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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Expectativas 2021 para o Mundo, Brasil e o Zé Batalha

Previsões servem pra pouca coisa. No final se você acerta as pessoas te acham incrível, mas a verdade é que não passa de sorte, pois são tantos eventos possíveis que nenhum ser humano tem esse poder de adivinhar por competência. 

Quem poderia prever o que aconteceu num ano louco como 2020? E já tem muitos tentando prever quanto vai bater o IBOV ou a próxima crise que claro, pode acontecer.

De qualquer forma acho importante ter ao menos um mínimo de planejamento. É o que tento fazer, mas tenho ciência da força do acaso, o que por sinal me faz lembrar um livro bacana que li ano passado: O andar do bêbado.

Então vamos lá. Ciente de tudo que já falei até então, ou seja, que nada disso pode acontecer, tratarei agora das expectativas para este ano, tendo em vista os fatos atuais.

CENÁRIO NACIONAL E MUNDIAL

Após tantas previsões que uma crise hedionda chegaria, finalmente surgiu uma mas não foram os déficits globais nem os juros negativos que todos esperavam. Estes só ficaram maiores. 

Nos EUA, temos indicadores hoje similares ao da crise das “.com” em 2000. O que não quer dizer que estamos em outra bolha pois tudo hoje é bem diferente: empresas de tecnologia já dão ótimos resultados há um bom tempo.

Você só sabe que existe uma bolha depois que ela estoura. Muitos falam isso porque não entraram no ativo enquanto observam ele subir demais.

A resposta pra todos os problemas já faz décadas é baixar os juros. Mas acho que chegamos num limite.

As expectativas de volta do crescimento se confundem com os riscos de crise de endividamento mundial. Nos EUA a Dívida/PIB saiu de 73% em 2008 para mais de 100% em menos de 10 anos. Tudo isso bem antes da pandemia.

Apesar dos keynesianos falarem que "no longo prazo todos estaremos mortos", aqui no Brasil creio que o risco de problemas por endividamento é ainda maior.

Sobre endividamento, eu fico com a pureza da resposta das crianças...

No Brasil

Há uma expectativa de retomada econômica, como não podia deixar de ser tendo em vista a acentuada queda que ocorreu em 2020. Mas uma retomada não quer dizer uma recuperação, pois para voltar aos melhores níveis que já tivemos deve demorar muito mais.

Acho que inflação não assusta tanto assim. As pressões inflacionarias devem cair com o desemprego e o fim dos estímulos, se é que eles vão ocorrer logo, pois há chances deles se estenderem por mais alguns meses. 

Isso por conta da continuidade da gravidade da pandemia, o que pode fazer tais estímulos serem necessários para a população mas vai fazer a dívida crescer ainda mais.

O BC abandonou o forward guidance, logo juros devem subir este ano para conter a inflação, mas acho que patamares de 2 dígitos ainda são bem improváveis.

Por conta disso acho difícil ver a bolsa render menos que a renda fixa no longo prazo. Se as empresas voltarem a ter crescimento de lucros, serão mais rentáveis que os juros e com isso as ações serão mais rentáveis que o CDI a longo prazo

Ativos promissores para 2021

Uma aposta quase unânime dos profissionais para o ano que vem é a alta das commodities, puxada pelo retorno do crescimento chinês, algo que pode beneficiar os emergentes, e portanto o Brasil. VALE saiu de R$60 em novembro passado para perto de R$100 esses dias.
 
Imóveis também tem boas chances de valorizar. Juros baixos e uma grande oferta ao crédito pelos grandes bancos, tendo em vista que é uma das formas deles ganharem mais dinheiro agora. Se os juros se mantiverem baixos esse movimento deve ir longe.

Ações de bancos e outros ativos mais seguros que não se valorizaram tanto em 2020 também podem entrar nessa festa. Isso explica muito das valorizações recentes na nossa bolsa.
 
Na CZB-Ações: VALE3, EZTC3 e ITUB3 podem se beneficiar desse cenário.

O mercado financeiro parece ter abraçado mesmo as criptomoedas. Algo que pode representar uma continuidade nas altas, ao mesmo tempo que algumas delas já estão no radar da SEC.

PROBLEMAS FISCAIS E ENDIVIDAMENTO

O maior problema que vejo é a questão fiscal, que está bem crítica aqui no Brasil. A dívida bruta do país saiu de 76% do PIB para mais de 90% em menos de um ano, e deve bater 100% em breve.

