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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Preparando a Carteira Zé Batalha para 2022: O ano do Mad Max

"Calma... o ano de 2022 nem começou." Certamente, mas a preparação para os possíveis impactos na CZB já começou desde o semestre passado.

Pois tem um detalhe importante nessa história: será ano de eleição. Tento ser otimista e espero estar bem errado, mas com toda essa polarização creio que vai ser um saco, um período insuportável. 

Vão se preparando pois o ano do Mad Max deve ser tenso...

Falo isso já faz tempo com o meu chapa, que é gestor da CPM, mas...

Alguns acham que já começou...

Contudo não é sobre o ano ser legal ou não que vamos tratar aqui, e sim dos reflexos que toda essa turbulência pode causar na economia e nos nossos investimentos. Baseado nisso estou procurando posicionar a carteira para melhor suportar o que pode vir por aí. 

Tecnicamente nossa bolsa pode estar barata, mas já faz um tempo que diminui e hoje parei os aportes em ações, muito pelo fato da CZB já estar acima da meta de alocação nessa classe de ativos. O foco por um bom tempo tem sido e deve continuar sendo: renda fixa (no meu caso Tesouro SELIC), FIIs, e investimentos atrelados ao dólar.

COMO VAI FICAR A TAXA DE JUROS

O BACEN, cada vez mais hawkish, já praticamente jogou a toalha para o controle de inflação deste ano e vai lutar só por 2022 mesmo.

Já admite elevar a taxa Selic (hoje em 5,25%) para um patamar acima do neutro. Segundo a Escola Batalha de Economia ela deve fechar o ano acima de 8% com tudo que vem ocorrendo (e é muita coisa).

Falcão do BACEN levando os juros cada vez mais pro alto

IPCA tá lascando demais, muitos fatores que influenciam: combustíveis (barril do petróleo + OPEP) e dólar alto -> faz aumentar transporte público e frete dos produtos; commodities sobem junto com o dólar pois são cotadas nela -> isso incentiva o produtor a exportar e com a redução da oferta local o preço sobe ainda mais; para completar temos crise hídrica que influi na bandeira vermelha da energia mas também na produção de milho e soja, que são matéria-prima de rações que influenciam no preço das carnes. De bônus: a inflação de serviços vindo com tudo com a retomada e safras afetadas por geadas no centro-sul.

É tanta treta junta que até o xane se assustou

Daí já fica claro uma das minhas escolhas desde o início do ano: a boa e velha renda fixa no Tesouro Selic, que deve subir cada vez mais para tentar frear a inflação. Aqueles tempos de juros a 2% já se foram e não devem voltar tão cedo (se é que voltam).

Tesouro IPCA? Não ainda. Quero aguardar o momento que a expectativa da taxa de juros volte a ser de queda, algo que deve demorar. Pois assim posso ganhar tanto se manter o título até o vencimento como posso ganhar ainda mais no caso de vender o mesmo antes.

INVESTIMENTOS ATRELADOS AO DÓLAR

Ter ativos dolarizados não quer dizer torcer contra o país. Significa sim uma proteção para sua carteira além da possibilidade de estar em um mercado financeiro muito mais desenvolvido.

Claro que a supracitada alta da taxa Selic contribui para -> entrada de mais dinheiro no Brasil  -> consequentemente a valorização do real -> o que provocaria uma queda na cotação do dólar. Então, por que entrar nessa?

Exatamente pelo que falei no início: o 2022 turbulento que devemos ter, que deve fazer o real apanhar muito do dólar, compensando esse movimento contrário que deve vir pela alta da Selic. 

Na verdade antes mesmo do ano do Mad Max chegar, o real vive levando surras por conta desse cabaré que é o nosso cenário político...

Algo bom que ocorreu foi que a Dívida/PIB deve ficar na casa dos 80% ao invés dos 100% que eram esperados devido a uma recente melhora na arrecadação propiciada em boa parte pela inflação. Apesar do que descobri que tecnicamente esse valor deveria ser 95,7%, seguindo os critérios internacionais e não 88,4% conforme o último cálculo citado no vídeo lincado. Tudo isso devido a metodologia usada e nosso "histórico" de falconismos...

E quais as opções para investir em dólar? São várias, das quais destaco: bolsa estrangeira, criptomoedas (mas não muito), ou caso não queira ter trabalho de abrir conta em corretora do exterior, tem os nossos ETFs que replicam índices da bolsa americana (tipo IVVB11, etc.). Só não recomendaria os BDRs da nossa bolsa.

E por fim, se eu estiver bem errado em relação ao futuro e meu cenário não se concretizar, tenho a chance de ganhar com a alta da bolsa brasileira.

FIIs

Já fui fazendo posição em FIIs desde o 1º semestre. Com a recuperação da economia e a crescente redução das medidas restritivas (se Deus quiser) teremos um retorno aos shoppings e escritórios (nem que seja em parte neste caso), o que deve fazer os rendimentos mensais voltarem aos patamares de antes da pandemia.

Pode ser que a chance de comprar cotas mais baratas seja agora, pois no momento que as coisas estiverem normalizadas o preço deve ser bem maior. Pode ser que as cotas venham a cair ainda mais por conta do cenário nacional ou que venham a subir já que não devem mais tributar os rendimentos dos FIIs, ao contrário dos dividendos das ações (parece que vai ficar em 15%). Então parte da turma que investe pensando em renda passiva migraria das ações para os FIIs. Tudo pode ser...

CENÁRIO ATUAL

Uma vantagem que temos é que 95% da nossa população quer se vacinar, enquanto na Europa e EUA esse percentual fica em 60% a 70%. O que pode piorar (e Deus nos proteja disso) é o surgimento de variantes mais contagiosas que podem levar ao surgimento de novas mutações mais resistentes às vacinas.

As constantes tretas políticas e incertezas em relação às variantes puxaram para baixo as cotações em agosto. O cenário atual de inflação crescente puxa a taxa de juros para cima e com isso faz muitas pessoas venderem RV para voltar para RF. Muitos entraram na bolsa após ver a taxa de juros nas mínimas e talvez não estejam preparados para o cenário atual. 

Sobre as criptomoedas, penso que esse tipo de irracionalidade pode fazer elas subirem ainda mais.

Na sexta-feira passada teve Jackson Hole. O bom velhinho Jerome Powel anunciou que a festa continua, ou seja, os $120 bi mensais de estímulo ainda não serão reduzidos com o intuito de retornar a economia ao pleno emprego, pois acham que a inflação nos USA é temporária. Com isso os mercados  de lá se acalmaram muito e seguiram em alta.

Na CZB a gente continua reinvestindo os proventos e aportando o dinheiro que sobra, seguindo sempre a estratégia de alocação, independente do que vier: Mad Max, Thanos, White Walkers, Terceiro Impacto, Apocalipse Zumbi, etc. 

Venha o que vier, vocês não vão quebrar a harmonia do Zé Batalha

Mas nunca esqueça que essa pandemia foi mais que o suficiente para explicar a todos nós que não adianta se apegar totalmente a previsões, óbvio que incluindo as minhas. 

sábado, 5 de junho de 2021

IBOV nas máximas. Agora vai ou é só ilusão?

Encerramos uma semana de muita euforia com o IBOV de volta ao topo, mas será que tudo isso se justifica?

Zé Batalha analisando os dados...

Normal se animar um pouco, mas nunca fique eufórico. Já diria os mestres: "O que mata o homem é a empolgação".

O QUE HÁ DE POSITIVO?

Um dos maiores drivers de todo esse otimismo foi a alta na estimativa do PIB e isso é ótimo. 

O carry trade (captar a juros baixos para investir em um local com juros altos) voltou a ser interessante (diferencial aumentou) por conta da recente alta da Selic que deve aumentar ainda mais 0,75 na próxima reunião. 

Com isso o dólar tende a cair por conta da maior entrada de capital estrangeiro aqui. Esse movimento se provou mais forte que o problema fiscal, pelo menos nesse momento. 

