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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Expectativas 2021 para o Mundo, Brasil e o Zé Batalha

Previsões servem pra pouca coisa. No final se você acerta as pessoas te acham incrível, mas a verdade é que não passa de sorte, pois são tantos eventos possíveis que nenhum ser humano tem esse poder de adivinhar por competência. 

Quem poderia prever o que aconteceu num ano louco como 2020? E já tem muitos tentando prever quanto vai bater o IBOV ou a próxima crise que claro, pode acontecer.

De qualquer forma acho importante ter ao menos um mínimo de planejamento. É o que tento fazer, mas tenho ciência da força do acaso, o que por sinal me faz lembrar um livro bacana que li ano passado: O andar do bêbado.

Então vamos lá. Ciente de tudo que já falei até então, ou seja, que nada disso pode acontecer, tratarei agora das expectativas para este ano, tendo em vista os fatos atuais.

CENÁRIO NACIONAL E MUNDIAL

Após tantas previsões que uma crise hedionda chegaria, finalmente surgiu uma mas não foram os déficits globais nem os juros negativos que todos esperavam. Estes só ficaram maiores. 

Nos EUA, temos indicadores hoje similares ao da crise das “.com” em 2000. O que não quer dizer que estamos em outra bolha pois tudo hoje é bem diferente: empresas de tecnologia já dão ótimos resultados há um bom tempo.

Você só sabe que existe uma bolha depois que ela estoura. Muitos falam isso porque não entraram no ativo enquanto observam ele subir demais.

A resposta pra todos os problemas já faz décadas é baixar os juros. Mas acho que chegamos num limite.

As expectativas de volta do crescimento se confundem com os riscos de crise de endividamento mundial. Nos EUA a Dívida/PIB saiu de 73% em 2008 para mais de 100% em menos de 10 anos. Tudo isso bem antes da pandemia.

Apesar dos keynesianos falarem que "no longo prazo todos estaremos mortos", aqui no Brasil creio que o risco de problemas por endividamento é ainda maior.

Sobre endividamento, eu fico com a pureza da resposta das crianças...

No Brasil

Há uma expectativa de retomada econômica, como não podia deixar de ser tendo em vista a acentuada queda que ocorreu em 2020. Mas uma retomada não quer dizer uma recuperação, pois para voltar aos melhores níveis que já tivemos deve demorar muito mais.

Acho que inflação não assusta tanto assim. As pressões inflacionarias devem cair com o desemprego e o fim dos estímulos, se é que eles vão ocorrer logo, pois há chances deles se estenderem por mais alguns meses. 

Isso por conta da continuidade da gravidade da pandemia, o que pode fazer tais estímulos serem necessários para a população mas vai fazer a dívida crescer ainda mais.

O BC abandonou o forward guidance, logo juros devem subir este ano para conter a inflação, mas acho que patamares de 2 dígitos ainda são bem improváveis.

Por conta disso acho difícil ver a bolsa render menos que a renda fixa no longo prazo. Se as empresas voltarem a ter crescimento de lucros, serão mais rentáveis que os juros e com isso as ações serão mais rentáveis que o CDI a longo prazo

Ativos promissores para 2021

Uma aposta quase unânime dos profissionais para o ano que vem é a alta das commodities, puxada pelo retorno do crescimento chinês, algo que pode beneficiar os emergentes, e portanto o Brasil. VALE saiu de R$60 em novembro passado para perto de R$100 esses dias.
 
Imóveis também tem boas chances de valorizar. Juros baixos e uma grande oferta ao crédito pelos grandes bancos, tendo em vista que é uma das formas deles ganharem mais dinheiro agora. Se os juros se mantiverem baixos esse movimento deve ir longe.

Ações de bancos e outros ativos mais seguros que não se valorizaram tanto em 2020 também podem entrar nessa festa. Isso explica muito das valorizações recentes na nossa bolsa.
 
Na CZB-Ações: VALE3, EZTC3 e ITUB3 podem se beneficiar desse cenário.

O mercado financeiro parece ter abraçado mesmo as criptomoedas. Algo que pode representar uma continuidade nas altas, ao mesmo tempo que algumas delas já estão no radar da SEC.

PROBLEMAS FISCAIS E ENDIVIDAMENTO

O maior problema que vejo é a questão fiscal, que está bem crítica aqui no Brasil. A dívida bruta do país saiu de 76% do PIB para mais de 90% em menos de um ano, e deve bater 100% em breve.

Esse problema de endividamento não é algo exclusivo do Brasil. Vários países desenvolvidos tem o mesmo problema como já falei, mas o caso deles é diferente.

Desde os anos 90 que dizem que o Japão vai quebrar e nada aconteceu. Tanto ele como os EUA tem um endividamento louco. O primeiro tem mais de 200% e o segundo mais de 100% do PIB. 

Mas ainda assim eles têm muito mais fôlego fiscal para aumentar sua dívida do que o Brasil. Enquanto nossa expectativa de taxa de juros daqui a 10 anos está perto de 8% hoje, a deles está na faixa de 0%. Alguma dúvida em quem o mundo confia mais?

Tivemos governos recentes com pegadas keynesianas estimulando gasto estatal achando que poderíamos gastar de forma similar a China para crescer de forma parecida.

Mas na China as coisas funcionam. A burocracia chinesa é baseada em meritocracia, eficiência e produtividade. Aqui, não. Nossas estradas, pontes, aeroportos e metrôs passam décadas para serem concluídas, (quando são concluídas), nossos hospitais sofrem falta de medicamentos e por aí vai...


Essa é a minha visão mas claro que há sempre um gráfico para "comprovar" o cenário que você aposta. 

NO PESSOAL E PROFISSIONAL

Há um assunto que por vezes me pego escrevendo mas acabo desistindo. Alguns colegas até sugeriram pra eu falar disso no blog.

É o maior medo em 11 de 10 funcionários de estatais: uma palavra que começa com PRI e termina com ZAÇÃO...

Acho que até sou capaz de fazer uma análise bem pragmática pois tento ao máximo não defender um grupo político ou ideológico. O Batalha Way of Life se trata de tentar ao máximo agir com racionalidade.

Mas a polarização está tão grande e chata hoje que procuro evitar falar disso pois sei onde pode parar, mas sei lá... quem sabe um dia eu resolva escrever sobre.

E por que falo disso aqui num post de expectativas? Porque, como funcionário de uma estatal, seria uma das poucas coisas que hoje poderia me afetar de forma considerável. Então vamos lá.

Melhor cenário

Ninguém privatiza nada nem interfere no dia a dia de trabalho do Zé Batalha 

Zé Batalha continua batalhando só esperando as próximas batalhas...

Pior cenário

Rola a privatização...

Ultraliberais, ancaps e escola austríaca de economia pegam o Zé Batalha pelo pescoço. Mas perceba em seu semblante que nada vai quebrar a harmonia dele.

Quanto mais analiso a questão mais otimista fico. Quanto mais persevero mais tranquilo eu fico. A única coisa que não tem mudado ano após ano é a perseverança do Zé Batalha.


