Mais de 1 ano desde que o mundo parou.
Ainda estamos nessa luta tentando sobreviver no meio dessa loucura
Mas seguindo o foco do blog vamos lembrar os vários circuit breakers ocorridos neste mesmo mês do ano passado.
Foram 6 ocorridos em 8 pregões, sendo que os piores dias de março foram:
- 9: -12,2%
- 11: -7,6%
- 12: -14,8%
- 16: -13,9%
- 18: -10,3%
Lembro muito bem do dia 19/3/2020, início do lockdown onde moro. Vendi boa parte do que tinha em Tesouro IPCA para aportar em ativos de renda variável nessas quedas.
Me planejei nos dias anteriores e passei a manhã desse dia realizando as operações. Essa postagem do ano passado resume bem o que fiz na época.
Vimos empresas excelentes como WEGE chegar a R$32. Hoje passa dos R$70. Mas claro que temos também casos como o de CIEL3 que chegou a R$4 nesse período e hoje flerta com os R$3,50.
Hoje os aportes em ativos de RV locais são bem mais calculados pois a margem de segurança não é tanta e a situação fiscal do país preocupa.
Deixei guardada essa sequência de prints de alguns ativos da CZB para relembrar a loucura que foram aqueles dias, no auge do corona crash.
09/03/2020 |
10/03/2020 |
11/03/2020 |
12/03/2020 |
13/03/2020 |
Uma das conclusões que tirei desses dias foi que quem não suporta ver tantas quedas no seu patrimônio talvez não deveria investir em renda variável, sob o risco de vender no desespero e perder muito dinheiro.
Não vendi nenhuma posição nessa época. Na verdade só não aportei em BRFS e VLID pois são as 2 que pretendo sair um dia.
Em relação aos FIIs, mesmo eles sendo menos suscetíveis à volatilidade, também ocorreram quedas enormes. Peguei BCFF11 a R$54,40 nessa época, sendo que hoje negocia próximo aos R$90. Nesse post eu tratei sobre o impacto do Corona Crash na CZB-FIIs também.
CENÁRIO ATUAL
Tivemos na última reunião do COPOM o aumento dos juros para 2,75% e já anunciado um aumento seguinte de mais 0,75% na próxima reunião.
Considero que o BC tem feito um bom trabalho até então mas muitos criticaram essa redução e manutenção de juros a 2% por tanto tempo.
Só o tempo dirá se o BC cometeu um grande erro ao fazer isso. Eu acho que ele agiu em tempo.
O mais importante ao comprar títulos de um país: yield (rendimento) e crescimento. Não temos nenhum dos dois hoje, e muito risco. O Brasil está muito longe de ser um país que pode se dar ao luxo de ter uma taxa de juros tão baixa e com juros reais (ao descontar a inflação) negativos.
O mais louco é que o mercado financeiro recebeu bem a notícia de uma alta de juros. A explicação é que o que realmente importa para ativos de renda variável não é a Selic atual, mas sim a taxa longa (de vários anos a frente) pois é essa que é usada nos cálculos de projeções e foi ela que começou a baixar após esse aumento da Selic.
Além disso a alta na Selic deve pressionar a cotação do dólar pra baixo, o que também vai ajudar a conter a inflação.
E a inflação tá TENSA... |
A alta nos juros era certa. O mandato do BC é de comprometimento com o controle inflacionário, ao contrário dos EUA, que além disso precisa fomentar a redução do desemprego.
Mas acho que o que fez o BC aumentar 0,75% (e não os 0,5% que todos esperavam) já anunciando a próxima foi essa alta súbita nas taxas de juro americanas longas. O timing para essas ações é algo crítico, basta ver o que ocorreu em gestões anteriores do BC.
Se os juros americanos sobem, o Brasil e outros países precisa acompanhar. É fato.
E por fim é bom lembrar que com a alta dos juros, as dívidas soberanas ficam mais caras.
E foi assim que essas dívidas estavam ao final de 2020: Os EUA fecharam com 135% de dívida sobre PIB. Japão com 225%. China com 285%. Itália com 158%. Brasil com 90%.