Enquanto escrevo isso o dólar fechou a R$5,05, algo impensável a meses atrás. Será que dura essa queda? Espero que sim. Ajudaria a pressionar nossa inflação para baixo.

O QUE PODE FAZER TUDO PIORAR?

Sempre é bom lembrar que temos um desemprego em níveis muito elevados ainda. 

Haverá uma terceira onda? Quem sou eu pra adivinhar mas cheguei a dar isso quase como certo ao analisar o ritmo de vacinação. Só que hoje me questiono pois eu pensava que não iria me vacinar nem antes do 4º trimestre, pois estou no fim da fila (com toda razão, pois tenho 42 anos) mas já vejo previsões de que eu possa me vacinar já no mês que vem.

Será que esse ritmo de vacinação será o suficiente para evitar uma próxima onda? Ainda acho difícil mas Deus ajude que sim.

Há uma chance do país ter a maior seca em mais de 100 anos. Imagina se no momento em que a economia começar a sair do buraco, isso se confirmar. Seria como um "segundo meteoro". Um possível racionamento travaria o crescimento e o aumento no preço da energia poderia puxar mais a inflação para cima levando os juros na mesma leva.

Ameaça de inflação norte americana vem surgindo com frequência. O mestre Michael Burry já fala faz alguns meses dessa ameaça e já fez seus aportes se preparando pra isso e outras coisa mais....

Um cara que você deve escutar

Ele vivia mandando alertas na sua conta do Twitter mas a SEC calou o cara. Ele teve que apagar tudo e acho que até saiu da rede social. Pra quem quer conferir os arquivos basta conferir essa conta.

O que é diferente da situação atual em relação a 2008? Agora o dinheiro vai direto pra mão do peão ao contrário de 2008, quando era colocado na conta dos bancos. E os programas de incentivo continuam sendo aprovados, o que faz a ameaça ficar cada vez maior...

O QUE HÁ DE DIFERENTE?

Vi dados que apontam que o Brasil botou 8% do PIB em auxílio emergencial, o que fez a quantidade de pessoas em situação de pobreza extrema reduzir de 5,5% pra 1,7%. Era inevitável que isso provocasse um aumento na inflação local.

Coisas muito loucas também ocorrem lá fora. Nos EUA, algumas unidades do Mcdonalds estavam pagando 50 dólares só para o sujeito comparecer na entrevista e agora estão dando Iphone pra quem se mantiver no trabalho por 6 meses.

CARTEIRAS DECOLANDO

A CZB teve quedas fortes recentes por conta das cripto, mas a recuperação tem sido grande esses dias por conta da alocação em ações. Mais uma época boa para ostentar resultado de carteiras... rs

Citando carteiras de amigos e parentes com quem converso, vejo também que a CSB (Carteira Senhora Batalha), CPR e CPM também estão decolando. Tento ajudar com as minhas sugestões quando solicitadas, mas minha intenção principal é tentar poupar eles dos erros que cometi até então.

sábado, 29 de maio de 2021

Bitcoin e criptomoedas em geral: O que fazer? Há realmente uma bolha?

Há uma vertente de defensores do bitcoin que creem que esta pode ser uma reserva moderna de valor e proteção contra a inflação, e um ativo que anda separado do dia a dia dos problemas dos governos. Enquanto outros temem que seja uma bolha especulativa a caminho.

Será...?

A VISÃO DO ZÉ BATALHA

Penso que haverá um momento em que tudo isso vai estourar. Não diria que as criptomoedas vão se acabar, mas creio que poucas sobreviverão e aí eu certamente aposto que Bitcoin e Ethereum estariam entre elas e serão menos afetadas. E por isso elas estão presentes na CZB-Cripto. 

E quanto isso vai ocorrer? Não tenho a menor ideia e quem diz que sabe está mentindo. Penso que os Bancos Centrais vão continuar no processo de implantar suas CBDCs (moedas digitais) e os governos vão aumentar as restrições às cripto hoje existentes o que deve causar um forte impacto. E isso já ocorre faz um tempo.

Central Bank Digital Currencies

Antes desse dia chegar acho que a tendência continuará a ser de alta pois o que antes era coisa de nerd chegou no gosto dos grandes agentes do mercado financeiro, que entraram pra valer na onda. Quando isso ocorre por mais irracional que pareça o céu é o limite.

Mas o que me faz achar que todo esse movimento de alta é irracional? Eis uma pequena lista de apenas alguns dos absurdos que vemos hoje:

Ou eu sou muito velho ou tem muita coisa absurda acontecendo nesse meio. E parece que está só começando... 

O QUE PENSO FAZER

Como holder que sou não é do meu costume vender meus ativos com frequência.

Mas baseado nessa incerteza das cripto, eu quero ter resgatado e transformado pelo menos parte do que investi para usar em algo útil, como por exemplo para amortizar o meu financiamento imobiliário. 

Por exemplo, vamos dizer que eu tenha investido 1K em cripto que virou 10K hoje. Resgato 5K pra usar no mundo real. Se o negócio ficar ruim para as cripto como alguns dizem terei ganho 4K no fim da história. Se as cripto realmente mudarem o mundo e continuar valorizando me manterei ganhando, metade do que eu tinha antes, mas pelo menos terei usado algo no mundo real.

Vejo gente muito fera que até pouco tempo atrás não falava disso apostando que o negócio ainda vai mais longe, tipo o Stormer. Pois criptos (assim como commodities) são uma das poucas coisas que não conseguem ser inflacionadas pelos BCs.

BITCOIN x ESG

Creio que a maior ameaça para as crescentes altas do BTC e criptos em geral é essa onda ESG (Environmental, Social and Governance). 

Há uma onda forte em prol da ESG (e não vou entrar em detalhes aqui no quão válido isso é, pois é algo bem polêmico), principalmente do "E" de meio ambiente, que pode conter o crescimento e valorização do bitcoin por alegar que ele é um grande inimigo pois sua mineração acarreta um elevado consumo de energia no planeta.

As quedas recentes tem muito a ver com isso. Elon Musk (sempre ele) entrou apostando nas cripto e depois fala que o BTC vai acabar com a energia do mundo e que não vai mais aceitar esse tipo de transação pra vender seus Tesla. Pra completar a China aumenta as restrições e outros países devem fazer o mesmo.

POR FIM, O CENÁRIO ATUAL

No momento em que escrevo isto, a alta da Selic parece ser mais forte pra baixar o dólar do que o movimento de alta deste por conta da situação fiscal do país.

Algo que hoje parece bem provável é a chegada de uma inflação global em breve. Penso que uma boa forma de proteção são os FIIs e as cripto citadas acima. Claro que sempre lembrando de diversificar os investimentos.

sábado, 24 de abril de 2021

Alguém ficaria rico com ações da Magazine Luíza (MGLU3)? - ATUALIZAÇÃO: 14/01/2022

Essa é uma história de ficção que criei baseada em dados reais das ações da Magazine Luiza ao relembrar essa clássica imagem que coloquei em um antigo post:

Como muitos já sabem, este é um dos caso mais incríveis de valorização de um papel na nossa bolsa. Valia o equivalente a R$0,05 em outubro de 2015. Considerando o dia que escrevo esse post (18/4) vale R$22, ou seja, se multiplicou por 440 vezes.

CONTOS DO ZÉ BATALHA - SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA...

Nossa história começa então em outubro de 2015...

Imagina que 4 colegas ganharam num bolão da quina e resolveram aplicar 20 barão. Decidiram investir em ações.


Seguiram o conselho de outro colega para diversificar e então cada um dividiu por 4 esse capital e cada um fez um aporte de R$5 mil em MGLU3, 100 mil ações.

Sei que são várias coisas difíceis de ocorrer: 1) 4 colegas querendo investir ao invés de gastar toda a grana; 2) investir em AÇÕES em 2015; 3) escutar um bom conselho de diversificar o investimento logo de início. Poderia citar mais outras, contudo a história é minha... rs #PAZ 

Importante lembrar também que naquela época a situação da empresa era: prejuízo de R$65 milhões, dívida bruta/PL no topo em 2,75 e queda de 68% nos papéis aquele anoPraticamente ninguém acreditava nesse case. Certamente, uma aposta que poucos topariam.