Mas os batalhadores não se iludem. Esperam pelo melhor mas se preparam para o pior. Eles têm consciência do que é a vida, do que é o mundo, como diria o mestre Rocky Balboa:



terça-feira, 13 de outubro de 2020

Carteira e Análises - Zé Batalha - 3º Trimestre de 2020 - As incertezas de sempre...

CENÁRIO ATUAL

Foi um trimestre no qual descobrimos até que dá pra perder dinheiro em Tesouro Selic, por conta da dificuldade de rolagem da dívida que não ocorria desde 2002. Eu particularmente não sabia que ele podia render negativo em alguns momentos.

Apple, Amazon, Facebook e Google chegaram a valer mais de 5 tri, o PIB do Japão, terceira maior economia do mundo. Tesla chegou a gerar 25 bi de market cap num dia (20/8)...

Quando a gente vê coisas desse tipo é pra ficar com as barbas de molho mesmo. Tudo continua muito estranho.

O maior risco que vejo hoje para o Brasil é o elevado aumento de gastos do governo fazer a situação fiscal descontrolar de vez, causando grandes problemas no futuro. Não faz muito tempo, 2015/2016, tivemos a maior recessão da história no país por motivos similares.

No gráfico abaixo dos profissionais da Verde Asset vemos que o Brasil tem uma das maiores dívidas e também foi um dos que mais gastou na pandemia. 
 

Nossa dívida bruta pode passar de 100% do PIB em breve. Desde 1999, estamos resolvendo nossos problemas fiscais aumentando a carga tributária, mas ninguém aguenta mais aumento de imposto. 

Se a produtividade do país fosse das melhores as coisas poderiam até ser diferentes, mas na prática estamos longe disso.

A DÚVIDA DE SEMPRE: JUROS

A pergunta que não quer calar: como vai ficar a situação dos juros pelo mundo.

Quando a inflação aumenta, juros são elevados para tentar segurar ela. Estamos com taxas baixíssimas, algo nunca antes visto. 

A inflação bateu 0,64% em setembro, a tendência é de alta, mas creio que em um futuro próximo as coisas tendem a se ajustar. A elevada injeção de dinheiro na economia causou muitas anomalias.

Já o FED diz que leva essa situação de juro praticamente zero até 2023 aceitando inflação levemente acima de 2% em prol da queda do desemprego, pois eles têm mandato duplo, algo que não temos aqui.

Mas e no Brasil como fica? Estamos com apenas 2% agora mas juros longos cada vez mais altos.

Juros de 50%
Por incrível que pareça já foi assim


CZB - 3T20 - ONDE INVESTIR NESSE CENÁRIO?

A CZB acumula perdas de 4,02% no ano, sendo que a carteira de ações (-16%) está um pouco menos ruim que o IBOV (-18,20%) e a carteira de FIIs bem menos ruim (-2,73%) que o IFIX (-12,59%). Setembro manteve o padrão do trimestre de não ser um mês muito bom pra quase todos investimentos. 

Acho que é hora de pisar um pouco no freio em renda variável pois já não temos mais tanta margem de segurança nesse momento. As boas empresas da bolsa não estão mais baratas como na época do corona crash.

Sei da minha incapacidade de afirmar com certeza se um ativo está caro ou barato. Mas é óbvio que quanto mais barato você compra a ação de uma empresa, maior a sua margem de segurança. E sempre que possível é o que tento.

Beleza então, vamos pra renda fixa pós-fixada, só 2% de Selic ao ano?

Ou alguém topa levar ao vencimento IPCA para 2026 pagando apenas 2,97% + inflação? Mesmo sabendo que se tiver que vender antes do vencimento vai perder uma boa grana tendo em vista que nossos juros não tem mais outro caminho senão o de alta?

Acho que nessas horas em que tudo é tão incerto, muitas vezes a melhor coisa é não fazer nada, ou melhor, deixar na Selic ou até na poupança mesmo. É muito pouco, mas dado a situação...

OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS...

Eleições americanas devem definir o caminho dos ativos. Independente de quem ganhe eu acho que as ações de tecnologia mesmo bem valorizadas ainda tem muito espaço pra subir.

Será que o mercado vai se assustar quando ver o rombo fiscal do governo americano? Um aumento de impostos para cobrir esse rombo vai fazer os lucros das empresas e por consequência as ações caírem junto.

E gostando ou não: um dia ruim na bolsa americana é um dia ruim nas bolsas do mundo todo.

CHEGOU A HORA DOS IMÓVEIS?

Chance de fuga para ativos reais diante de juros baixos que podem se beneficiar de um cenário de inflação.

Por isso creio que seja um bom momento para comprar imóveis. Nós nunca tivemos e não sei se teremos num futuro recente uma oportunidade de juros tão baixos para financiamento imobiliário. 

Os grandes bancos estão oferecendo taxas da ordem de 6 a 7,5% ao ano se você receber seu salário por ele. Há cerca de 3 anos com muita luta contratei meu financiamento com uma taxa de quase 10%.

A Caixa teve R$ 11 bilhões contratados para financiamento habitacional somente no mês de junho. Conversei com um corretor que teve no mês de maio o recorde de vendas na sua profissão em 10 anos.

E se você parar pra pensar, com juros tão baixos, percentualmente são poucos no país que se sentem confortáveis de investir em renda variável. Faz muito sentido que essa parcela da população invista em imóveis, algo bem tradicional aqui.



"Hoping for the best, prepared for the worst"

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Revendo conceitos - A importância da atuação do estado na economia

Às vezes me pergunto por que ainda mantenho esse blog.

Acho que gosto de deixar registrado o que tenho aprendido para uma consulta futura. Acho interessante como nossa visão de mundo pode se alterar com o tempo. Parece um hobby, quase uma terapia.

Esse post é bem o caso. Não que eu tenha mudado por completo mas repensei muita coisa nessa crise que vivemos.


A Filosofia Zé Batalha

Quem já leu meus posts anteriores tais como esses sabe que eu simplesmente tento entender como o mundo funciona, mas principalmente as contas. Por conta disso sempre fui contra intervenções excessivas do Estado.

Não tenho pretensão de mudar o mundo. Tento me adequar as regras do jogo. 

Mudar a minha vida para melhor e tentar ajudar meus parentes mais próximos já foi uma missão dura o suficiente pra mim. Envolveu muita perseverança não só de mim mas principalmente dos meus pais.

Existem pessoas mais focadas em mudar o mundo e a sociedade. Deixo isso pra elas e desejo boa sorte.


O que me fez refletir nessa crise...

Já escrevi que governos mais atrapalham que ajudam. Que hoje até considero bem exagerado da minha parte.

Pois com a crise eu entendi que essa é a hora que o Estado tem que atuar com tudo que puder.

O auxílio emergencial deve representar um acréscimo de cerca de R$250 bilhões a mais de despesa no ano.

Com isso é a relação Dívida/PIB deve disparar, deve chegar a 100% até o ano que vem, pois a dívida vai aumentar com esses novos gastos e o PIB vai diminuir com a retração da economia. Ou seja, pra cada 1 real que o país produz, 1 real de dívida.

