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quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Carteira Zé Batalha de FIIs - Impacto da Pandemia de Covid-19

Conforme prometido, ao final do post sobre a CZB de FIIs, venho relatar os impactos do Corona Crash nesta carteira.

COMPLEMENTANDO - RISCOS DOS FIIs

Completando o que falei no post anterior, ao investir em renda variável, sempre é bom lembrar dos riscos, por isso recomendo bastante as seguintes referências:

1) Nesse post no fórum do Bastter, há uma longa discussão sobre riscos dos FIIs, com gente muito capacitada opinando

2) Um ótimo vídeo com o professor Andre Bacci sobre a possibilidade de chamada de capital:

Resumindo: não temos nenhum caso reportado de chamada de capital, ou seja: o pior caso, quando você além de perder tudo que investiu, fica obrigado a ajudar no pagamento dos prejuízos porventura ocasionados. Poucos sabem disso, mas isso pode ocorrer em fundos de investimento multimercado...

Mas, estamos no Brasil. Vai que alguma decisão judicial louca determine algo assim para os FIIs. Ainda assim há a chance de você ver o problema antes e vender suas cotas.

Baseado em tudo que pesquisei e principalmente no parecer dos especialistas das fontes que citei, eu acho muito improvável. O fato de investir em FIIs muito sólidos mesmo que não paguem um DY tão alto me deixa mais confortável.

QUEDA DOS RENDIMENTOS NA PANDEMIA

Vimos no auge da pandemia que muitos FIIs tiveram que reduzir ou até suspender o pagamento dos dividendos mensais.

Colocando por base o mês de janeiro, a queda chegou a 48% em maio. Os shoppings foram terrivelmente afetados. Logística foi o que menos sofreu.

O que mostra mais uma vez a importância de uma carteira diversificada com bons ativos.

O gráfico abaixo mostra como ficou a situação do pagamento de dividendos mensais da CZB de FIIs. Estou considerando a soma dos rendimentos por cota de cada um dos 10 FIIs presentes na carteira que mostrei no post anterior.


Começamos o gráfico da CZB-FIIs em fevereiro com um valor de R$7,29. Vemos que chegou a cair 43,07% em maio quando bateu R$4,15. Chegou no nível mais baixo em agosto (queda de 44,58%) pois esse foi o mês que FIGS não pagou nada e XPML pagou somente R$0,03 por cota. Ambos de shoppings.

LIÇÕES APRENDIDAS 

Dizem que os inteligentes aprendem com os próprios erros e os sábios com os erros dos outros. Vamos tentar ser sábios.

Antes da pandemia eu vi formador de opinião que vendeu tudo que tinha para ficar 100% alocado em FIIs para viver somente dos rendimentos deles, sendo que tinha mais de 70% alocado em shoppings...

Imagino como estava a cabeça dessa galera no auge da pandemia com uma redução tão drástica dos rendimentos mensais dos shoppings ainda mais quando não havia nem estimativa de um retorno das atividades destes. 

Tinha até gente usando FII como reserva de emergência!

Tem muita gente que investe em FIIs confiando apenas no VP (Valor Patrimonial) sendo que este é calculado somente no final do ano e não é lá muito preciso ainda mais num momento como o que vivemos agora.

PERSPECTIVAS

FIIs de logística devem crescer junto com o e-commerce. Parece algo inevitável. Talvez este seja o único segmento resiliente nessa pandemia.

Shoppings devem sofrer por mais tempo. Mas um dia essa pandemia acaba. 

Muitos afirmam que FIIs de escritórios e lajes corporativas devem ser bem afetados por um bom tempo também. Até entendo mas não dá pra imaginar que todos irão passar a vida toda trabalhando de home office.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Carteira e Análises - Zé Batalha - 3º Trimestre de 2020 - As incertezas de sempre...

CENÁRIO ATUAL

Foi um trimestre no qual descobrimos até que dá pra perder dinheiro em Tesouro Selic, por conta da dificuldade de rolagem da dívida que não ocorria desde 2002. Eu particularmente não sabia que ele podia render negativo em alguns momentos.

Apple, Amazon, Facebook e Google chegaram a valer mais de 5 tri, o PIB do Japão, terceira maior economia do mundo. Tesla chegou a gerar 25 bi de market cap num dia (20/8)...

Quando a gente vê coisas desse tipo é pra ficar com as barbas de molho mesmo. Tudo continua muito estranho.