Agora vamos conhecer quem são os 4 colegas:

  1. Chico, o trader mão de alface
  2. Maneu, o trader cabeça
  3. Zé Batalha, o holder que vos fala
  4. João Seguro, o holder xiita
Obs: Para a história ficar mais simples não vou considerar taxas, impostos, reinvestimento de possíveis proventos. Sinceramente não quero perder tempo com a exatidão dos números, mas a mensagem vai ser passada da mesma forma.

EPISÓDIO 1 - O APORTE E O FINAL DE ANO DE 2015

Todos os 4 compraram R$5.000,00 de MGLU3 como já citado, que ao final do ano valia R$7.000,00.

Chico, o trader mão de alface vende, embolsa os R$2.000 e vai gastar a grana no réveillon em Jericoacoara contando para todos a sua capacidade incrível de investidor e como ganhou 40% em poucos meses.

Os outros 3 colegas mantém a posição.

EPISÓDIO 2 - 2016 TERMINA E A APLICAÇÃO JÁ VALE R$41.000

Com um índice P/L de 26,81, Maneu (o trader cabeça) afirma que a ação está "cara", embolsa R$36.000 e conta pra todos no réveillon de Nova York como é um exímio investidor.

Os outros 2 mantém a posição. O Zé Batalha aqui nem pisca pois segue militarmente a sua filosofia de buy and hold.

EPISÓDIO 3 - 2017 TERMINA E A APLICAÇÃO JÁ VALE R$251.000

João Seguro, o holder xiita não se abala, mas o Zé Batalha começa ficar assustado em ver como multiplicou por 50 vezes seu investimento em pouco mais de 2 anos. 

Ele chega até a comentar com a Senhora Batalha que indaga porque não realiza logo o investimento para quitar o financiamento do nosso apartamento e ainda sobra pra fazer uma reforma.

A mão de enviar a ordem de venda do Zé Batalha começa a coçar...

EPISÓDIO 4 - 2018 TERMINA E A APLICAÇÃO JÁ VALE R$566.000

Quem acompanha a estratégia ZB de investimentos já me conhece mas mesmo com todo esse racional de investidor nem mesmo o Zé Batalha aguenta e vende sua posição embolsando R$561.000 e ATÉ ELE conta pra seus amigos na mesa de bar naquele super reveillón como multiplicou seu capital por 113x. Mas é claro que ele mente sobre o valor aplicado... rs

Zé Batalha lembrando dos conselhos do Batalha Pai: "Quem quer muito traz de casa"

O João Seguro, como bom holder xiita, mantem sua posição. Ele ri desse P/L de ação "cara" em 57,61

EPISÓDIO 5 - 2019 TERMINA E A APLICAÇÃO JÁ VALE R$1.218.000

O João Seguro só precisou de uma ação para vencer a corrida do milhão. Provavelmente comemora tomando a sua Brahma raiz na virada de ano.

EPISÓDIO 6 - 2020 TERMINA E A APLICAÇÃO JÁ VALE R$2.495.000

Lembra do Chico, o trader mão de alface? Ele consegue furar as medidas de isolamento pois faz questão de comemorar seu reveillón e toma uma cerveja num barzinho ilegalmente aberto na sua cidade natal, assistindo na TV a festa da virada virtual.

Aí ele vê uma propaganda da Magalu e então faz as contas de quanto dinheiro teria hoje se não tivesse vendido sua posição em 2015. Uma lágrima desce pelo seu rosto...

Chico mão de alface assistindo propaganda da Magazine Luiza

O João Seguro, o holder xiita, multiplicou por quase 500x o valor investido e ainda não vendeu. O P/L de 412,59 faz tempo que ele nem olha. A questão é: será que realmente existe gente assim ou já entramos num conto de ficção científica?

CONCLUSÃO

Para quem não conhece a história de MGLU, reforço: os valores citados acima são REAIS. Todos querem encontrar a próxima MGLU, mas a história é sempre mais complicada no mundo real.

Em 2015 eu já investia em ações mas muito dificilmente escolheria uma ação com esses fundamentos. Reforço que poucos escolheriam.

Arrisquei apostas de turnaround como RAIL e OIBR algum tempo depois, que poderia se enquadrar num caso parecido com o de MGLU mas seria um percentual de alocação tão pequeno que ficaria bem abaixo desses 5K investidos no conto.

Podemos ver como o perfil psicológico e comportamental do investidor é importante. Certamente muitas pessoas iriam vender cedo pra garantir o lucro ou comprar mais com as altas e não teriam tanto retorno.

E por fim, quem sou eu pra sacanear com o trader mão de alface. Não entendo nada de técnicas de trade. Vai que nesse período ele continuou comprando em bons momentos e embolsando. Também estamos falando de um papel que valorizou muito, algo raro.

Mas às vezes fico pensando... Creio que 70% das pessoas agiriam como o mão de alface. Venderiam logo pra garantir o lucro. E isso vai do perfil de cada um. Como falei, nem eu creio que conseguiria segurar por muito tempo.

Não questiono quem faz trade. A questão é fazer isso na louca, sem método, seguindo a dica do dia de qualquer um que aparecer.

Posso errar certamente na minha estratégia de holder, mas procuro seguir ela à risca. Se eu tiver de errar que seja pelas minhas percepções, a responsabilidade é minha. E exatamente pelo fato de querer mitigar os riscos que eu tenho estudado tanto sobre finanças e economia durante esses 8 anos da Carteira Zé Batalha. 

Mr Michael Burry curtiu essa história


PS: Seguindo sugestões dos leitores, vou manter o post atualizado com os valores no decorrer do tempo.

ATUALIZAÇÃO: 14/01/2022

João Seguro continua com seu investimento em MGLU3 que está valendo R$633.000 nesta data. Queda de cerca de 75% quando comparado ao último fechamento registrado neste conto, ao fim de 2020, quando valia R$2.495.000. Lembrando que ele colocou R$5.000 em outubro de 2015.

sábado, 20 de março de 2021

1 ano de Corona Crash - E o cenário atual: início de alta de juros

Mais de 1 ano desde que o mundo parou.

Ainda estamos nessa luta tentando sobreviver no meio dessa loucura

Mas seguindo o foco do blog vamos lembrar os vários circuit breakers ocorridos neste mesmo mês do ano passado.

Foram 6 ocorridos em 8 pregões, sendo que os piores dias de março foram:

  • 9: -12,2%
  • 11: -7,6%
  • 12: -14,8%
  • 16: -13,9%
  • 18: -10,3%

Lembro muito bem do dia 19/3/2020, início do lockdown onde moro. Vendi boa parte do que tinha em Tesouro IPCA para aportar em ativos de renda variável nessas quedas. 

Me planejei nos dias anteriores e passei a manhã desse dia realizando as operações. Essa postagem do ano passado resume bem o que fiz na época.

Vimos empresas excelentes como WEGE chegar a R$32. Hoje passa dos R$70. Mas claro que temos também casos como o de CIEL3 que chegou a R$4 nesse período e hoje flerta com os R$3,50.

Hoje os aportes em ativos de RV locais são bem mais calculados pois a margem de segurança não é tanta e a situação fiscal do país preocupa.

Deixei guardada essa sequência de prints de alguns ativos da CZB para relembrar a loucura que foram aqueles dias, no auge do corona crash.

09/03/2020


10/03/2020

11/03/2020

12/03/2020

13/03/2020

Uma das conclusões que tirei desses dias foi que quem não suporta ver tantas quedas no seu patrimônio talvez não deveria investir em renda variável, sob o risco de vender no desespero e perder muito dinheiro.

Não vendi nenhuma posição nessa época. Na verdade só não aportei em BRFS e VLID pois são as 2 que pretendo sair um dia.