Está tudo muito disfuncional no momento, mas assim que a economia se estabilizar devemos ter uma taxa de juros mais condizente coma nossa realidade: voltando a crescer. 

Quem leu os posts que citei no começo do post sabe que eu sou Austeridade Fiscal Futebol Clube. 

Mas que se dane. Milhões de vida estavam e ainda estão em jogo. Vamos pagar um preço alto no futuro mas não havia outra saída.

Pois esse é o Brasil de verdade...


Quer dizer então que o Zé Batalha virou um keynesiano? E a Escola Austríaca?

Não sou keynesiano! :D Só revi meus conceitos. 

Como mencionei no post Hayek x Keynes há situações que vou de Keynes e essa é exatamente uma delas, pois o que vivemos não é muito diferente de uma guerra. 

Digamos que a minha proporção Hayek/Keynes foi de 80% / 20% para 70% / 30%...

Para tentar entender como as coisas funcionam eu consumo conteúdo das mais variadas escolas de economia mas até um certo limite. 

Marxismo não entra, pois não gostam de fazer muitas contas, algo essencial nessa área, e falam de um mundo imaginário que até hoje não se deram conta que é impossível.

Costumo ler desde o pessimismo da escola austríaca até o otimismo dos analistas das casas de research. A partir daí tomo decisões baseado na minha percepção.

Mas hoje vejo que muitas coisas da escola austríaca são tão utópicas quanto o marxismo que eu sempre critiquei.

Como li no auge dessa pandemia: "Mises se reviraria no tumulo com o que alguns caras da Escola Austríaca tem falado..."

Muitos dizem que a Escola Austríaca vive de prever crises que ainda não aconteceram. Claro que uma hora eles podem acertar, assim como um relógio parado acerta a hora 2 vezes em um dia, mas ela não é só isso. 

Tem coisas bacanas, mas se você seguir tudo que eles pregam ali na essência é como se o mundo fosse a Suíça ou a própria Áustria. E o nosso país e a maior parte do planeta está muito longe disso.

É como se o país não precisasse de assistência social, como se fosse possível viver somente por meio da "mão invisível do mercado". Não deixa de ser um outro mundo imaginário...


A importância da atuação do Estado 

Imagina se o nosso país não tivesse o SUS, mesmo com todos seus defeitos. Onde a população pobre seria atendida nessa pandemia?

A injeção de dinheiro do BC, empréstimos para as empresas (para pequenas e médias empresas houve muitas falhas, mas pra explicar isso aqui precisaria de outro post) e principalmente o auxílio emergencial foram vitais para o país não entrar numa situação ainda pior do que está.


Mas...

Ainda acho que o melhor para um país é encontrar um meio termo entre as escolas de Keynes e Hayek. Entre os desenvolvimentistas e os liberais.

O bom funcionamento dos serviços públicos é vital para um país mas o que faz um país crescer é de verdade é o incentivo a livre iniciativa, empreendedorismo e uma boa dose de liberdade econômica.

Esse ranking mostra bem quem vai mais longe:

Sim, todos nós sonhamos com um país que funcione tão bem como a Alemanha. Os caras deram aula com seus milhares de testes de Covid e sendo a primeira liga de futebol a voltar com toda a segurança. 

Mas ninguém vê que se eles conseguem fazer isso por conta da sua ótima situação fiscal, dos seus 6 anos de superávits seguidos. 

Que tal entender como eles conseguiram isso? Ah e o sistema de aposentadorias da Alemanha, assim como praticamente todos nesse planeta, que precisou ou precisa passar por reformas? 


Conclusão

Não faz mal rever conceitos. Não cai as bolas mudar de opinião ao contrário do que muitos pensam...

O Estado sempre terá uma importância enorme na economia, mas muitas vezes você pode ajudar mais interferindo menos.

sábado, 4 de julho de 2020

Carteira e Análises do Zé Batalha - 2º Trimestre de 2020

CENÁRIO ATUAL


Foi um segundo trimestre de recuperação rápida nas bolsas enquanto o mundo se encontra bem distante do fim da pandemia e das crises.

Apostar no curto prazo contra as bolsas hoje é apostar contra um metralhadora de dinheiro dos bancos centrais mundo a fora que tem um pente de balas infinito



O desemprego vai aumentando de forma impressionante. Temos indicativos de queda de PIB da ordem de 6 a 10% no Brasil. 

Já eu creio que a expansão monetária ocorrida junto com as novas rodadas de auxílio emergencial podem dar um alívio para o PIB, mas certamente será um número muito feio.

O certo é que teremos a pior temporada de resultados da história. Os balanços do 2T20 vão ser terríveis mas muito disso parece já estar precificado nas bolsas.

O que temos de bom é muita esperança que a vacina deve estar pronta bem antes do previsto.


VALE APOSTAR NO BRASIL AINDA?

Eu ainda acho que sim.

No longo prazo mesmo com toda essas confusões do país temos trilhões investidos em renda fixa ou em fundos ligados a rentabilidade da Selic.

Tudo isso num cenário de juros baixos que devem continuar assim por um bom tempo pois a inflação vem caindo muito. Com juros tão baixos não há alternativa pra quem quer melhores rendimentos a não ser a renda variável o que deve puxar pra cima a valorização desses ativos.

E por mais que a situação ainda possa piorar (e claro que isso é bem possível), acho bem difícil dado o que expliquei a bolsa voltar aos 60 e poucos mil. 

O Brasil quebrou na década perdida de 80 e várias empresas continuaram funcionando. Várias delas vão continuar agora também. As mais preparadas vão crescer ainda mais absorvendo as que não suportarem. Goste a gente ou não, é assim que funciona.

Ainda há muito a ser feito no Brasil. Temos muito atraso em infraestrutura principalmente, o que também significa que tem muito mais espaço para crescer que países já bem estabelecidos.


CRISES...

As outras crises acabavam (veja como foi em 2008) e o mundo continuava do mesmo jeito. O maior desafio desta é que a gente não sabe quando as coisas voltam ao normal.

A tecnologia vai ser ainda mais exigida. Em momentos como esse gostaria muito de estar posicionado em boas ações desse segmento na bolsa americana. Deve ser um segmento pouco afetado se comparado a outros da economia.


CARTEIRA ZÉ BATALHA - 2T20 (+7,85 % no mês de junho e -5,32% no ano)

Certamente devo rever essa alocação 40% - 60% [RF-RV] da CZB com juros tão baixos.

Agora em relação aos ativos...

Antes mesmos do Corona Crash eu reduzi minha participação em CVC. Logo depois vi o bom velhinho Buffet fugindo das aéreas e quem sou eu pra questionar. Difícil saber quando as pessoas terão a mesma coragem de viajar como antes e quem pode trabalhar de home office dando conta do recado por videoconferência. 

Ainda assim, veja que dia...
Ainda assim, veja que dia...

M Dias Branco virou minha terceira maior posição em ações. Ótima empresa num setor muito resiliente. 