O maior risco que vejo hoje para o Brasil é o elevado aumento de gastos do governo fazer a situação fiscal descontrolar de vez, causando grandes problemas no futuro. Não faz muito tempo, 2015/2016, tivemos a maior recessão da história no país por motivos similares.

No gráfico abaixo dos profissionais da Verde Asset vemos que o Brasil tem uma das maiores dívidas e também foi um dos que mais gastou na pandemia. 
 

Nossa dívida bruta pode passar de 100% do PIB em breve. Desde 1999, estamos resolvendo nossos problemas fiscais aumentando a carga tributária, mas ninguém aguenta mais aumento de imposto. 

Se a produtividade do país fosse das melhores as coisas poderiam até ser diferentes, mas na prática estamos longe disso.

A DÚVIDA DE SEMPRE: JUROS

A pergunta que não quer calar: como vai ficar a situação dos juros pelo mundo.

Quando a inflação aumenta, juros são elevados para tentar segurar ela. Estamos com taxas baixíssimas, algo nunca antes visto. 

A inflação bateu 0,64% em setembro, a tendência é de alta, mas creio que em um futuro próximo as coisas tendem a se ajustar. A elevada injeção de dinheiro na economia causou muitas anomalias.

Já o FED diz que leva essa situação de juro praticamente zero até 2023 aceitando inflação levemente acima de 2% em prol da queda do desemprego, pois eles têm mandato duplo, algo que não temos aqui.

Mas e no Brasil como fica? Estamos com apenas 2% agora mas juros longos cada vez mais altos.

Juros de 50%
Por incrível que pareça já foi assim


CZB - 3T20 - ONDE INVESTIR NESSE CENÁRIO?

A CZB acumula perdas de 4,02% no ano, sendo que a carteira de ações (-16%) está um pouco menos ruim que o IBOV (-18,20%) e a carteira de FIIs bem menos ruim (-2,73%) que o IFIX (-12,59%). Setembro manteve o padrão do trimestre de não ser um mês muito bom pra quase todos investimentos. 

Acho que é hora de pisar um pouco no freio em renda variável pois já não temos mais tanta margem de segurança nesse momento. As boas empresas da bolsa não estão mais baratas como na época do corona crash.

Sei da minha incapacidade de afirmar com certeza se um ativo está caro ou barato. Mas é óbvio que quanto mais barato você compra a ação de uma empresa, maior a sua margem de segurança. E sempre que possível é o que tento.

Beleza então, vamos pra renda fixa pós-fixada, só 2% de Selic ao ano?

Ou alguém topa levar ao vencimento IPCA para 2026 pagando apenas 2,97% + inflação? Mesmo sabendo que se tiver que vender antes do vencimento vai perder uma boa grana tendo em vista que nossos juros não tem mais outro caminho senão o de alta?

Acho que nessas horas em que tudo é tão incerto, muitas vezes a melhor coisa é não fazer nada, ou melhor, deixar na Selic ou até na poupança mesmo. É muito pouco, mas dado a situação...

OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS...

Eleições americanas devem definir o caminho dos ativos. Independente de quem ganhe eu acho que as ações de tecnologia mesmo bem valorizadas ainda tem muito espaço pra subir.

Será que o mercado vai se assustar quando ver o rombo fiscal do governo americano? Um aumento de impostos para cobrir esse rombo vai fazer os lucros das empresas e por consequência as ações caírem junto.

E gostando ou não: um dia ruim na bolsa americana é um dia ruim nas bolsas do mundo todo.

CHEGOU A HORA DOS IMÓVEIS?

Chance de fuga para ativos reais diante de juros baixos que podem se beneficiar de um cenário de inflação.

Por isso creio que seja um bom momento para comprar imóveis. Nós nunca tivemos e não sei se teremos num futuro recente uma oportunidade de juros tão baixos para financiamento imobiliário. 

Os grandes bancos estão oferecendo taxas da ordem de 6 a 7,5% ao ano se você receber seu salário por ele. Há cerca de 3 anos com muita luta contratei meu financiamento com uma taxa de quase 10%.

A Caixa teve R$ 11 bilhões contratados para financiamento habitacional somente no mês de junho. Conversei com um corretor que teve no mês de maio o recorde de vendas na sua profissão em 10 anos.

E se você parar pra pensar, com juros tão baixos, percentualmente são poucos no país que se sentem confortáveis de investir em renda variável. Faz muito sentido que essa parcela da população invista em imóveis, algo bem tradicional aqui.



"Hoping for the best, prepared for the worst"