Em relação aos FIIs, mesmo eles sendo menos suscetíveis à volatilidade, também ocorreram quedas enormes. Peguei BCFF11 a R$54,40 nessa época, sendo que hoje negocia próximo aos R$90. Nesse post eu tratei sobre o impacto do Corona Crash na CZB-FIIs também.


CENÁRIO ATUAL

Tivemos na última reunião do COPOM o aumento dos juros para 2,75% e já anunciado um aumento seguinte de mais 0,75% na próxima reunião.

Considero que o BC tem feito um bom trabalho até então mas muitos criticaram essa redução e manutenção de juros a 2% por tanto tempo.

Só o tempo dirá se o BC cometeu um grande erro ao fazer isso. Eu acho que ele agiu em tempo.


O mais importante ao comprar títulos de um país: yield (rendimento) e crescimento. Não temos nenhum dos dois hoje, e muito risco. O Brasil está muito longe de ser um país que pode se dar ao luxo de ter uma taxa de juros tão baixa e com juros reais (ao descontar a inflação) negativos.

O mais louco é que o mercado financeiro recebeu bem a notícia de uma alta de juros. A explicação é que o que realmente importa para ativos de renda variável não é a Selic atual, mas sim a taxa longa (de vários anos a frente) pois é essa que é usada nos cálculos de projeções e foi ela que começou a baixar após esse aumento da Selic.

Além disso a alta na Selic deve pressionar a cotação do dólar pra baixo, o que também vai ajudar a conter a inflação.

E a inflação tá TENSA...

A alta nos juros era certa. O mandato do BC é de comprometimento com o controle inflacionário, ao contrário dos EUA, que além disso precisa fomentar a redução do desemprego.

Mas acho que o que fez o BC aumentar 0,75% (e não os 0,5% que todos esperavam) já anunciando a próxima foi essa alta súbita nas taxas de juro americanas longas. O timing para essas ações é algo crítico, basta ver o que ocorreu em gestões anteriores do BC.

Se os juros americanos sobem, o Brasil e outros países precisa acompanhar. É fato.

E por que as treasures americanas longas subiram tanto?

Os USA deve voltar aos níveis pré-pandemia já no inicio do ano que vem graças a vacinação em massa (#invejabranca). 

Estima-se que em 2 anos apenas para recuperar os níveis de emprego sendo que na ultima grande crise  isso demorou uns 10 anos. Com a perspectiva de economia pujante a expectativa de inflação aumenta e com isso o motivo dos juros longos.

Apesar de Jerome Powell afirmar que ainda não há esse pensamento. Mas sem ele admitir está assim, imagina com a anuência dele.

E por fim é bom lembrar que com a alta dos juros, as dívidas soberanas ficam mais caras.

E foi assim que essas dívidas estavam ao final de 2020: Os EUA fecharam com 135% de dívida sobre PIB. Japão com 225%. China com 285%. Itália com 158%. Brasil com 90%.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Quais as reais chances de privatização?

Trabalho desde 2005 numa empresa pública de TI chamada Serpro, que consta na lista de privatizações, portanto o meu e o dos meus colegas de trabalho está na reta.

Mas como falei no post anterior foi necessário um pouco de coragem para cutucar esse vespeiro, portanto segue o disclaimer:

1) Pode parecer óbvio mas reforço que muitas coisas aqui são somente a minha opinião

2) Vou tentar ao máximo não fazer juízo de valor de político X ou Y, mas somente analisar os fatos sob meu ponto de vista, da forma que entendo como o mundo e o Brasil funcionam

3) Você tem todo direito de discordar dessa opinião (e isso é ótimo!) mas se o fizer nos comentários por favor tenha um mínimo de respeito



A VOLTA DO PLANO DE PRIVATIZAÇÕES

Já faz alguns anos que esse assunto vem entrando cada vez mais na pauta, algo natural tendo em vista a base em que se elegeu o atual governo, com uma pegada mais liberal. Se dependesse apenas do poder executivo praticamente tudo que fosse possível já estaria privatizado.

No começo se falava que só as estatais deficitárias seriam privatizadas para não agravar ainda mais as contas públicas tendo em vista que dependem de dinheiro da União. Depois falaram que as estatais lucrativas também seriam ótimas de vender pois são mais atrativas. 

Então me lembrei de algo bem óbvio que quando você quer fazer algo arruma um motivo e quando não quer arruma uma desculpa.

Quem já leu o que escrevo sabe que não sou a favor de intervenção estatal em excesso, mas é óbvio que sou contra a tudo que possa vir a prejudicar a qualidade do meu emprego e portanto não gostaria de ver a privatização dela. 

Tão óbvio quanto isso é que a minha opinião não vale de muita coisa no que o futuro reserva, mas este espaço aqui serve pra eu escrever o que penso para quem quiser ler.

O futuro da empresa que trabalho obviamente me preocupa, mas já faz um tempo que decidi tentar esquentar menos e entender melhor o cenário atual e o que pode vir por aí.

Zé Batalha analisando a situação e olhando para o futuro


O QUE OS FATOS RECENTES APONTAM

A vitória do governo na presidência da câmara e senado proporciona uma maior articulação política e com isso aumenta consideravelmente as chances de aprovação dos seus projetos, dentre eles as privatizações.

No que tange as empresas de TI, tivemos o recente posicionamento do STF que também ajuda a aumentar as chances de privatização. A decisão dispensa uma lei específica o que torna o processo bem mais simples.

Destacarei alguns trechos de uma entrevista que ouvi recentemente com o secretário de desestatização atual, Diogo Mac Cord, no podcast da Gazeta do Povo. Ele claramente afirma estar otimista com as privatizações, como não poderia deixar de ser na sua função.

Ele aponta um maior foco no projeto de privatização da Eletrobrás, que por sinal é a única privatização presente nos 35 projetos prioritários entregues pelo governo ao congresso.

Também é comentado que o senado hoje parece só ter interesse em aprovar a privatização da Eletrobrás com golden shares e o secretário é contra pois isso reduziria o valor de venda da empresa, sinal de uma posição que pode servir para outras estatais também.

Os próprios presidentes da câmara e senado não colocam a privatização como prioridade neste momento, mas sim aprovar o orçamento e medidas na luta contra a pandemia. 

Além disso, vejo autonomia do banco central, reforma tributária, administrativa, entre alguns outros projetos que devem ser tratados com maior importância que as privatizações. 


O CASO DAS ESTATAIS DE TI

Na entrevista, o secretário também foi muito claro ao dizer que as estatais de TI ainda estão em estudo. Preferiu não garantir nada ainda.

Até 30 de junho sai algo que creio que vai ser um divisor de águas de toda essa história: um diagnóstico completo de todas as estatais do governo e daí a conclusão do que deve ser privatizado/fechado ou não e os possíveis modelos.

O que não for privatizado a ideia é fazer o possível para deixar a estatal mais eficiente, focando em resultados, corte de custos, etc. Algo que eu particularmente já vejo sendo feito no Serpro e em outras estatais.

 

AS REAIS CHANCES

Desde o governo FHC creio que nunca tenha havido um cenário tão favorável para a aprovação de privatizações. 

Apesar das chances serem maiores a cada dia, não é algo tão simples de se fazer e o que tiver de acontecer não ocorre de um dia para o outro. 

O governo FHC obteve sucesso nesse aspecto. Chegou com a moral de ter criado o Plano Real, que resolveu um problema de muitos anos de inflação. Isso o fez ganhar muito apoio. 

O cenário hoje é diferente. E cada caso é um caso. Não é porque se conseguiu privatizar a empresa X que é garantia que a Y, Z e W o serão também.


AS MINHAS APOSTAS

O funcionalismo público tem um peso muito forte no congresso. O "Centrão" nunca foi liberal nem a favor do estado mínimo. Sempre foi importante para eles ter estatais para colocar os seus. 

As privatizações podem encarar resistência pois esses congressistas não querem perder sua influência em algumas estatais.

