Essa é uma tentativa de fazer um podcast do Zé Batalha, um ZBcast. Então agora você pode escutar lavando a louça, dirigindo ou fazendo a barba, como eu pessoalmente faço ao consumir esse tipo de mídia.
Alguns colegas deram essa ideia. Resolvi encarar. Gostaria de saber o quanto de trabalho isso dá ainda levando em conta que vou tentar fazer da forma mais simples possível. Áudio e algumas imagens apenas.
Como já falei certa vez, acho que tenho uma melhor capacidade de ler e escrever do que falar. Com essa pandemia e meu isolamento acho que isso ainda ficou mais evidente. Quem sabe me ajude a falar melhor.
Vai ser uma nova experiência pra mim e ao mesmo tempo serve pra eu aprender um pouco como funciona essa parada. Como tudo nesse espaço, farei enquanto estiver animado pra isso. Se eu curtir, continuo.
Já tem um bocado de cara de paletó da Faria Lima falando bonito sobre esses assuntos. Vou tentar passar as ideias de um jeito bem mais diferente, de uma forma bem mais informal e até divertida.
E para começar vou explicar porque Google será a maior posição da CZB USA. Segue o ZBCAST:
Finalmente após a parte 1 e parte 2 termino essa série. Bom acabar logo mesmo e voltar pro foco principal do blog, pois esse assunto já deu... rs
Depois desse último desabafo, é nessa paz que vou viver
Sim, há muitas pessoas que se desenganaram com a política e eu sou uma delas. Sim, também sei que isso não resolve nada. Mas não podemos fugir de quem somos.
Minha maior dificuldade de falar sobre política hoje é ver como muitos acham que tudo isso é uma guerra do bem contra o mal, ao escolher um lado demoniza o outro.
Entristece ver o quanto de gente tem se desentendido ou deixado de falar com pai, mãe, amigo, parente, etc. só porque essa pessoa vota no político que ele tanto odeia. E esses políticos estão lá em cima se lixando pra gente.
É muito difícil entender como tantas pessoas celebram a vitória de um político como se tivessem ganhado na loteria (mesmo sem nenhum benefício direto) ou chegam a entrar em desespero (mesmo sem ter perdido nada).
Beira a insanidade depositar toda a fé, sonhos e esperança numa pessoa quando o que efetivamente muda a vida, caso se tenha o mínimo para sobreviver e batalhar, são as suas atitudes.
NÃO ARRANJE TRETA POR CAUSA DE POLÍTICA
Não é porque seu parente ou amigo vai votar diferente que você não deve mais gostar dele. O caráter de alguém não depende disso. Não é por isso que ele agora é uma má pessoa. Não o julgue por isso, ou pelo menos tente.
Muitos que me conhecem devem estranhar eu dizer isso pois saí de vários grupos de whatsapp (quase que um crime hoje em dia para muitos!) e evito algumas pessoas, mas digo de coração que não foi por pensarem diferente de mim. Foi simplesmente porque penso, como já falei no post anterior, que o problema pra mim não é você ser de esquerda ou direita, o problema é você ser chato.
Há muitas pessoas cheias de convicção que parecem ter uma grande necessidade de fazer os outros pensarem igual a elas e de mostrar que estão sempre com a razão. Seja o político que vai tornar "o país e o mundo melhor"; o seu time que é o melhor; a sua religião que é a única a te levar ao céu.
Já eu posso até discordar de você, mas nunca vou te perturbar ou questionar suas crenças por serem diferentes das minhas.
Há também aquela turma que não tem outro assunto, ainda mais em tempos de eleição. Gosto muito de conversar sobre futebol, mas se vejo que alguém não gosta de futebol eu não fico insistindo pra ela falar disso comigo.
Aí nesses casos realmente não vale a conversa, filho, como diria um mestre da região onde moro. Eu passo longe.
O problema é que hoje, qualquer mínimo elogio a um candidato já faz muitas pessoas te julgarem achando que você é partidário dele. Ou também: qualquer crítica feita a um faz as pessoas te julgarem como apoiador do adversário. É como se houvesse uma linha obrigatória separando a vida e te obrigando a escolher um deles.
A verdade é que ninguém é tão ruim que nunca tenha feito pelo menos algo de bom na vida, nem é tão perfeito que nunca tenha errado. Isso vale para pessoas e óbvio, para políticos também.
Acho que a pessoa pode sim defender seu candidato, mas quando não é capaz de encontrar nenhum ponto negativo, dizer que tudo contra ele é perseguição, aí a gente entra no perigoso terreno do fanatismo, e pra mim aí realmente NUNCA vale a conversa.
