sábado, 3 de setembro de 2022

Política - Desabafos e lições aprendidas II - 7 dicas para passar tranquilo e evitar tretas nessas eleições

Está e a segunda parte das reflexões que registrei durante esses anos tentando entender a política, conforme tratado no post anterior. Acabei aprendendo mais sobre o comportamento das pessoas que tende a se repetir, só mudando o time.

O que ainda me impressiona no que falo a seguir é o quão óbvio muitos desses itens são, mas como tantas pessoas não se dão conta disso.

1) NÃO LEVEM PRO PESSOAL QUANDO FALAREM MAL DO SEU CANDIDATO

Certas pessoas abraçam de tal forma seus candidatos que até mesmo uma pequena crítica a ele chega a ser encarada como uma ofensa pessoal! Aí o cara vai querer te provar, te contestar e justificar as ações dele com todas suas forças.

Para começar, seu candidato não sabe nem que você existe. E pior: há grandes chances que daqui há alguns anos ele esteja apertando a mão do adversário atual que você (e ele supostamente) tanto despreza. Os exemplos são inúmeros.

2) CONVENCER ALGUÉM A VOTAR IGUAL A TI NÃO VAI MUDAR O RESULTADO

Vamos dizer que você acabe sendo convencido pelo colega que diz que seu candidato X é o que o país precisa. O resultado da eleição não muda por ele ter conquistado apenas seu voto. Mas aparentemente para essa pessoa deve surgir uma satisfação incrível por ter ajudado o colega a "votar certo"...

Reflita sobre o quão pouco convencer alguém a votar no seu candidato muda matematicamente o resultado de uma eleição. A não ser que você seja um influencer que consiga mudar a mente de milhares de pessoas, o que não deve ser o seu caso, nem muito menos o meu com o alcance mínimo que tenho nas publicações. A sua postagem com um punhado de curtidas igual a minha não muda o país em nada, campeão. Talvez sirva só pra se sentir melhor mesmo.

Quando você vir pessoas tão ávidas de te convencer a votar em alguém, acredite: menos de 5% terão um beneficio imediato e os outros 95% (pasmem) acham que terão.

Penso que somos extremamente mais úteis para nós mesmos e para o nosso país ao tentar ser uma pessoa melhor, um profissional melhor, trabalhando e se capacitando (#PERSEVERANÇA), do que usando esse tempo para convencer alguém de algo sobre política.

3) OS "TENDENCIOSOS" E A LAMENTAÇÃO PELO QUE FAZEM COM O SEU CANDIDATO, UM "HERÓI PERSEGUIDO" 

O fanático sempre que vê qualquer coisa que questione seu candidato X ou elogie nem que seja um pouco o adversário Y irá considerar isso como tendencioso. Para ele, é tudo uma maligna conspiração para derrubar o cara que vai "salvar a nação".

A história mostra que pesquisas de voto não são 100% confiáveis mas ainda assim tem mais credibilidade do que a opinião de uma pessoa que só conversa com aqueles que concordam com ele. 

É ÓBVIO que se você está cercado de pessoas que só valorizam quem elogia o político X, essa situação te passará uma ideia que praticamente ninguém mais está pensando em votar em Y. Em resumo, a boa e velha análise de umbigo. Na rua do Cabo Daciolo eu tenho certeza que ele venceria no primeiro turno!

Ao mesmo tempo é ÓBVIO que o resultado da pesquisa eleitoral pessoal desta pessoa será bem diferente, como forma de demonstrar sua convicção e achando que isso conta em algo, ele até aposta em uma vitória no primeiro turno e vai jurar que houve fraude se seu candidato for derrotado.

É certo que na imprensa temos muitos veículos que até se auto declaram defensores de um lado, mas vejo muitos jornalistas que hoje são citados como eternos apoiadores de X que há poucos anos atrás estavam sendo massacrados pelos mesmos eleitores deste, sendo acusados de perseguição, da mesma forma como hoje os do adversário Y se revoltam.

Taleb em seus livros fala algo que chama de "empirismo ingênuo": "temos uma tendência natural a procurar por instâncias que confirmam nossa história e ideias". E hoje podemos encontrar na internet confirmação para praticamente qualquer coisa no mundo.

Zé Batalha recomenda: leia Taleb

4) O VOTO DE UMA PESSOA NÃO TORNA ELA INTELIGENTE SE FOR IGUAL AO SEU NEM MAIS BURRA SE FOR DIFERENTE

Pessoas pensam de forma diferente em relação a política, futebol, música, religião e tantas outras coisas. Assim é o mundo.

Mas o que me irrita mais é quando escuto coisas do tipo: "Poxa, você é tão inteligente mas vota em X". "Agora sei que você não tem 'inteligência política'". E o mais louco e contraditório é que no minuto seguinte essas mesmas pessoas estão defendendo a liberdade de expressão, mas se você não concordar com elas pode ser até desrespeitado ou ofendido.