Creio que isso vem mudando aos poucos mas ainda temos muito dessa cultura. Ideias liberais nunca foram muito bem recebidas no país nem no congresso. Dentro do próprio governo há pessoas que só são liberais no discurso.

Também aposto que nesse não mandato presidencial pouca coisa deve ocorrer. 2022 já está bem aí. Além das coisas correrem devagar no Brasil, em ano de eleição pouca coisa acontece normalmente.

Em relação às estatais de TI

A minha aposta tendo em vista as características de Serpro/Dataprev é que ocorra no máximo uma abertura de capital, algo parecido com o que temos hoje na Telebrás. Eu ainda pago pra ver uma privatização completa.

Há particularidades em relação às estatais de TI que dificultam o processo tais como questões legais, confidencialidade de dados governamentais, entre outras.

Mas aí podemos questionar: abrir capital é privatizar? Pode ser, mas se for analisar por esse aspecto o BB está privatizado faz um século. Enquanto o controlador for o governo não acho que mude tanta coisa assim.

Outra coisa: ao contrário de outras estatais, não vejo como algo tão simples encontrar compradores. Ao contrário dos setores de energia e saneamento que enquanto você lê isso deve ter alguma sendo privatizada no mundo. Já é um modelo bem conhecido e utilizado.

Na verdade não vejo nem um caso parecido nessa área de TI, talvez o da Datamec, mas ela era muito menor que o Serpro.
 
Há boatos de big techs como Amazon ou Google que poderiam comprar as estatais de TI, mas basta analisar os modelos de negócios dessas empresas pra ver que não faz o menor sentido comprar, só se for pra fazer o mal mesmo...
 
A Ceitec já está bem encaminhada e essa eu aposto que nessa eles consigam fazer algo, mas é uma empresa muito pequena. Não dá pra comparar com o tamanho e importância de Serpro e Dataprev.


MAS SEMPRE É BOM LEMBRAR QUE...

Em 20 minutos tudo pode mudar, inclusive a minha visão... o congresso pode fazer um daqueles "acordos" e resolver começar a privatizar tudo o que for possível. 

Acho que todos nós sabemos como as coisas funcionam nesse país.

Só Deus sabe o que vai acontecer. Posso estar completamente errado na minha análise, mas essa é a minha visão hoje. Só resta aguardar...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Expectativas 2021 para o Mundo, Brasil e o Zé Batalha

Previsões servem pra pouca coisa. No final se você acerta as pessoas te acham incrível, mas a verdade é que não passa de sorte, pois são tantos eventos possíveis que nenhum ser humano tem esse poder de adivinhar por competência. 

Quem poderia prever o que aconteceu num ano louco como 2020? E já tem muitos tentando prever quanto vai bater o IBOV ou a próxima crise que claro, pode acontecer.

De qualquer forma acho importante ter ao menos um mínimo de planejamento. É o que tento fazer, mas tenho ciência da força do acaso, o que por sinal me faz lembrar um livro bacana que li ano passado: O andar do bêbado.

Então vamos lá. Ciente de tudo que já falei até então, ou seja, que nada disso pode acontecer, tratarei agora das expectativas para este ano, tendo em vista os fatos atuais.

CENÁRIO NACIONAL E MUNDIAL

Após tantas previsões que uma crise hedionda chegaria, finalmente surgiu uma mas não foram os déficits globais nem os juros negativos que todos esperavam. Estes só ficaram maiores. 

Nos EUA, temos indicadores hoje similares ao da crise das “.com” em 2000. O que não quer dizer que estamos em outra bolha pois tudo hoje é bem diferente: empresas de tecnologia já dão ótimos resultados há um bom tempo.

Você só sabe que existe uma bolha depois que ela estoura. Muitos falam isso porque não entraram no ativo enquanto observam ele subir demais.

A resposta pra todos os problemas já faz décadas é baixar os juros. Mas acho que chegamos num limite.

As expectativas de volta do crescimento se confundem com os riscos de crise de endividamento mundial. Nos EUA a Dívida/PIB saiu de 73% em 2008 para mais de 100% em menos de 10 anos. Tudo isso bem antes da pandemia.

Apesar dos keynesianos falarem que "no longo prazo todos estaremos mortos", aqui no Brasil creio que o risco de problemas por endividamento é ainda maior.

Sobre endividamento, eu fico com a pureza da resposta das crianças...

No Brasil

Há uma expectativa de retomada econômica, como não podia deixar de ser tendo em vista a acentuada queda que ocorreu em 2020. Mas uma retomada não quer dizer uma recuperação, pois para voltar aos melhores níveis que já tivemos deve demorar muito mais.

Acho que inflação não assusta tanto assim. As pressões inflacionarias devem cair com o desemprego e o fim dos estímulos, se é que eles vão ocorrer logo, pois há chances deles se estenderem por mais alguns meses. 

Isso por conta da continuidade da gravidade da pandemia, o que pode fazer tais estímulos serem necessários para a população mas vai fazer a dívida crescer ainda mais.

O BC abandonou o forward guidance, logo juros devem subir este ano para conter a inflação, mas acho que patamares de 2 dígitos ainda são bem improváveis.

Por conta disso acho difícil ver a bolsa render menos que a renda fixa no longo prazo. Se as empresas voltarem a ter crescimento de lucros, serão mais rentáveis que os juros e com isso as ações serão mais rentáveis que o CDI a longo prazo

Ativos promissores para 2021

Uma aposta quase unânime dos profissionais para o ano que vem é a alta das commodities, puxada pelo retorno do crescimento chinês, algo que pode beneficiar os emergentes, e portanto o Brasil. VALE saiu de R$60 em novembro passado para perto de R$100 esses dias.
 
Imóveis também tem boas chances de valorizar. Juros baixos e uma grande oferta ao crédito pelos grandes bancos, tendo em vista que é uma das formas deles ganharem mais dinheiro agora. Se os juros se mantiverem baixos esse movimento deve ir longe.

Ações de bancos e outros ativos mais seguros que não se valorizaram tanto em 2020 também podem entrar nessa festa. Isso explica muito das valorizações recentes na nossa bolsa.
 
Na CZB-Ações: VALE3, EZTC3 e ITUB3 podem se beneficiar desse cenário.

O mercado financeiro parece ter abraçado mesmo as criptomoedas. Algo que pode representar uma continuidade nas altas, ao mesmo tempo que algumas delas já estão no radar da SEC.

PROBLEMAS FISCAIS E ENDIVIDAMENTO

O maior problema que vejo é a questão fiscal, que está bem crítica aqui no Brasil. A dívida bruta do país saiu de 76% do PIB para mais de 90% em menos de um ano, e deve bater 100% em breve.

Esse problema de endividamento não é algo exclusivo do Brasil. Vários países desenvolvidos tem o mesmo problema como já falei, mas o caso deles é diferente.

Desde os anos 90 que dizem que o Japão vai quebrar e nada aconteceu. Tanto ele como os EUA tem um endividamento louco. O primeiro tem mais de 200% e o segundo mais de 100% do PIB. 

Mas ainda assim eles têm muito mais fôlego fiscal para aumentar sua dívida do que o Brasil. Enquanto nossa expectativa de taxa de juros daqui a 10 anos está perto de 8% hoje, a deles está na faixa de 0%. Alguma dúvida em quem o mundo confia mais?

Tivemos governos recentes com pegadas keynesianas estimulando gasto estatal achando que poderíamos gastar de forma similar a China para crescer de forma parecida.

Mas na China as coisas funcionam. A burocracia chinesa é baseada em meritocracia, eficiência e produtividade. Aqui, não. Nossas estradas, pontes, aeroportos e metrôs passam décadas para serem concluídas, (quando são concluídas), nossos hospitais sofrem falta de medicamentos e por aí vai...


Essa é a minha visão mas claro que há sempre um gráfico para "comprovar" o cenário que você aposta. 

NO PESSOAL E PROFISSIONAL

Há um assunto que por vezes me pego escrevendo mas acabo desistindo. Alguns colegas até sugeriram pra eu falar disso no blog.