Que tal uma reflexão pra encerrar esse tópico: Será que todos esses milhões de pessoas que votam no candidato que você abomina são tão horríveis assim apenas por você discordar nesse ponto delas?
Só mais uma: Se lá no futuro acontecer alguma muito ruim comigo ou com o país por conta da eleição do candidato X, o voto que marquei na urna (seja X ou Y) não vai afetar em NADA seja a situação do país, seja a minha, para pior ou para melhor.
O QUE REALMENTE IMPORTA, NO QUE ACREDITO
Não querendo ser melhor que ninguém, mas acho que o fato de eu não ter muito dessa sensação de pertencimento me ajuda ver as coisas de forma mais clara, ao passar longe de quem só escuta o que um lado tem a falar.
Não é que eu seja descrente de tudo, mas só consigo sentir mais essa coisa de pertencer e se engajar em algo quando se trata de grupos menores: a equipe em que trabalho, o time que estou jogando no meu futebol, etc.
Pois aí entra o conceito da contribuição realmente efetiva de 1 jogador num time de 5 no futsal, de 1 colaborador numa equipe de 10 no meu trabalho. Aí eu certamente vou procurar dar o meu melhor para atingir o objetivo.
Também acredito muito em colaborações diretas a quem precisa: doações para moradores de rua, gente faminta, entre outros. Ali você está atuando diretamente no problema sem passar por tantos atravessadores.
ACREDITO MUITO NA PERSEVERANÇA
O Batalha Pai não teve muita oportunidade de instrução: só completou o ensino fundamental. Com isso, resolveu empreender: uma borracharia. A Batalha Mãe completou seus estudos mas não trabalhou mais fora depois que nasci pra cuidar de mim e ser dona-de-casa.
Nunca foram ricos (nem faziam questão de ser). Criaram o Zé Batalha, que estudou em escola pública. Só a faculdade foi particular e meus pais puderam pagar. Hoje sou concursado, trabalho numa empresa pública e graças a Deus, além da Sra Batalha e da Batalhinha filha, consigo dar uma ajuda financeira a meus pais.
Tanto meus pais como boa parte das pessoas dessa geração que conheço, passaram por dificuldades imensamente maiores do que eu e a grande maioria das pessoas da minha idade que está lendo isso aqui. E eles venceram.
Pegaram situações políticas e econômicas muito mais complicadas do que a gente. Pergunta pra eles se ficaram chorando, revoltados ou quiseram fechar a borracharia e desistir de tudo porque o candidato que eles votaram (quando puderam votar é claro) não venceu.
Não. Eles seguiram em frente.
Daqui pro fim da nossa vida teremos governos de direta, esquerda, de tudo que é "lado". A maioria vai decidir e vamos ter que aceitar, gostando ou não. Simples assim.
CONCLUSÃO: NÃO LEVE A POLÍTICA TÃO A SÉRIO
Como ouvi certa vez: "A política é um fenômeno de cima pra baixo. Não existe essa de 'vem pra rua', 'vamos nos unir', etc. ELES que têm a caneta na mão"
A perpetuação no poder é o único objetivo. Pode haver uma decisão tomada por eles que nos beneficie, mas não fizeram isso porque se preocupam com o povo, mas sim porque são incrivelmente hábeis para entender as regras do jogo e saber o que estrategicamente é vantajoso pra eles.
Os incentivos são inúmeros no Brasil para continuar nos cargos: dinheiro e poder, fora a roubalheira. E por isso muitas vezes são os piores que costumam chegar mais longe.
Mais uma vez: é tudo sobre escolhas. Sou muito feliz pelo nosso direito de votar, mas penso que não deveria ser um dever, ainda mais quando vejo as péssimas opções que costumamos ter na urna. Não prego que você deva se desiludir com a política como eu. Apenas que entenda que suas atitudes farão muito mais diferença no longo prazo.
E por fim, essa foi a minha escolha: acreditar naquilo que me propicie um maior alcance de efetivamente mudar algo.
Desabafo feito. E com isso concluo minhas reflexões e não pretendo nunca mais falar de política aqui.
Está e a segunda parte das reflexões que registrei durante esses anos tentando entender a política, conforme tratado no post anterior. Acabei aprendendo mais sobre o comportamento das pessoas que tende a se repetir, só mudando o time.
O que ainda me impressiona no que falo a seguir é o quão óbvio muitos desses itens são, mas como tantas pessoas não se dão conta disso.
