aguardar.

Venha o que vier, Zé Batalha está preparado, sempre com a espada afiada.