Em junho, a CZB-Ações venceu o IBOV: 11% x 8,76%. No semestre também: -14,01% x -17,80%.

Quanto aos FIIs só reduzi FIGS11 pois este tem apenas 2 shoppings e igualei a alocação dos outros 9 FIIs pois são mais seguros.

Em junho, a CZB-FIIs venceu o IFIX: 7,62% x 5,59%. No semestre também: -3,59% x -12,24%.

A renda fixa deve ficar por um bom tempo somente em Tesouro Selic e um pouco em poupança.

Zerei minhas NTNB sem pensar em fazer mais aportes nela este ano pois vejo que a chance de eu ganhar pouco é menor do que eu perder muito dado o cenário atual.


VIDA PESSOAL - REDES SOCIAIS

Resolvi jogar melhor o jogo das redes sociais.

Comentar, curtir e repostar ainda menos sobre política e mais sobre coisas mais bacanas: tecnologia, desenvolvimento, viagens, games. Com isso minha vida nas redes sociais tem sido bem mais feliz. 

Ainda posto muito sobre economia e finanças é claro, pois realmente é algo que me interesso muito.

sábado, 30 de maio de 2020

O que fiz no corona crash de março 2020


Esse é um gráfico que atualizo mensalmente para acompanhar o desempenho da Carteira Batalha. O trecho acima capta o período de 2013 até o março de 2020. A linha azul é a evolução da minha carteira e a linha vermelha a correção dos meus aportes pelo IPCA.

O objetivo é ver se estou ganhando pelo menos da inflação. Perceba como a linha estava bem descolada e depois do corona crash ocorre o encontro das curvas.


Mais uma vez o clichê "crise e oportunidades"

Em momentos como o que vivemos em março, sentimos na pele os comportamentos que um investidor pode ter:
1) Medo - vender achando que pode perder tudo
2) Ganância - comprar pra aproveitar que está barato e aumentar a posição

Devemos controlar tanto o medo como a ganância. Investir tem muito do fator psicológico. 

Mas é certo que em toda crise as pessoas acham que o mundo vai se acabar e sempre há sim várias oportunidades


O que eu vi naqueles dias loucos em março de 2020:
1) Títulos do Tesouro pré-fixados com chances de perda maior que de ganhos
2) Na renda variável, quedas enormes nos preços dos ativos, em uma dimensão que há 12 anos não ocorria

As taxas de juro ficaram tão baixas que tornaram a chance de ganho nos títulos pré-fixados bem menor frente ao espaço para perdas se vendido antes do seu vencimento. Minhas NTNBs não eram tão longas mas sofreram por um risco maior por conta da situação fiscal de longo prazo.

Essa foi a decisão mais fácil: vendi esses títulos.

Mas aí entra a grande questão...


O que fazer em um momento de tamanha tensão nos mercados?

Em momentos de incerteza, a primeira coisa que fiz foi reforçar meu caixa em renda fixa, ou seja TD Selic/poupança, pois isso sim é reserva de emergência. 

Muita gente investe em títulos pré-fixados sem saber que a marcação a mercado pode causar muitas perdas se ele precisar sacar antes do vencimento eu um momento de alta de juros.


Mas seria hora de apostar em renda variável? The Batalha way:

Um dos sites mais bacanas para quem está começando é aquele do cachorrinho branco, o bastter. E recomendo demais para quem está começando a investir.

E devo a base da minha estratégia ao que aprendi lá: construção de patrimônio gradual. O ideal para nós, investidores pobretas. Como naquela música: "de tijolinho em tijolinho..."

Mas tem uma coisa que sempre me chama atenção quando escuto: "Fulano disse que o CERTO é fazer assim..." Cara eu já sei a opinião de fulano. Você não tem ainda a SUA?

Claro que você sempre tem algo a aprender (principalmente no início) com profissionais tais como Buffet, Barsi, ou mesmo o Bastter. Mas não precisa fazer TUDO igual a eles até porque seu patrimônio é totalmente diferente. 

Depois de muito tempo de estudo tenho as minhas próprias convicções. E prefiro ganhar ou perder por elas. É o que eu mais aconselharia para qualquer um, seja em investimentos ou em qualquer área. Perder é ruim, mas perder baseado na convicção de outros é muito pior.

O Bastter prega que você não deve olhar cotação, que preço não importa, etc. Eu passei um tempo reverberando isso... O que fiz em março vai quase contra tudo o que ele fala, mas que se dane... rs 

Em resumo: Não siga as ideias de ninguém cegamente. E questione sempre até a sua própria carteira, que deve ser recalibrada com frequência.


As "barganhas" de março

Soa estranho um holder como eu falar em "barganhas" pois a minha estratégia tem uma base forte na Hipoótese dos Mercados Eficientes (HME) do Eugene Fama, que pretendo falar num post futuro. 

Em linhas gerais a HME preconiza que um ativo vale o preço que está sendo pedido, simples assim: não há como saber se um ativo está caro ou barato.

MAS aquele era um momento de pânico geral nos mercados. O IBOV chegou a 61 mil pontos no auge do desespero.

Eu invisto para um horizonte de longo prazo, e sei que nessas condições o preço que pago é diluído com o tempo. 

Mas tenho uma oportunidade de comprar bons ativos que valiam R$10 a menos de um mês por R$4. A empresa continua com os mesmos fundamentos. Por que não vou comprar se tiver chance e condições?

Ou seja, com R$1000 eu compraria 100 do ativo X antes e nesse momento eu poderia comprar 250! Como falei, há 12 anos isso não ocorria. Se eu deixasse pra comprar no fim do mês como costumo fazer não conseguiria comprar tantas cotas.

A verdade é que na minha análise a grande maioria das quedas não se justificava. Em uma empresa sólida não ter lucro por um 1 ou 1,5 ano não explica uma ação cair 50, 60, 70 por cento.

E é muito bom ter uma enorme margem de segurança em todos os ativos que você compra. Pois caso você erre o cenário, ou aconteça um cisne negro e no pior caso você tenha que vender, vai perder menos. Afinal o ativo já está bem descontado.

Na época dos juros a 14% ao ano, errar na bolsa custava bem caro, mas neste momento o custo de oportunidade é baixo e deve ficar ainda menor. 

Parte do que vendi do TD eu aportei sim em RV comprando ações e FIIs sem passar do limite de exposição que defini nesses dias de circuit breaker.

Rebalanceei as carteiras e consegui comprar bem mais barato. Em alguns ativos conseguir dobrar a minha posição, tais como os FIIs que eu tinha começado a investir a pouco tempo, melhor que qualquer subscrição que você possa imaginar... rs

E pra te ser sincero dobrar a minha participação em alguns desses papéis me deixou foi mais tranquilo. Já estou tendo retornos melhores em vários exatamente por ter feito essa movimentação.


O longo prazo é lindo, mas...

Sim, eu posso estar muito errado. Nessa crise se só começa pode ser que alguns dos meus ativos caiam ainda mais, até quebrem, claro que é possível, mas estou diversificado pra isso.