1) NÃO LEVEM PRO PESSOAL QUANDO FALAREM MAL DO SEU CANDIDATO
Certas pessoas abraçam de tal forma seus candidatos que até mesmo uma pequena crítica a ele chega a ser encarada como uma ofensa pessoal! Aí o cara vai querer te provar, te contestar e justificar as ações dele com todas suas forças.
Para começar, seu candidato não sabe nem que você existe. E pior: há grandes chances que daqui há alguns anos ele esteja apertando a mão do adversário atual que você (e ele supostamente) tanto despreza. Os exemplos são inúmeros.
2) CONVENCER ALGUÉM A VOTAR IGUAL A TI NÃO VAI MUDAR O RESULTADO
Vamos dizer que você acabe sendo convencido pelo colega que diz que seu candidato X é o que o país precisa. O resultado da eleição não muda por ele ter conquistado apenas seu voto. Mas aparentemente para essa pessoa deve surgir uma satisfação incrível por ter ajudado o colega a "votar certo"...
Reflita sobre o quão pouco convencer alguém a votar no seu candidato muda matematicamente o resultado de uma eleição. A não ser que você seja um influencer que consiga mudar a mente de milhares de pessoas, o que não deve ser o seu caso, nem muito menos o meu com o alcance mínimo que tenho nas publicações. A sua postagem com um punhado de curtidas igual a minha não muda o país em nada, campeão. Talvez sirva só pra se sentir melhor mesmo.
Quando você vir pessoas tão ávidas de te convencer a votar em alguém, acredite: menos de 5% terão um beneficio imediato e os outros 95% (pasmem) acham que terão.
Penso que somos extremamente mais úteis para nós mesmos e para o nosso país ao tentar ser uma pessoa melhor, um profissional melhor, trabalhando e se capacitando (#PERSEVERANÇA), do que usando esse tempo para convencer alguém de algo sobre política.
3) OS "TENDENCIOSOS" E A LAMENTAÇÃO PELO QUE FAZEM COM O SEU CANDIDATO, UM "HERÓI PERSEGUIDO"
O fanático sempre que vê qualquer coisa que questione seu candidato X ou elogie nem que seja um pouco o adversário Y irá considerar isso como tendencioso. Para ele, é tudo uma maligna conspiração para derrubar o cara que vai "salvar a nação".
A história mostra que pesquisas de voto não são 100% confiáveis mas ainda assim tem mais credibilidade do que a opinião de uma pessoa que só conversa com aqueles que concordam com ele.
É ÓBVIO que se você está cercado de pessoas que só valorizam quem elogia o político X, essa situação te passará uma ideia que praticamente ninguém mais está pensando em votar em Y. Em resumo, a boa e velha análise de umbigo. Na rua do Cabo Daciolo eu tenho certeza que ele venceria no primeiro turno!
Ao mesmo tempo é ÓBVIO que o resultado da pesquisa eleitoral pessoal desta pessoa será bem diferente, como forma de demonstrar sua convicção e achando que isso conta em algo, ele até aposta em uma vitória no primeiro turno e vai jurarque houve fraude se seu candidato for derrotado.
É certo que na imprensa temos muitos veículos que até se auto declaram defensores de um lado, mas vejo muitos jornalistas que hoje são citados como eternos apoiadores de X que há poucos anos atrás estavam sendo massacrados pelos mesmos eleitores deste, sendo acusados de perseguição, da mesma forma como hoje os do adversário Y se revoltam.
Taleb em seus livros fala algo que chama de "empirismo ingênuo": "temos uma tendência natural a procurar por instâncias que confirmam nossa história e ideias". E hoje podemos encontrar na internet confirmação para praticamente qualquer coisa no mundo.
Zé Batalha recomenda: leia Taleb
4) O VOTO DE UMA PESSOA NÃO TORNA ELA INTELIGENTE SE FOR IGUAL AO SEU NEM MAIS BURRA SE FOR DIFERENTE
Pessoas pensam de forma diferente em relação a política, futebol, música, religião e tantas outras coisas. Assim é o mundo.
Mas o que me irrita mais é quando escuto coisas do tipo: "Poxa, você é tão inteligente mas vota em X". "Agora sei que você não tem 'inteligência política'". E o mais louco e contraditório é que no minuto seguinte essas mesmas pessoas estão defendendo a liberdade de expressão, mas se você não concordar com elas pode ser até desrespeitado ou ofendido.
5) A ADMIRAÇÃO POR ALGUÉM NÃO OBRIGA VOCÊ A VOTAR E PENSAR TOTALMENTE IGUAL A ELE
Normal a pessoa ter alguém que admire, seja no seu círculo pessoal ou alguém da mídia. Mas há quem diga simplesmente "Meu amigo Fulano (alguém legal e bem sucedido) é uma pessoa espetacular. Se ele vota em X, não pode estar errado. Como alguém poderia votar diferente?". Estou falando sério: já escutei isso. Essa é daquelas que não vale mais nem o resto da conversa.