Esse problema de endividamento não é algo exclusivo do Brasil. Vários países desenvolvidos tem o mesmo problema como já falei, mas o caso deles é diferente.

Desde os anos 90 que dizem que o Japão vai quebrar e nada aconteceu. Tanto ele como os EUA tem um endividamento louco. O primeiro tem mais de 200% e o segundo mais de 100% do PIB. 

Mas ainda assim eles têm muito mais fôlego fiscal para aumentar sua dívida do que o Brasil. Enquanto nossa expectativa de taxa de juros daqui a 10 anos está perto de 8% hoje, a deles está na faixa de 0%. Alguma dúvida em quem o mundo confia mais?

Tivemos governos recentes com pegadas keynesianas estimulando gasto estatal achando que poderíamos gastar de forma similar a China para crescer de forma parecida.

Mas na China as coisas funcionam. A burocracia chinesa é baseada em meritocracia, eficiência e produtividade. Aqui, não. Nossas estradas, pontes, aeroportos e metrôs passam décadas para serem concluídas, (quando são concluídas), nossos hospitais sofrem falta de medicamentos e por aí vai...


Essa é a minha visão mas claro que há sempre um gráfico para "comprovar" o cenário que você aposta. 

NO PESSOAL E PROFISSIONAL

Há um assunto que por vezes me pego escrevendo mas acabo desistindo. Alguns colegas até sugeriram pra eu falar disso no blog.

É o maior medo em 11 de 10 funcionários de estatais: uma palavra que começa com PRI e termina com ZAÇÃO...

Acho que até sou capaz de fazer uma análise bem pragmática pois tento ao máximo não defender um grupo político ou ideológico. O Batalha Way of Life se trata de tentar ao máximo agir com racionalidade.

Mas a polarização está tão grande e chata hoje que procuro evitar falar disso pois sei onde pode parar, mas sei lá... quem sabe um dia eu resolva escrever sobre.

E por que falo disso aqui num post de expectativas? Porque, como funcionário de uma estatal, seria uma das poucas coisas que hoje poderia me afetar de forma considerável. Então vamos lá.

Melhor cenário

Ninguém privatiza nada nem interfere no dia a dia de trabalho do Zé Batalha 

Zé Batalha continua batalhando só esperando as próximas batalhas...

Pior cenário

Rola a privatização...

Ultraliberais, ancaps e escola austríaca de economia pegam o Zé Batalha pelo pescoço. Mas perceba em seu semblante que nada vai quebrar a harmonia dele.

Quanto mais analiso a questão mais otimista fico. Quanto mais persevero mais tranquilo eu fico. A única coisa que não tem mudado ano após ano é a perseverança do Zé Batalha.


Mas os batalhadores não se iludem. Esperam pelo melhor mas se preparam para o pior. Eles têm consciência do que é a vida, do que é o mundo, como diria o mestre Rocky Balboa:



sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Carteira Zé Batalha em 2020 - Um ano louco (+4,65%)

Após falar sobre A Batalha de 2020, venho agora falar sobre o lado financeiro e a boa e velha CZB.

Assim que a pandemia se iniciou e eu vi os vários circuit breakers foi essa a minha percepção sobre as chances da CZB sair no positivo esse ano conforme falei nesse post:


Só que para deixar o ano ainda mais louco a CZB teve um rendimento positivo de 4,65%, devendo ter empatado com a inflação do ano. Bem distante do resultado de 2019, mas tendo em vista as circunstâncias foi ótimo.

O DY da carteira (proventos mensais / patrimônio) deu 1,52% apenas, o mais baixo que já medi, fruto da Selic a 2% e do efeito da pandemia que comprometeu a distribuição de proventos de ações e FIIs. 

Analisando individualmente cada grupo:

Zé Batalha saindo de 2020 e refletindo sobre os resultados

Parte considerável dos ganhos se deve ao fato de no corona crash eu ter aportado em FIIs e ações a preços de banana. E vários desses ativos se valorizaram bem desde então.

Além disso em 2020 entrei em stocks/REITs e mesmo não pegando o melhor momento e entrando de forma modesta o câmbio e as altas crescentes contribuíram para o bom resultado.

