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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O "terror" da privatização e as incertezas da vida

A maioria dos meus posts levam meses para serem escritos. Não dedico tanto tempo ao blog e também não é todo dia que tenho inspiração, então acabo escrevendo aos poucos, e sempre rola várias revisões até o post chegar no ponto que quero.

Esse mesmo levou vários meses pra sair, até pela dúvida se ainda escreveria sobre o assunto, pois é bem polêmico para quem vive a situação. Mas deu vontade e então pensei: que se dane pois o blog é meu, escrevo o que quiser e ninguém é obrigado a ler se não gostar... rs. Ainda assim sugiro antes ler o o post anterior sobre esse assunto e seu disclaimer no início. 

PRIVATIZAÇÃO OU A "SOMA DE TODOS OS MEDOS"

Admito que, como um funcionário de estatal de TI, no começo das notícias de privatização tive receio do futuro, chegando a avaliar os piores cenários possíveis. Mesmo o cara mais tranquilo tem um mínimo de preocupação quando surge uma notícia que indica algo que possa ameaçar a qualidade/continuidade do seu emprego.

Eu diria que essa é uma classe que no geral tem mais medo disso do que o cão tem da cruz. É uma possibilidade que costuma assustar bastante os funcionários, o que me faz lembrar na hora o nome desse filme aí do subtítulo... rs 

Se eu for falar do que já escutei (nos tempos de presencial, já que evito os grupos de whatsapp) sobre esse assunto, daria um post só pra isso: "vai fechar", "vai ficar só 3 regionais", "vão demitir 70% do quadro", "a empresa X vai comprar esse ano nossa empresa", "vai terceirizar tudo", "vão demitir só os cornos", "vão dar uma surra na gente" e por ai vai...

Nossa cara quando o google manda aquela notificação pro smartphone sobre notícias de privatização

Só que já faz um tempo que decidi que não vou morrer de véspera. Que se dane. Tenho ciência do cenário atual, que há projetos avançando, mas ainda pago pra ver as coisas piorarem do jeito que muitos acreditam onde trabalho. Claro que não aposto 100% nisso. Nem vivo eu sei se vou estar amanhã imagina o resto.

Porque sempre é bom ter um pouco de medo, desde que você faça dele seu aliado. Ele te protege de fazer grandes besteiras, por isso é importante sempre ter uma reserva de emergência para os imprevistos da vida. 

Mas tão importante quanto é não deixar se controlar pelo medo e ter confiança no que você é capaz. Tanto o excesso de medo como o de confiança pode ser bem prejudicial para as nossas vidas.

THE BATALHA WAY - FOCO NO QUE TEMOS CONTROLE

Apesar da minha postura atual, respeito os colegas que estão na mesma situação que eu e não estão tão tranquilos. Quem sou eu pra julgar a condição psicológica ou os motivos de cada um. Essa foi só a minha forma de lidar com a situação.

E por que passei a agir assim? Porque comecei a tentar focar no que tenho controle. Quanto de controle você tem sobre as decisões que serão tomadas em relação a empresa que você trabalha ou o país que vive? Pouco ou nada. E em relação ao trabalho que você faz, as suas atitudes na vida? Muito ou tudo. Só depois vi que isso tem muito a ver com o tal do estoicismo, que passei a conhecer recentemente.
E pergunto sinceramente: quem está pior? A gente com receio de uma privatização, baseado apenas em uma percepção que varia de cada um que as coisas vão piorar, de algo que a gente nem sabe se vai ocorrer? OU o cara da iniciativa privada que foi demitido, teve seu salário reduzido, contrato suspenso? OU o pequeno empresário que passou o tempo fechando seu negócio durante essa pandemia?

AS INCERTEZAS DA VIDA

Estou lendo "A Lógica do Cisne Negro", de Nassim Nicholas Taleb. Essa frase ficou na minha cabeça: "Nossas mentes geralmente são incapazes de aceitar a ideia da imprevisibilidade. Agimos como se fossemos capazes de prever eventos históricos ou ainda pior como se fossemos capazes de mudar o curso da história."

Acrescento mais essa, do livro "O andar do bêbado", de Leonard Mlodinow: "O desenho de nossas vidas, como a chama da vela, é continuamente conduzido em novas direções por diversos eventos aleatórios que, juntamente com nossas reações a eles, determinam nosso destino. Como resultado, a vida é ao mesmo tempo difícil de prever e difícil de interpretar."

Há uma dificuldade muito grande das pessoas lidarem com a incerteza. Faz parte do comportamento humano. Elas querem ter o controle do que vai ocorrer no futuro e isso é impossível. Seja na vida pessoal, profissional, investimentos, etc.

Nos investimentos, querem que você diga qual aquela ação que vai dobrar de valor e te deixar rico em poucos meses. No trabalho, querem saber exatamente quando e se a empresa vai ser privatizada para começar a agir.

Quem me conhece sabe que eu sou um cara super planejado, tenho meus objetivos e metas, mas ainda assim esse grande filósofo abaixo tem um dos maiores ensinamentos que penso que deveríamos guardar para a vida. 

"A vida é dura, filho", como diria um sábio professor da região

Com todo o meu planejamento financeiro veja o que ocorreu em março de 2020 por conta da pandemia. Praticamente todos levaram esse soco, mas o importante é lutar para se manter de pé.

Muitas pessoas fazem concurso pra ter mais sossego em relação essa questão do emprego, como admito que também foi o meu caso. Não temos a garantia de emprego dos estatutários mas ainda assim temos uma estabilidade bem maior que o setor privado.

Dá uma sensação natural de tranquilidade imaginar que você tem um emprego garantido até o final de sua vida. Aí quando surgem esses comentários de privatização é natural que algumas pessoas surtem. Muitas vezes as pessoas passam a vida toda com medo de algo que nunca vai acontecer.

Sobre a minha opinião sobre o assunto falei no post anterior, mas sei que é muito fácil advogar em causa própria. Eu poderia estar aqui gritando contra a privatização mas acho mais válido colocar o dedo na ferida.

Pois eu reconheço que toda essa segurança faz com que algumas pessoas se acomodem (eu mesmo admito que já fui uma dessas pessoas), e daí entendo muitas das críticas da população ao funcionalismo público. Para mim serviu de alerta para tentar me dedicar e perseverar ainda mais. 

E falando de onde trabalho, ao mesmo tempo garanto que existem MUITOS profissionais extremamente qualificados que poderiam trabalhar nas maiores empresas que você imaginar e eles certamente tem feito hoje uma grande diferença para o Brasil funcionar melhor.

POR FIM

É obviamente impossível saber o que vai acontecer no futuro com o mundo, o Brasil, a empresa em que trabalhamos. Quem insistir demais nisso vai enlouquecer.

Como falei, tento não me deixar afetar pelo terrorismo envolvido na questão. A meu ver a odd das coisas piorarem onde trabalho ainda é baixa, mas vai que piora né... rs...

Por isso convém perseverar sempre e mais. Todos nós, independente de onde estivermos, independente do futuro, podemos agir hoje tanto em termos de trabalho, como de capacitação para ser um profissional e uma pessoa mais preparada para o que der e vier.

PERSEVERAR SEMPRE, RENDER-SE JAMAIS