A verdade é que o longo prazo é lindo mas não há garantia que ele chegue para todos nós...

Se ele não chegar e eu precisar vender num futuro eu terei baixado meu preço médio... e se o futuro for lindo do jeito que eu sonho terei muito mais participação nos bons ativos que estou investindo.

E se chegar o momento que o aperto seja tão grande que a reserva de emergência não dê conta e seja preciso vender suas ações? Nessas horas é melhor que se tenha o menor preço médio possível para vender no lucro ou ao menos minimizar seu prejuízo.

E são movimentações como essa nos dias de circuit breaker que me proporcionou essa baixa no preço médio ou pensando positivamente um aumento na quantidade de ações de uma empresa de qualidade.

Observação importante: Isso serviu para mim. Talvez não sirva para você. Não há uma receita para todos em nada nesse mundo, inclusive investimentos. E tenho consciência que não dá pra ganhar sempre. 2020 não tenho a menor expectativa de bons retornos...

Chances de rentabilidade positiva
Minhas chances de terminar 2020 com a rentabilidade positiva


Conclusão

Quando tudo isso passar ninguém vai lembrar dos preços que eles estavam, mas eu vou lembrar que comprei alguns ativos pela metade do preço.

“The time to buy is when there’s blood in the streets, even if the blood is your own”
[Baron Rothschild]

domingo, 17 de maio de 2020

Quando as coisas voltam ao normal no país e no mundo? E o dólar? E a Selic?


Crise fora do normal

O que todos os profissionais dizem: "Essa crise é diferente de todas as outras mas como todas ela vai passar".

Beleza, isso a gente já sabe. Mas quando tudo volta ao normal?

Bom, acho que vai depender:

1) Quanto tempo vai durar as medidas de isolamento
2) Se (e eu espero muito que não) virá uma segunda ou terceira onda de Covid 
3) Qual o impacto de todo esse tempo de quarentena nas economias mundiais e suas consequências que nem sempre são vistas de imediato
4) No caso do Brasil, temos que avaliar ainda não só o problema de saúde e economia, mas também a demissão de um ministro por semana, a crise política e etc... Todo dia um 7x1...

Por isso que quando Buffet fala "Never bet against America" somos um prato cheio para os memes do "Always bet against Brazil"...

Sim, mas quando tudo volta ao normal então? São tantas, mas tantas incertezas que a resposta é bem simples: Só DEUS sabe.

E o que o Zé Batalha faz? Eu procuro ter mais cautela no curto prazo mas não deixo de ser otimista no longo prazo. 


Taxa de juros e dólar fora do normal

Se for seguir a politica de metas de inflação a taxa de juros deve cair ainda mais apesar do BC não indicar isso. Temos juros de 3% hoje e o BC diz que vai a 2,25% e não pretende passar daí.

Do mesmo jeito que alguns anos atrás erraram ao não aumentar a taxa quando a inflação subia isso pode ser um erro agora também que só iremos saber no futuro. 

Mas pra quem acha que deve baixar muito mais ainda recomendo ouvir o que o Mansueto está falando:
  • Não haverá comprador de títulos brasileiros a uma taxa tão baixa assim;
  • Uma dívida de 90% do (PIB), nível que devemos chegar ou até passar este ano, é muito alta para um país que cresce tão pouco e com os fundamentos que temos;
  • O déficit primário pode chegar a 700 bilhões de reais e superar o nível de 9% do PIB este ano.
A tendência é do dólar aumentar ainda mais. 

Somos um país emergente que teria que pagar um prêmio maior. Se o prêmio diminui o capital em dólar sai daqui e com isso aumenta a cotação do mesmo.

Fazer o que? Mas...

Não há pressão inflacionária do dólar com essa alta. Assim como o mundo, vivemos uma onda de deflação pela impossibilidade óbvia de se consumir mais no momento. 

Tivemos deflação de 0,31% no país na última medição. Um dólar a R$6 é claro que assusta mas não vai acarretar tantos problemas nesse cenário em que estamos. Temos problemas piores. 


O que se vê no cenário atual que está fora do normal

Ainda acho que muitos ativos tem um descolamento da realidade, da economia REAL.

São mais de 23 milhões de desempregados nos USA, um número que ainda está aumentando. E as bolsas já estão se recuperando por lá... Isso não faz sentido

desemprego x ações
desemprego x ações - vê algo estranho?


E se os balanços das empresas no 1T20 foram ruins pegando só uma parte do período de pandemia, não tenha dúvidas que o 2T20 vai ser muito pior...


Se eu fosse apostar como em como vai ser, eu diria que vai ser algo assim parecido com a crise das ".com" em 2000, algo não muito bom no horizonte de 2 anos...

crise das .com em 2000
Crise das .com em 2000


E só não vai ser pior pelo fato do FED ter usado todo seu arsenal disponível para injeção de liquidez.

E eu espero estar bem errado pois se lá for assim, imagine aqui...


[Fonte dos gráficos: Fernando Ulrich]

domingo, 26 de abril de 2020

Psicologia e economia - A vida em tempos de corona...

Creio que a primeira coisa que devemos pensar nesse momento é tentar sobreviver, tanto literalmente como financeiramente. Precisamos cuidar da gente, dos nossos parentes e principalmente nossos coroas.

Agradeço todo dia a Deus por poder estar com minha mulher e filha e todos com saúde. Se não podemos sair, podemos dar mais atenção e acompanhar melhor o desenvolvimento da nossa filha nesta fase.

Ainda temos emprego, podemos trabalhar de home office recebendo em dia e por isso temos ciência que somos muito privilegiados. Então tentamos fazer a nossa parte mantendo o pagamento da nossa empregada doméstica mesmo sem ela poder vir trabalhar.

Eu acho que não há outra opção no momento a não ser ficar em casa. Mas quem sou eu para julgar quem não tem condições de ficar parado e precisa correr atrás de ganhar dinheiro para dar de comer a sua família. E como devemos ser gratos a toda essa turma dos serviços essenciais que não tem escolha.


Como lidar com este momento?

Não sou psicólogo, mas essa é uma grande batalha para todo o planeta, um grande desafio para a sanidade mental de todos. Tem dias que estamos bem, outros dias nem tanto.

Iisso é ainda mais difícil para pessoas que moram sozinhas, que sofrem de ansiedade, entre várias outras situações...

As atividades domésticas aumentaram e precisamos conciliar tudo pois o trabalho continua só que agora remoto.

Como gosto de ficar em casa que estou levando numa boa até então. Tenho tentado me distrair lendo livros, assistindo filmes, jogando PS4 e no final de semana tomando umas curtindo as lives...



Ainda sobre esse março tenebroso

Algo que me impressionou bastante foi que o comportamento do investidor pessoa física foi bem diferente do que pensei em um momento de quedas tão altas. Ao invés de debandar, grande parte deles tirou da Renda Fixa pra aportar na Renda Variável.

Houve um aumento da base de CPFs na bolsa de valores de 15% em relação a fevereiro. Só eu conheço 3 colegas que começaram a investir em ações no mês passado.