É o maior medo em 11 de 10 funcionários de estatais: uma palavra que começa com PRI e termina com ZAÇÃO...

Acho que até sou capaz de fazer uma análise bem pragmática pois tento ao máximo não defender um grupo político ou ideológico. O Batalha Way of Life se trata de tentar ao máximo agir com racionalidade.

Mas a polarização está tão grande e chata hoje que procuro evitar falar disso pois sei onde pode parar, mas sei lá... quem sabe um dia eu resolva escrever sobre.

E por que falo disso aqui num post de expectativas? Porque, como funcionário de uma estatal, seria uma das poucas coisas que hoje poderia me afetar de forma considerável. Então vamos lá.

Melhor cenário

Ninguém privatiza nada nem interfere no dia a dia de trabalho do Zé Batalha 

Zé Batalha continua batalhando só esperando as próximas batalhas...

Pior cenário

Rola a privatização...

Ultraliberais, ancaps e escola austríaca de economia pegam o Zé Batalha pelo pescoço. Mas perceba em seu semblante que nada vai quebrar a harmonia dele.

Quanto mais analiso a questão mais otimista fico. Quanto mais persevero mais tranquilo eu fico. A única coisa que não tem mudado ano após ano é a perseverança do Zé Batalha.


Mas os batalhadores não se iludem. Esperam pelo melhor mas se preparam para o pior. Eles têm consciência do que é a vida, do que é o mundo, como diria o mestre Rocky Balboa:



sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Carteira Zé Batalha em 2020 - Um ano louco (+4,65%)

Após falar sobre A Batalha de 2020, venho agora falar sobre o lado financeiro e a boa e velha CZB.

Assim que a pandemia se iniciou e eu vi os vários circuit breakers foi essa a minha percepção sobre as chances da CZB sair no positivo esse ano conforme falei nesse post:


Só que para deixar o ano ainda mais louco a CZB teve um rendimento positivo de 4,65%, devendo ter empatado com a inflação do ano. Bem distante do resultado de 2019, mas tendo em vista as circunstâncias foi ótimo.

O DY da carteira (proventos mensais / patrimônio) deu 1,52% apenas, o mais baixo que já medi, fruto da Selic a 2% e do efeito da pandemia que comprometeu a distribuição de proventos de ações e FIIs. 

Analisando individualmente cada grupo:

Zé Batalha saindo de 2020 e refletindo sobre os resultados

Parte considerável dos ganhos se deve ao fato de no corona crash eu ter aportado em FIIs e ações a preços de banana. E vários desses ativos se valorizaram bem desde então.

Além disso em 2020 entrei em stocks/REITs e mesmo não pegando o melhor momento e entrando de forma modesta o câmbio e as altas crescentes contribuíram para o bom resultado.

É realmente de estranhar um mercado tão pujante em meio a uma pandemia, mas foram as injeções de dinheiro e redução de taxas de juros dos BCs que nos levaram a isso. 
 
Estou com os pés no chão por conta disso, principalmente em relação ao Brasil. Essa farra promovidas pelo BCs, mesmo que inevitável em alguns casos, está turvando a realidade econômica atual.
 
Isso pode dar problema lá no futuro, mas como diria Peter Lynch: "muito mais dinheiro foi perdido tentando prever a próxima crise do que com a própria crise".

E infelizmente tivemos mais uma década perdida. Um período que o PIB cresceu apenas 2,2%, enquanto o mundo cresceu 30%.

INVESTIMENTOS

Habilitei o aluguel automático na Rico. Na maioria das vezes dá pouco. Mas em alguns casos pode cobrir até o pagamento das taxas (que já baixaram muito também).

Até a Sra. Batalha começou sua carteira de ações em julho com a minha assessoria e está tendo um rendimento bem legal. 

AÇÕES (-2,41%)

Estrangeiros voltaram com tudo na nossa bolsa a partir de novembro aí puxaram tudo pra cima.
 
Novembro e dezembro foram bem positivos por conta desse rally. A CZB-Ações teve ganhos de 10,37% e 6,15% nestes meses.

CZB-Ações - Melhores e piores
Melhores: 1º OIBR3 [157,04%]; 2º WEGE3 [120,53%]; 3º VALE3 [70,47%]
Piores: 1º COGN3 [-59,49%]; 2º CIEL3 [-51,46%]; 3º CVCB3 [-46,72%]

FIIs (0,98%)


A diversificação da carteira propiciou um rendimento positivo, vencendo o IFIX que foi o pior investimento do ano.

CRIPTOS (359,59%)

A CZB-Cripto voltou a ter somente 3 ativos, pois me livrei de XLM e ADA. Era tão pouco que não valia nem o trabalho de acompanhar. Portanto a carteira hoje é composta de BTC, ETH e XRP.

Foi um ano bem incrível para as cripto. Lembrou 2017. A CZB-Cripto valorizou 55,88% só em novembro.

A Ripple não faz muitos meses foi destaque na tentativa de levar o XRP para o mundo das Moedas Digitais de BCs (CBDCs), mas aí acabou ganhando de "presente de natal" um processo bem grave da SEC, o que pode servir de alerta para outras cripto similares.

Desde então, o XRP tem desabado. Mesmo que vire pó, o que investi foi pouco levando em conta que sempre coloquei uma meta de 1% a 1,5% do total de criptos da carteira. Deixa rolar.

NOVA ABORDAGEM - CARTEIRA ZÉ BATALHA

Em 2021 não pretendo falar mais tanto assim sobre os resultados mensais ou trimestrais da CZB. Não que eu esteja decepcionado, na verdade está até em linha com o que planejei.

Esse é um campeonato com dezenas de rodadas. Não vale apena tomar um porre só porque seu time manteve a liderança empatando de 1x1 na sétima rodada. É algo parecido com a comemoração/lamentação por um resultado mensal ou anual.
 
Poucas coisas são mais sardinhas do que comemorar alta de cotação de ação... e eu já fiz muito isso...

O que vale mesmo é vencer o campeonato e pra quem investe pensando em um patrimônio constituído para uma aposentadoria mais tranquila isso demora bastante.

E se um dia eu conseguir meus objetivos eu não sou nem louco de dizer aqui. Talvez eu até fizesse isso se tivesse começado o blog no anonimato mas não o fiz.
 
Enfim, cada um tem o seu objetivo e suas condições de chegar até ele. O patrimônio definido como meta varia de acordo com as necessidades de cada um. 
 
Enquanto alguns moram sozinhos ou não tem filhos, outros precisam arcar com despesas para ajudar até mesmo os pais ou sogros. E na vida dos batalhadores ocorrem várias situações imprevistas que podem fazer seu patrimônio cair.
 
Portanto, pretendo falar mais dos ativos em si e menos dos resultados da CZB, sobre outras coisas relacionadas a investimento e economia, minha análises, etc.

Mas o acompanhamento da carteira continua até pra fazer as calibragens que sempre são necessárias de acordo com o meu perfil e estratégia de investidor.

Em breve, um post sobre as expectativas para 2021 
#PAZ

domingo, 15 de novembro de 2020

A revolução do PIX e a novela Cielo-Whatsapp x BACEN

Esses próximos dias serão muito importantes para o país. Mas se você me conhece sabe que não estou falando de eleição, mas sim aguardando a chegada do PIX, que promete ser uma revolução e iniciará oficialmente suas operações amanhã, dia 16/11.

O QUE É O PIX?

O PIX é uma nova plataforma onde bancos e fintechs poderão prover serviços de pagamento e transferência de valores de forma gratuita (para pessoa física), funcionando 24 x 7.
Para usar basta associar uma chave aos seus dados bancários, que pode ser: CPF, email ou telefone, por exemplo. Isso vai poupar a gente do trabalho que dá pra pegar banco, conta, agência e CPF toda vez que for transferir dinheiro pra alguém. É um saco. Além disso não vamos mais pagar as tarifas que ainda são cobradas pelos bancos tanto no caso de TED como de DOC (que não faz mais sentido agora).