É realmente de estranhar um mercado tão pujante em meio a uma pandemia, mas foram as injeções de dinheiro e redução de taxas de juros dos BCs que nos levaram a isso. 
 
Estou com os pés no chão por conta disso, principalmente em relação ao Brasil. Essa farra promovidas pelo BCs, mesmo que inevitável em alguns casos, está turvando a realidade econômica atual.
 
Isso pode dar problema lá no futuro, mas como diria Peter Lynch: "muito mais dinheiro foi perdido tentando prever a próxima crise do que com a própria crise".

E infelizmente tivemos mais uma década perdida. Um período que o PIB cresceu apenas 2,2%, enquanto o mundo cresceu 30%.

INVESTIMENTOS

Habilitei o aluguel automático na Rico. Na maioria das vezes dá pouco. Mas em alguns casos pode cobrir até o pagamento das taxas (que já baixaram muito também).

Até a Sra. Batalha começou sua carteira de ações em julho com a minha assessoria e está tendo um rendimento bem legal. 

AÇÕES (-2,41%)

Estrangeiros voltaram com tudo na nossa bolsa a partir de novembro aí puxaram tudo pra cima.
 
Novembro e dezembro foram bem positivos por conta desse rally. A CZB-Ações teve ganhos de 10,37% e 6,15% nestes meses.

CZB-Ações - Melhores e piores
Melhores: 1º OIBR3 [157,04%]; 2º WEGE3 [120,53%]; 3º VALE3 [70,47%]
Piores: 1º COGN3 [-59,49%]; 2º CIEL3 [-51,46%]; 3º CVCB3 [-46,72%]

FIIs (0,98%)


A diversificação da carteira propiciou um rendimento positivo, vencendo o IFIX que foi o pior investimento do ano.

CRIPTOS (359,59%)

A CZB-Cripto voltou a ter somente 3 ativos, pois me livrei de XLM e ADA. Era tão pouco que não valia nem o trabalho de acompanhar. Portanto a carteira hoje é composta de BTC, ETH e XRP.

Foi um ano bem incrível para as cripto. Lembrou 2017. A CZB-Cripto valorizou 55,88% só em novembro.

A Ripple não faz muitos meses foi destaque na tentativa de levar o XRP para o mundo das Moedas Digitais de BCs (CBDCs), mas aí acabou ganhando de "presente de natal" um processo bem grave da SEC, o que pode servir de alerta para outras cripto similares.

Desde então, o XRP tem desabado. Mesmo que vire pó, o que investi foi pouco levando em conta que sempre coloquei uma meta de 1% a 1,5% do total de criptos da carteira. Deixa rolar.

NOVA ABORDAGEM - CARTEIRA ZÉ BATALHA

Em 2021 não pretendo falar mais tanto assim sobre os resultados mensais ou trimestrais da CZB. Não que eu esteja decepcionado, na verdade está até em linha com o que planejei.

Esse é um campeonato com dezenas de rodadas. Não vale apena tomar um porre só porque seu time manteve a liderança empatando de 1x1 na sétima rodada. É algo parecido com a comemoração/lamentação por um resultado mensal ou anual.
 
Poucas coisas são mais sardinhas do que comemorar alta de cotação de ação... e eu já fiz muito isso...

O que vale mesmo é vencer o campeonato e pra quem investe pensando em um patrimônio constituído para uma aposentadoria mais tranquila isso demora bastante.

E se um dia eu conseguir meus objetivos eu não sou nem louco de dizer aqui. Talvez eu até fizesse isso se tivesse começado o blog no anonimato mas não o fiz.
 
Enfim, cada um tem o seu objetivo e suas condições de chegar até ele. O patrimônio definido como meta varia de acordo com as necessidades de cada um. 
 
Enquanto alguns moram sozinhos ou não tem filhos, outros precisam arcar com despesas para ajudar até mesmo os pais ou sogros. E na vida dos batalhadores ocorrem várias situações imprevistas que podem fazer seu patrimônio cair.
 
Portanto, pretendo falar mais dos ativos em si e menos dos resultados da CZB, sobre outras coisas relacionadas a investimento e economia, minha análises, etc.

Mas o acompanhamento da carteira continua até pra fazer as calibragens que sempre são necessárias de acordo com o meu perfil e estratégia de investidor.

Em breve, um post sobre as expectativas para 2021 
#PAZ