Por conta da incerteza do momento, pensei em reforçar meu caixa para emergências mas ainda assim dentro do possível tentar aproveitar oportunidades que explicarei melhor no próximo post.

Reduzi 0,5% de participação em COGN3 depois do último resultado por conta da dívida estar muito alta mas ainda boto muita fé no case e passei para RAIL3, que começou como uma aposta mas hoje já é uma realidade, opera com lucro e em franco crescimento.


O futuro cada vez mais incerto...

As incertezas são incontáveis. Ninguém consegue ter a menor ideia de quanto tempo as medidas de isolamento devem prosseguir com uma margem de segurança confiável, se ou quando haverá uma segunda onda e qual o impacto.

As bolsas globais já perderam em valor de mercado cerca de 11x o PIB do Brasil. E ainda não temos ideia de todas as consequências que surgirão do que estamos vivendo hoje.

Pela primeira vez desde que tive o primeiro batalha móvel vou passar um mês sem abastecer. Eu sou apenas um de centenas de milhões de pessoas e empresas que fazem o mesmo. Isso explica por que os contratos futuros de petróleo chegaram a valores negativos, algo inimaginável até então.

Eu me considero um cara otimista mas cada vez mais fica a impressão de estarmos no início da pior recessão da história, mesmo com todos os estímulos...


E nossa economia?

Uma economia ainda mais frágil, rombo fiscal enorme, com estimativas de déficit para 2020 em cerca de 8 por cento do PIB e se a necessidade do país crescer era grande ela se tornará vital agora.

O Tesouro já estava com dificuldades de colocar títulos de dívida no mercado antes da crise, o que só piorou agora. Nenhum governo tem capacidade de se endividar infinitamente e controlar a inflação ao mesmo tempo.

Os juros devem cair de 3,75% pra 3% e já há quem diga que pode chegar a 2%. Se isso se confirmar, meu amigo, haja interveção do BC para o dólar não passar de R$6...



Brasil, o país da trêta

Enquanto praticamente todos os países tentam resolver suas diferenças em prol da luta contra o coronavírus aqui nós infelizmente temos um ambiente de conflito sem fim o tempo todo...

Taleb deveria estudar o Brasil para ver como é possível aguentar tantos cisnes negros: Covid, queda do petróleo, demissão de ministros a todo momento...

Tudo que eu tinha recuperado na Carteira Batalha neste mês eu perdi na sexta passada... rs


É um grande desafio mas espero que a gente esteja mais forte depois disso tudo.
Que Deus ajude o nosso país...

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Coronavirus - Covid19 - Isolamento ou não?

Após vários estudos e análises, esse é o parecer oficial da Escola Batalha de Assuntos Contemporâneos.

Hoje já podemos dizer com toda certeza que quem menosprezou o vírus se deu mal. Fizeram campanha pra Milão não parar e hoje o prefeito pede desculpas pelo erro, para citar só um exemplo.

Até o dia 19/3 muitos faziam chacota dos estudos do Imperial College que previam milhões de mortos (mais precisamente 2,2M no EUA e 500K no Reino Unido), só esqueceram de mencionar que esse estudo considerava que os governos NÃO IRIAM FAZER NADA, deixar a própria população se contagiar e se imunizar com o tempo. Adivinha só o que aconteceu logo depois que eles viram o tamanho do problema? Abandonaram a ideia.

Donald Trump, um dos maiores defensores globais do retorno ao trabalho anunciou a prorrogação do isolamento social nos EUA até 30 de abril. Desistiu, portanto, da meta de normalização até a Páscoa e já anunciou dias difíceis durante essas semanas. Boris Johnson chegou até a ir pra UTI ...

Quando você até esses caras abandonando a ideia, é porque não parece haver outra alternativa mesmo. Será que se eles tivessem se antecipado a situação seria menos crítica?


A questão não é comparar o corona com gripe, acidente de carro, dor de barriga como muitos vem fazendo aí. O problema é que sistema público de saúde nenhum deve dar conta de atender tanta gente com esse nível de isolamento solicitado, imagina sem nenhum.

O Covid-19 mata e interna de 10x a 15x mais que uma gripe comum. Não vai morrer gente só desse vírus, vai morrer muito mais de outros problemas pois não vão conseguir ser atendidos com a superlotação.

Sim, eu sei que a economia, vidas, empregos e possibilidade de caos e desordem social estão em jogo. Mas sim a economia já está ferrada de um jeito ou de outro e sim o governo está injetando dinheiro mas não vai chegar para todos na proporção que precisam. A única coisa que ainda pode ser feita é tentar diminuir a quantidade de mortos.

Em termos de economia eu sugiro a leitura desse artigo do Alexandre Schwartsman, que segue alinhado com o que eu penso.

Agora claro, depois que tudo isso terminar vai ter centenas de especialistas publicando um estudo X ou Y pra dizer que sem isolamento tudo seria melhor e etc mas a verdade é que a gente nunca vai saber.

E dado o pouco que sabe ainda desse vírus, sem vacina e sem cura... hidrocloroquina tem ajudado muito, mas não é milagre, virou o nióbio do momento...


E isso não quer dizer que não é para não fazer nada. O próprio ministério da saúde já começa a estudar o momento como deve proceder na fase pós-isolamento.

Já vi estudos que apontam que primeiro, se faz esse isolamento total da população, que dure de 15 a 30 dias no mínimo. Depois quem se contaminou não transmite mais a doença e se corta a subida quase vertical da curva de infectados, aí se inicia o isolamento para os grupos de risco, para que a economia volte a girar. [Fonte]

Como li recentemente: "Esse é o problema do Brasil: queremos os benefícios dos países desenvolvidos, mas continuamos nos comportando como terceiro mundo. Queremos os benefícios do lockdown mais brando da Coréia do Sul, mas sem antes parar o contágio da epidemia e sem investir como eles. Queremos o bem estar social da Alemanha, mas não queremos fazer os 6 anos de superavit que eles fizeram."


Sim, a OMS errou feio (todos erram) ao acreditar nos dados da China, e já errou em várias outras coisas mas é a fonte mais confiável no momento não é a toa que praticamente todos os governos mesmo tardiamente estão adotando essa posição. Se a gente não seguir recomendações da OMS, vai seguir de quem? Do presidente de Belarus?

Aí eu pergunto, quem está adotando uma posição diferente da recomendação da OMS nesse momento? Quem vai pagar pra ver dadas as circunstâncias?

Aí alguém pode falar... Ah mais tem uns países ali da Ásia que não fizeram isolamento e estão muito bem. Sim, mas cada caso é um caso...