Pra quem é de TI fica mais fácil entender o PIX vendo ele como um DNS da sua conta bancária real. Se você mudar de conta ou banco a pessoa que te transfere dinheiro não vai precisar saber.

Há um limite de 5 chaves e isso explica a concorrência dos bancos querendo você nessas últimas semanas pois eles não querem perder clientes para as fintechs. Ressuscitaram até a Ana Paula Arósio...

Você pode associar essas chaves a uma conta corrente, poupança ou carteira eletrônica, tais como Picpay e Mercado Pago. Por exemplo, você pode associar CPF pra o Santander, telefone pra Caixa e e-mail pra o Bradesco, etc. 

Segundo especialistas, a chave mais segura é o CPF, pois você nunca vai mudar até o fim da sua vida. Linha telefônica e conta de email a pessoa pode perder se for hackeada.

OS MAIORES IMPACTOS 

A transação é diretamente processada pelo nosso sistema de pagamentos, o que deve tornar tudo mais rápido. A segurança deve ficar por conta de cada instituição bancária.

Hoje um pagamento por cartão é feito assim: você passa o cartão -> credenciadora (maquininha) -> bandeira do cartão (VISA/MASTER etc) -> emissor (banco). A transação é aprovada e aí o caminho reverso é percorrido. O estabelecimento é cobrado por meio de uma taxa.

Com o PIX não há mais necessidade de percorrer todo esse caminho. Pode ficar ruim para as empresas de maquininhas (adquirentes), bandeiras de cartões e processadoras que ganham muito com essas transações.

Por outro lado o custo zero do PIX para pessoa física deve democratizar mais a utilização desses serviços pela população.

As fintechs passarão a contar com uma rede de aceitação muito maior, sejam bancos digitais (Nubank, Inter, Original) ou carteiras digitais (PagSeguro, PayPal, Mercado Pago, Apple Pay e PicPay), 

O PIX pode provocar o surgimento de outras empresas de tecnologia e serviços financeiros e a criação de novos modelos de negócio. Não há mais necessidade de criar uma plataforma própria para soluções financeiras, bastando somente uma API chamando o PIX.

O MAIOR VENCEDOR: O CONSUMIDOR

Abertura de mercado costuma quase sempre ser bom para o consumidor. O BACEN tem trabalhado pra isso com o intuito de gerar competitividade. E isso não vem de hoje. Tudo começou com a quebra do monopólio das maquininhas em 2009.

O estimulo de concorrência tende a diminuir os custos de transação. A adoção do PIX deve reduzir a informalidade, evasão de divisas e aumenta a rastreabilidade com a menor utilização do dinheiro em espécie.

Os pagamentos digitais serão muito mais práticos. O lojista pode gerar o QR Code para o cliente pagar na hora. Seria o fim do boleto (pra mim uma ótima notícia) e do cartão de débito? 

O crédito será pouco afetado pelo menos no momento. A população usa muito o parcelamento.

Mas já está nos planos do BC uma versão de pagamento pré-datado do PIX, permitindo parcelamento, prevista para julho de 2021, o que afetaria consideravelmente o mercado de cartões de crédito.

Nessa live do Serpro pude obter ainda mais detalhes com a turma que desenvolve o sistema. Eu só fui saber agora mas o BC até tem conta no Github

As possibilidades que se abrem com o PIX são inúmeras. Já se fala de usar a plataforma para o FGTS digital, pagamento de energia pré-paga com a ANEEL, liberação imediata da energia via IOT pelo relógio do registro, e há ideias até de pagamento QR Code sem conexão internet para 2021. 

Em 2024 se projeta a compra de imóveis via PIX, que dependeria de um blockchain de registro das transações. Creio que seria quase impossível de implementar pois tem muita gente grande que faria oposição a isso mas seria o primeiro passo no grande sonho da população de acabar com os cartórios.

IMPACTO NO E-COMMERCE

Cheguei a ver em outra live com um dos cabeças do projeto algo incrível: metade dos boletos emitidos no país não são pagos!

Com isso o E-Commerce também deve se beneficiar. No Brasil fala-se que há casos de empresas que em momentos de promoção, tipo uma Black Friday, covardemente compram todo o estoque do concorrente no boleto (e claro que não pagam) só para inviabilizar as vendas dele.

Agora a loja pode fazer um desconto de 12% no PIX por exemplo.

O QUE EU ACHAVA ALGUNS MESES ANTES

Aí você deve pensar depois de tudo isso: esse cara é fã de carteirinha do PIX desde o início do ano.

Mas a motivação de toda essa pesquisa foi o dia que vi o BACEN suspendendo a plataforma de pagamentos via whatsapp da Cielo, o que achei na época um grande absurdo. 

Fiquei até postando coisa em rede social "revoltadinho" (talvez por ter ações da Cielo, o que torna minha atitude ainda mais idiota... rs) achando que ia mudar o mundo...

A impressão que tive é que o Brasil continuava punindo quem tenta ser competente e inovador, apesar de que eu até acho que isso ainda ocorre com frequência.

Pensei no esforço que foi feito pela empresa para lançar esse produto, que o BACEN suspendeu por não ser capaz de lançar o PIX antes.

99% da população que tem smartphone tem o whatsapp instalado. Seriam mais de 100 milhões de beneficiados num momento crítico, em plena pandemia. Imagina pedir o seu lanche pelo whatsapp e já pagar direto pelo aplicativo com segurança.

Mas depois de tudo que pesquisei desde então para ter uma opinião mais embasada me veio uma lembrança das maiores reflexões da filosofia Zé Batalha



Hoje em dia muitos tem o costume de opinar, e não há nada de errado nisso. Eu mesmo sou um exemplo disso com esse blog. 

A questão é a convicção com que você fala algo precisa ser calculada pois em boa parte das vezes não temos todos as informações necessárias referentes a aquilo que a gente critica

O QUE ME FEZ MUDAR DE IDEIA

O whatsapp precisa de alguém conectado ao SPB, no caso a Cielo. Diante de tudo que expliquei, o PIX vai ser muito importante pois o próprio whatsapp deve se conectar à plataforma posteriormente. Inclusive o próprio Roberto Campos Neto, presidente do BACEN, já afirma que o Whatsapp Pay será aprovado em breve.

A ideia do PIX é transferir de um celular pra outro sem depender de banco ou aplicativo. Ninguém deve ser obrigado a ter o whatsapp instalado e isso é ótimo.

Na China o Ali Pay e WeChat Pay tem mais de 1 bi de usuários, quase que um monopólio do mercado. A intenção do BACEN foi exatamente evitar isso. O Whatsapp Pay começaria com dezenas de milhões de usuários no Brasil e poderia inviabilizar a futura adoção do PIX.

REAL DIGITAL NO FUTURO?

O PIX é um grande passo para a adoção futura do Real digital. É algo que o BACEN já vem se preparando desde agora.

Há uma demanda que precisa ser atendida e as nações já se deram conta. Na Europa a Christine Lagarde já fala de estudos para um Euro digital.



O Brasil continua sendo um das maiores em tecnologia bancária no mundo. Creio que o PIX vai ser muito bom para o país.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Carteira Zé Batalha de FIIs - Impacto da Pandemia de Covid-19

Conforme prometido, ao final do post sobre a CZB de FIIs, venho relatar os impactos do Corona Crash nesta carteira.

COMPLEMENTANDO - RISCOS DOS FIIs

Completando o que falei no post anterior, ao investir em renda variável, sempre é bom lembrar dos riscos, por isso recomendo bastante as seguintes referências:

1) Nesse post no fórum do Bastter, há uma longa discussão sobre riscos dos FIIs, com gente muito capacitada opinando

2) Um ótimo vídeo com o professor Andre Bacci sobre a possibilidade de chamada de capital:

Resumindo: não temos nenhum caso reportado de chamada de capital, ou seja: o pior caso, quando você além de perder tudo que investiu, fica obrigado a ajudar no pagamento dos prejuízos porventura ocasionados. Poucos sabem disso, mas isso pode ocorrer em fundos de investimento multimercado...