Isso é terceirização de decisões, ou talvez chegue a ser até uma idolatria. Que tal ter sua própria opinião, pensar com seu cérebro e tecer sua própria ideia? Tudo bem que possa ser embasada em alguém que respeite ou admire, mas ninguém precisa concordar TOTALMENTE com essa pessoa, na verdade com ninguém. Tudo bem acreditar nas ideias de um partido/político mas não é por isso que você precisa defender TUDO que ele preconiza.
idolatria sucks
6) A IDEIA DO "TUDO OU NADA" - A EUFORIA OU O DESESPERO NO RESULTADO DE UMA ELEIÇÃO.
Já falei em outros posts que a convicção absoluta em algo pode ser muito perigoso e daí vem a reflexão desse tópico.
Se me pedissem, eu daria apenas um conselho sobre tudo que já escrevi: Nunca tome decisões DRÁSTICAS baseada no cenário que um político eleito planeja, seja um cenário que sirva para o seu bem, quanto para o seu mal.
Já vi gente celebrando vitória de presidente e pouco tempo depois ser demitido por conta de uma crise econômica causada principalmente por decisões tomadas pelo dito cujo.
Já vi gente desesperada com vitória de presidente e em pouco tempo ser muito beneficiado por decisões tomadas pelo dito cujo.
Já vi gente preferir contrair juros maiores em financiamento imobiliário (e olha o quanto isso aumenta o endividamento) por questões de ideologia. Ela era tão crítica dos bancos privados que queria fazer "a sua parte" financiando num banco público mesmo com taxas maiores...
Decisões de vida e de investimentos totalmente pautadas em questões ideológicas ou políticas não costumam dar muito certo. Me impressiona o que já escutei e reforço, até de pessoas inteligentes.
O que sempre ocorre em toda eleição para presidente: o eleitor de X afirmar: "Se ele vencer tudo nesse país vai melhorar. Caso ele perca, nós vamos perder tudo que conquistamos", aí o país vai se acabar, inclusive sendo motivo para se mudar para outro país, continente, planeta ou galáxia.
O óbvio: de 80% a 90% do que fez essas pessoas estarem onde estão hoje se devem a uma combinação diversa de fatores, sendo que principalmente as suas atitudes na vida, e não aos 20%-10% decorrentes do político que venceu a eleição. A não ser é claro que a pessoa dependa diretamente de empregos ou dinheiro desses caras.
Daí mando de graça aqui uma ideia de negócio incrível para ano de eleição presidencial: venda especializada de passagens só de ida para fora do país no domingo de resultado final da eleição, dedicado a aqueles que se desesperam quando o seu candidato perde.
7) SEU CANDIDATO VAI TE DECEPCIONAR UM DIA, NÃO SE ENVERGONHE DE QUEM VOTOU
Não querendo defender essa galera, mas é muito difícil conseguir seus objetivos na política sem sujar as mãos por conta da própria natureza do sistema.
Por melhor que seu candidato seja, ele vai te decepcionar em algum momento, é claro. Nem nossos entes mais queridos estão livres disso, quanto mais os políticos.
Taí o único voto que certamente não vai te decepcionar...
Ainda tem quem goste de apontar o dedo na sua cara perguntando se não tem vergonha de votar errado. Eu nunca senti isso na vida por tudo que já expliquei aqui.
Outros tem uma sensação boa de mesmo que seu candidato perca, ter feito a "coisa certa" na urna, como se isso fosse valer algo depois, usando a tradicional camisa: "Não olhe pra mim, eu votei em X"
CONCLUSÃO
Bom, é isso. Mais uma reflexão/desabafo. Relembro que muito do que questiono aqui foram erros que eu também já cometi, não só o que percebo nos outros.
E por fim, eu sei que é muito lindo a democracia. Sou muito grato por viver num país em que todos os votos tem o mesmo valor, seja do rico ou do pobre.
Contudo eu ainda acho que tinha que ser apenas um direito e não um dever. Quem quer vai lá e vota. Concordo que isso também não é o fim do mundo, claro que irei votar mas principalmente pra não criar problemas pra mim. Se essa é a regra do jogo, vou seguindo.
E para encerrar, pra não dizer que só falo de tristeza e chatice na política, um dos raros momentos de grande alegria na politica brasileira, o mano Suplicy :D