Será realmente que a gente pode se comparar com Japão, Coreia do Sul e Singapura? Deixa eu falar aqui somente dos 2 primeiros:
1 - São países com território menor e portanto de mais fácil controle
2 - Extremamente mais organizados
3 - Recursos, contas e sistemas em dia para atender a população
4 - População tem hábitos de higiene quase que obsessivos, diferente do brasileiro que toma muito banho e pouco lava a mão
5 - Já usam máscaras no dia a dia há muito tempo mesmo antes do corona até porque vivem com ameaças de vírus (SARS, gripe suína entre tantas outras que surgiram por lá)
6 - Não tem costume de muito contato físico com os outros, diferente da gente que só se fala se pegando, se abraçando e se beijando
7 - Os caras são hiperdisciplinados. Governo mandou estão obedecendo.

A gente tem que se comparar é com países maiores, tipo os EUA, que mesmo não tendo as favelas da gente, nós pelo menos temos um sistema de saúde pública mesmo que longe do ideal. E olha a situação que eles estão. E ainda não estamos nem na metade da história, infelizmente...

Profissionais fazem assim:

sábado, 4 de abril de 2020

Carteira Batalha - Rendimento acumulado - 1º Trimestre de 2020 (-20,49%)

Um mês histórico se encerra, e o que menos importa hoje é o desempenho da Carteira Batalha. A situação do planeta e do país fica cada vez mais preocupante tanto em termos de infectados e mortos, como de desempregados.

Vivemos uma situação de privação de liberdade com o objetivo de se evitar o colapso dos sistemas de saúde. Se criou uma nova polarização no país e no mundo onde as pessoas agora brigam tentando defender se isto é certo ou não.

Como já foi dito parece que caiu um meteoro, uma praga bíblica... e infelizmente as coisas ainda vão piorar muito antes de melhorar...


Resumo do mês de março de 2020

Foram 6 circuitbreaker, somando 7 na minha carreira de investidor.

São horas em que desperta-se o medo em muitos investidores e ganância em outros...
Eu juro que não sinto esse desespero de ver a carteira ruir como tantos, talvez por deixar uma parcela que me deixa confortável na renda fixa.

Consigo ver minhas cotações caindo ou subindo diariamente, algo que a maioria dos holders não recomendam. Houve dias que o que perdi num dia ganhei no outro...

Tanto que cheguei até a registrar algumas coisas por curiosidade:
  • 9/3   -> CZB Ações: -8,94% | IBOV: -12,17% | CZB Geral: -7,76%
  • 18/3 -> CZB-Ações: -9,47% | IBOV: -10,35% | CZB-FIIs: -18,05% | IFIX: -13,23%


Vai ser um exercício interessante relembrar os preços de vários ativos que invisto em um futuro próximo... e eu pretendo fazer isso. Penso em deixar para em um post futuro falar com um maior detalhamento o que fiz esse mês...


Carteira Zé Batalha (-20,49% no trimestre e -15,40% no mês de março)
A carteira encerrou o trimestre menos ruim do que o resultado que postei referente ao dia 18/3, dia do último circuit breaker do mês, quando a carteira fechou em -26,97%.

A carteira conseguiu vencer o IBOV, que teve queda de -29,91% no mês de março e o pior trimestre da história: -36,88%.

Entre os 10 papéis do IBOV com maiores quedas no trimestre que a CZB tem: CVC (-74,66%), Cogna (-65%) e BRF (-57,13%).

CZB-Ações (-33,28% no trimestre e -26,44% no mês de março)

A premissa da CZB é ficar sócio de boas empresas para sempre, e não somente para os próximos dois ou três meses.

Há ações de vários segmentos caindo pela metade que não se justificam dentro da minha avaliação.

Eu apostaria que elétricas e bancos grandes (os top 5) devem sofrer menos com essa crise.
Fiz um rebalanceamento, boa parte dele antes da crise, onde aumentei a participação na carteira de WEGE, ITUB, EGIE (as 3 maiores participações da carteira com folga) , MDIA e VALE; e reduzi um pouco de GRND, ABEV e CVCB.

Destaco o resultado anual de EZTC. Mostra que para empresa ótima não tem esse negócio de ciclo. Eles têm um caixa de 1,3 bi e a dívida reduziu pra 41 mi, isso para uma empresa do segmento imobiliário. Acabei decidindo por aumentar a minha participação.

CZB-FIIs (-13,73% no trimestre e -5,14% no mês de março)

Os FIIs levaram uma porrada grande, principalmente no dia 18/3 como mostrei acima. Cotações de FIIs de shoopings principalmente, mas escritórios também foram bem afetados, FIIs de logística nem tanto...

Rendimentos mensais foram zerados e alguns bem reduzidos, mas o patrimônio fica.
Dos 10 FIIs que possuo 2 ficaram sem pagar rendimentos e 8 mantiveram, sendo que alguns reduziram e isso é normal para quem está no jogo.

CZB-RF (-2,95% no trimestre)

As taxas de juro ficaram tão baixas que tornaram os investimentos nos títulos pré-fixados muito assimétricos: um baixo potencial de ganho frente ao espaço para perdas se vendido antes do seu vencimento.

CZB-Criptomoedas (+17,94% no trimestre)

Renderam -16,82% no mês. Pouco a se falar, somente as piadas que seriam ativos fortes para tempos de crise...



Em horas como essas a gente dá ainda mais Graças a Deus por estar com saúde principalmente, ter um emprego e estar recebendo em dia.

Vivemos tempos muito difíceis, mas vai passar.

Na vida tudo passa. Tanto o que é bom como o que é ruim.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Edição Extraordinária - O mundo não será mais o mesmo - CZB anual até 18/3: -26,97%




"De forma simplificada, segundo Taleb, um cisne negro é todo e qualquer evento que não possa ser previsto, mas que possui grande impacto na sociedade, transformando nossa realidade. O termo faz referência a descoberta do cisne negro por parte dos europeus, na região da Austrália no ano de 1697. Até então, ninguém no velho continente sabia da existência de uma espécie de cisne que não fosse branca."

O 11 de Setembro e o surgimento do Google, são ótimos exemplos de cisnes negros do século XXI. Logo, pode ser um imprevisto tanto para o bem como para o mal.
No dia que posto essa publicação, por coincidência, é o meu aniversário. Sou muito grato a Deus por mais um ano de vida, por estar com minha esposa e filha com saúde. Mas ao mesmo tempo lamento esta época difícil que estamos passando...


Como poderão ver em mais detalhes ao final do texto, a Carteira Batalha sofreu uma pancada grande, assim como praticamente tudo pelo mundo. Mas te falo com toda sinceridade, isso é o que menos me preocupa hoje...

Em relação a saúde, veremos o crescimento de infectados a cada dia. Em relação a economia, já estou vendo algumas pessoas próximas fechando seus negócios e outras perdendo seus empregos. E olha que está só começando... :(


Chegou a grande crise

Desde o subprime de 2008, muitos tentaram prever quando ocorreria a próxima grande crise. Pois ela chegou com tudo...

Eu fui um dos que subestimou o Covid-19, e faço questão de deixar registrado o link da postagem em que falei sobre isso. Achei que fosse parecido com os outros surtos que vi até então...
Já foram 6 circuit breaker, igualando a crise de 2008. E não duvido que venham a ocorrer ainda mais.
Em 2008, a crise foi causado por um problema do sistema financeiro, com a quebradeira de bancos. Esta crise vai além do que já vimos na história.