Mas, estamos no Brasil. Vai que alguma decisão judicial louca determine algo assim para os FIIs. Ainda assim há a chance de você ver o problema antes e vender suas cotas.

Baseado em tudo que pesquisei e principalmente no parecer dos especialistas das fontes que citei, eu acho muito improvável. O fato de investir em FIIs muito sólidos mesmo que não paguem um DY tão alto me deixa mais confortável.

QUEDA DOS RENDIMENTOS NA PANDEMIA

Vimos no auge da pandemia que muitos FIIs tiveram que reduzir ou até suspender o pagamento dos dividendos mensais.

Colocando por base o mês de janeiro, a queda chegou a 48% em maio. Os shoppings foram terrivelmente afetados. Logística foi o que menos sofreu.

O que mostra mais uma vez a importância de uma carteira diversificada com bons ativos.

O gráfico abaixo mostra como ficou a situação do pagamento de dividendos mensais da CZB de FIIs. Estou considerando a soma dos rendimentos por cota de cada um dos 10 FIIs presentes na carteira que mostrei no post anterior.


Começamos o gráfico da CZB-FIIs em fevereiro com um valor de R$7,29. Vemos que chegou a cair 43,07% em maio quando bateu R$4,15. Chegou no nível mais baixo em agosto (queda de 44,58%) pois esse foi o mês que FIGS não pagou nada e XPML pagou somente R$0,03 por cota. Ambos de shoppings.

LIÇÕES APRENDIDAS 

Dizem que os inteligentes aprendem com os próprios erros e os sábios com os erros dos outros. Vamos tentar ser sábios.

Antes da pandemia eu vi formador de opinião que vendeu tudo que tinha para ficar 100% alocado em FIIs para viver somente dos rendimentos deles, sendo que tinha mais de 70% alocado em shoppings...

Imagino como estava a cabeça dessa galera no auge da pandemia com uma redução tão drástica dos rendimentos mensais dos shoppings ainda mais quando não havia nem estimativa de um retorno das atividades destes. 

Tinha até gente usando FII como reserva de emergência!

Tem muita gente que investe em FIIs confiando apenas no VP (Valor Patrimonial) sendo que este é calculado somente no final do ano e não é lá muito preciso ainda mais num momento como o que vivemos agora.

PERSPECTIVAS

FIIs de logística devem crescer junto com o e-commerce. Parece algo inevitável. Talvez este seja o único segmento resiliente nessa pandemia.

Shoppings devem sofrer por mais tempo. Mas um dia essa pandemia acaba. 

Muitos afirmam que FIIs de escritórios e lajes corporativas devem ser bem afetados por um bom tempo também. Até entendo mas não dá pra imaginar que todos irão passar a vida toda trabalhando de home office.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Carteira e Análises - Zé Batalha - 3º Trimestre de 2020 - As incertezas de sempre...

CENÁRIO ATUAL

Foi um trimestre no qual descobrimos até que dá pra perder dinheiro em Tesouro Selic, por conta da dificuldade de rolagem da dívida que não ocorria desde 2002. Eu particularmente não sabia que ele podia render negativo em alguns momentos.

Apple, Amazon, Facebook e Google chegaram a valer mais de 5 tri, o PIB do Japão, terceira maior economia do mundo. Tesla chegou a gerar 25 bi de market cap num dia (20/8)...

Quando a gente vê coisas desse tipo é pra ficar com as barbas de molho mesmo. Tudo continua muito estranho.

O maior risco que vejo hoje para o Brasil é o elevado aumento de gastos do governo fazer a situação fiscal descontrolar de vez, causando grandes problemas no futuro. Não faz muito tempo, 2015/2016, tivemos a maior recessão da história no país por motivos similares.

No gráfico abaixo dos profissionais da Verde Asset vemos que o Brasil tem uma das maiores dívidas e também foi um dos que mais gastou na pandemia. 
 

Nossa dívida bruta pode passar de 100% do PIB em breve. Desde 1999, estamos resolvendo nossos problemas fiscais aumentando a carga tributária, mas ninguém aguenta mais aumento de imposto. 

Se a produtividade do país fosse das melhores as coisas poderiam até ser diferentes, mas na prática estamos longe disso.

A DÚVIDA DE SEMPRE: JUROS

A pergunta que não quer calar: como vai ficar a situação dos juros pelo mundo.

Quando a inflação aumenta, juros são elevados para tentar segurar ela. Estamos com taxas baixíssimas, algo nunca antes visto. 

A inflação bateu 0,64% em setembro, a tendência é de alta, mas creio que em um futuro próximo as coisas tendem a se ajustar. A elevada injeção de dinheiro na economia causou muitas anomalias.

Já o FED diz que leva essa situação de juro praticamente zero até 2023 aceitando inflação levemente acima de 2% em prol da queda do desemprego, pois eles têm mandato duplo, algo que não temos aqui.

Mas e no Brasil como fica? Estamos com apenas 2% agora mas juros longos cada vez mais altos.

Juros de 50%
Por incrível que pareça já foi assim


CZB - 3T20 - ONDE INVESTIR NESSE CENÁRIO?

A CZB acumula perdas de 4,02% no ano, sendo que a carteira de ações (-16%) está um pouco menos ruim que o IBOV (-18,20%) e a carteira de FIIs bem menos ruim (-2,73%) que o IFIX (-12,59%). Setembro manteve o padrão do trimestre de não ser um mês muito bom pra quase todos investimentos. 

Acho que é hora de pisar um pouco no freio em renda variável pois já não temos mais tanta margem de segurança nesse momento. As boas empresas da bolsa não estão mais baratas como na época do corona crash.

Sei da minha incapacidade de afirmar com certeza se um ativo está caro ou barato. Mas é óbvio que quanto mais barato você compra a ação de uma empresa, maior a sua margem de segurança. E sempre que possível é o que tento.

Beleza então, vamos pra renda fixa pós-fixada, só 2% de Selic ao ano?

Ou alguém topa levar ao vencimento IPCA para 2026 pagando apenas 2,97% + inflação? Mesmo sabendo que se tiver que vender antes do vencimento vai perder uma boa grana tendo em vista que nossos juros não tem mais outro caminho senão o de alta?

Acho que nessas horas em que tudo é tão incerto, muitas vezes a melhor coisa é não fazer nada, ou melhor, deixar na Selic ou até na poupança mesmo. É muito pouco, mas dado a situação...

OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS...

Eleições americanas devem definir o caminho dos ativos. Independente de quem ganhe eu acho que as ações de tecnologia mesmo bem valorizadas ainda tem muito espaço pra subir.

Será que o mercado vai se assustar quando ver o rombo fiscal do governo americano? Um aumento de impostos para cobrir esse rombo vai fazer os lucros das empresas e por consequência as ações caírem junto.

E gostando ou não: um dia ruim na bolsa americana é um dia ruim nas bolsas do mundo todo.

CHEGOU A HORA DOS IMÓVEIS?

Chance de fuga para ativos reais diante de juros baixos que podem se beneficiar de um cenário de inflação.

Por isso creio que seja um bom momento para comprar imóveis. Nós nunca tivemos e não sei se teremos num futuro recente uma oportunidade de juros tão baixos para financiamento imobiliário. 

Os grandes bancos estão oferecendo taxas da ordem de 6 a 7,5% ao ano se você receber seu salário por ele. Há cerca de 3 anos com muita luta contratei meu financiamento com uma taxa de quase 10%.

A Caixa teve R$ 11 bilhões contratados para financiamento habitacional somente no mês de junho. Conversei com um corretor que teve no mês de maio o recorde de vendas na sua profissão em 10 anos.

E se você parar pra pensar, com juros tão baixos, percentualmente são poucos no país que se sentem confortáveis de investir em renda variável. Faz muito sentido que essa parcela da população invista em imóveis, algo bem tradicional aqui.



"Hoping for the best, prepared for the worst"