5) A ADMIRAÇÃO POR ALGUÉM NÃO OBRIGA VOCÊ A VOTAR E PENSAR TOTALMENTE IGUAL A ELE

Normal a pessoa ter alguém que admire, seja no seu círculo pessoal ou alguém da mídia. Mas há quem diga simplesmente "Meu amigo Fulano (alguém legal e bem sucedido) é uma pessoa espetacular. Se ele vota em X, não pode estar errado. Como alguém poderia votar diferente?". Estou falando sério: já escutei isso. Essa é daquelas que não vale mais nem o resto da conversa.

Isso é terceirização de decisões, ou talvez chegue a ser até uma idolatria. Que tal ter sua própria opinião, pensar com seu cérebro e tecer sua própria ideia? Tudo bem que possa ser embasada em alguém que respeite ou admire, mas ninguém precisa concordar TOTALMENTE com essa pessoa, na verdade com ninguém. Tudo bem acreditar nas ideias de um partido/político mas não é por isso que você precisa defender TUDO que ele preconiza.

idolatria sucks

6) A IDEIA DO "TUDO OU NADA" - A EUFORIA OU O DESESPERO NO RESULTADO DE UMA ELEIÇÃO. 

Já falei em outros posts que a convicção absoluta em algo pode ser muito perigoso e daí vem a reflexão desse tópico.

Se me pedissem, eu daria apenas um conselho sobre tudo que já escrevi: Nunca tome decisões DRÁSTICAS baseada no cenário que um político eleito planeja, seja um cenário que sirva para o seu bem, quanto para o seu mal.

Já vi gente celebrando vitória de presidente e pouco tempo depois ser demitido por conta de uma crise econômica causada principalmente por decisões tomadas pelo dito cujo.

Já vi gente desesperada com vitória de presidente e em pouco tempo ser muito beneficiado por decisões tomadas pelo dito cujo.

Já vi gente preferir contrair juros maiores em financiamento imobiliário (e olha o quanto isso aumenta o endividamento) por questões de ideologia. Ela era tão crítica dos bancos privados que queria fazer "a sua parte" financiando num banco público mesmo com taxas maiores...

Decisões de vida e de investimentos totalmente pautadas em questões ideológicas ou políticas não costumam dar muito certo. Me impressiona o que já escutei e reforço, até de pessoas inteligentes.

O que sempre ocorre em toda eleição para presidente: o eleitor de X afirmar: "Se ele vencer tudo nesse país vai melhorar. Caso ele perca, nós vamos perder tudo que conquistamos", aí o país vai se acabar, inclusive sendo motivo para se mudar para outro país, continente, planeta ou galáxia.

O óbvio: de 80% a 90% do que fez essas pessoas estarem onde estão hoje se devem a uma combinação diversa de fatores, sendo que principalmente as suas atitudes na vida, e não aos 20%-10% decorrentes do político que venceu a eleição. A não ser é claro que a pessoa dependa diretamente de empregos ou dinheiro desses caras.

Daí mando de graça aqui uma ideia de negócio incrível para ano de eleição presidencial: venda especializada de passagens só de ida para fora do país no domingo de resultado final da eleição, dedicado a aqueles que se desesperam quando o seu candidato perde.

7) SEU CANDIDATO VAI TE DECEPCIONAR UM DIA, NÃO SE ENVERGONHE DE QUEM VOTOU

Não querendo defender essa galera, mas é muito difícil conseguir seus objetivos na política sem sujar as mãos por conta da própria natureza do sistema.

Por melhor que seu candidato seja, ele vai te decepcionar em algum momento, é claro. Nem nossos entes mais queridos estão livres disso, quanto mais os políticos.

Taí o único voto que certamente não vai te decepcionar...

Ainda tem quem goste de apontar o dedo na sua cara perguntando se não tem vergonha de votar errado.  Eu nunca senti isso na vida por tudo que já expliquei aqui. 

Outros tem uma sensação boa de mesmo que seu candidato perca, ter feito a "coisa certa" na urna, como se isso fosse valer algo depois, usando a tradicional camisa: "Não olhe pra mim, eu votei em X" 

CONCLUSÃO

Bom, é isso. Mais uma reflexão/desabafo. Relembro que muito do que questiono aqui foram erros que eu também já cometi, não só o que percebo nos outros.

E por fim, eu sei que é muito lindo a democracia. Sou muito grato por viver num país em que todos os votos tem o mesmo valor, seja do rico ou do pobre.

Contudo eu ainda acho que tinha que ser apenas um direito e não um dever. Quem quer vai lá e vota. Concordo que isso também não é o fim do mundo, claro que irei votar mas principalmente pra não criar problemas pra mim. Se essa é a regra do jogo, vou seguindo.

E para encerrar, pra não dizer que só falo de tristeza e chatice na política, um dos raros momentos de grande alegria na politica brasileira, o mano Suplicy :D

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