Penso que vamos ter uma retração econômica no Brasil e no mundo que vai fazer 2008 parecer brincadeira. Já há estimativas de quedas de 4,4% do PIB interno.

O problema é que nos USA eles estão no fim de uma expansão econômica. Enquanto aqui nós mal começamos a sair da lama...


Efeitos e dimensão das quarentenas

Sim. A prioridade agora é a saúde da população. Tentar diminuir os danos para que a tragédia seja minimizada.

Para proteger a vida humana será preciso afetar a economia. É inevitável. Mas o quanto se deve parar? Essa é a grande questão.

Os efeitos da quarentena podem ser piores do que uma guerra para economia. Na guerra algumas cadeias produtivas se beneficiam, nessa aqui quase nada.

Devemos ter uma alta enorme do desemprego e já estamos vendo intervenções governamentais nunca antes vistas, numa busca sem fim por liquidez em vários países com seus balanços já bem comprometidos

A expansão da base monetária pode causar um possível aumento de inflação generalizado no médio e longo prazo. São vastas as possibilidades.
Se a economia ficar parada por tempo demais, a fome e o desemprego poderão se tornar problemas que podem ser até maiores que a epidemia.

Só que foram divulgados estudos que apontam que as perdas humanas poderão chegar aos milhões se não forem adotados mecanismos de supressão. É só uma estimativa, mas se eles estiverem certos? É válido arriscar essa quantidade enorme de vidas por conta da economia?


O tamanho da intervenção do Estado

Por mais que a Escola Batalha de Economia não veja com bons olhos intervenções estatais em demasia, são momentos como este que eu confesso que sou Keynes de carteirinha...

O Estado vai precisar intervir de todas formas possíveis para socorrer a população tanto em relação a saúde como a economia.

Vamos precisar de uma espécie de Plano Marshall, que o governo já vem tentando montar.
O Zé Batalha sendo Ministro da Economia venderia até metade das nossas reservas aproveitando o preço do dólar para injetar na economia e tentar diminuir a devastação. Temos hoje US$ 350 bi, o que daria um total de R$ 1,785 tri.

Reconheço que é muito difícil esse dinheiro chegar aos segmentos e pessoas que realmente precisam na proporção correta e ter bom uso tendo em vista que está tudo parado, além da costumeira ineficiência estatal que temos, mas algo precisa ser feito...

Retração econômica e Devastação nas carteiras

Analisando friamente, é mais uma crise pra história do mundo, que uma hora vai passar. A não ser que você ache que o mundo vai se acabar, então deveria até aproveitar melhor seu tempo fazendo coisa melhor do que ler esse post.

Em todas as crises muitos acharam que era o fim do mundo e em todas surgiram ótimas oportunidades de investimento.

Investir na bolsa envolve muito do comportamento, do psicológico. A economia e vários negócios vão apanhar feio, mas uma hora as coisas vão normalizar.


Carteira Zé Batalha - Destruição de -21,83% no mês e 26,97% no ano

Não faz 3 meses que eu estava comemorando um ano histórico na carteira com um rendimento anual de +25%. O mundo dá voltas...

via GIPHY

Obs: os números são até 18/3, dia do último circuit breaker.

CZB-Ações: -32,46% no mês e -38,74% no ano

Com as palavras, o mestre Warren Buffett:
"A menos que você consiga ver seu patrimônio cair -50 por cento sem entrar em pânico, você não deveria estar no mercado de ações."

CZB-FIIs: -33,20% no mês e -39,24% no ano

O anúncio do fechamento dos shoppings e a incerteza quanto ao pagamento dos rendimentos ferrou com os FIIs, ainda assim mesmo nesta crise vimos que eles tem menos volatilidade que as ações.

CZB-Criptomoedas: +3,69% no mês e -2,32% no ano

Foi a piada do momento. Considerado um ativo "anti-crise" caiu vertiginosamente com a busca incessante por liquidez do momento. Até mesmo o ouro caiu por um bom tempo, também por conta das chamadas de margem. Fiquei no positivo no mês aqui pois a alta do dólar rebateu essa queda.

CZB-Renda Fixa

Não registrei os valores no dia 18/3 mas foi o que salvou a CZB de uma queda ainda maior.


Conclusão

O mundo não será mais o mesmo. Talvez nenhum de nós viva o bastante para ver algo tão impactante assim.

Momentos bons e ruins vão e vem, seja na economia ou na vida. Toda crise passa. Essa crise por pior que seja, um dia vai passar.

terça-feira, 3 de março de 2020

Carteira Batalha - Fevereiro 2020 -> Corona Virus Effect: QUEDA DE 5,50%

Não costumo postar fechamentos mensais, só trimestrais. Mas são meses como esse que passou que eu mais aprendo já que consigo olhar as cotações sem me afetar.

Graças à diversificação e proteção da carteira conferida pela alocação em renda fixa houve uma queda de -5,50%, ainda assim a maior para um mês do meu histórico. O Corona Virus derreteu ativos ao redor do mundo.


O resultado poderia ter sido bem pior levando em conta as fortes quedas da parcela da carteira em renda variável.


"Liquidação" para os holders

Investimento é questão de perfil. Cada um tem o seu. Tem os que não gostam de se arriscar; tem os holders, que pensam mais na qualidade dos ativos para o longo prazo, como eu; tem os traders que gostam de realizar logo lucro, enfim.

Como li esses dias o mercado é um "maníaco depressivo". Pra quem é holder essa acaba sendo uma hora que você compra mais barato.

Como disse Warren Buffet os fundamentos das boas empresas para os próximos 10/20 anos não mudaram pelo que aconteceu nas ultimas 24 ou 48 horas.

A única coisa que a gente pode tentar ter controle nessas situações é no nosso comportamento, mas nem todos conseguem conviver com essas oscilações.

Essas pessoas precisam ficar mais na renda fixa mesmo ou em algum tipo de investimento similar e não há nada de errado nisso, pois este é o perfil delas. Não devem investir em renda variável senão vão comprar em topos e vender nos fundos.

Esta semana fiquei impressionado ao ver ordens de venda de ativos a 30% abaixo do seu valor de mercado. Desespero de quem nunca viu uma queda acentuada.



Mas vamos aos números da CZB em fevereiro de 2020:

Ações

IBOV - 8,43%    X    CZB-Ações -9,11%

WEGE com toda destruição ocorrida conseguiu render 9,49% e até a OI rendeu 2% no mês. Todas as outras 14 ações da carteira tiveram rendimentos negativos no mês, sendo que as maiores porradas foram: CVC (-29,82%) e UGPA (-24,47%).

FIIs

IFIX -3,69%      X     CZB-FIIs -4,58%

Ao contrário de dezembro, em que todos tiveram rendimentos positivos, todos tiveram rendimento negativo neste mês. As maiores quedas foram HGRE11 (-10,32%) e HGLG11 ( -7,46%).


Nada muda na carteira para o futuro. Segue o jogo.