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domingo, 4 de junho de 2023

CARTEIRA ZÉ BATALHA - BEM VINDA LOJAS RENNER (LREN3)

Como já falei anteriormente, estava decidido a não colocar mais nada de novo na Carteira Zé Batalha, a não gastar tempo estudando novos ativos, etc. Contudo, acabei queimando minha lingua, após analisar bem esse case.

A Renner é uma das principais empresas do país no setor de consumo cíclico, com destaque para sua atuação no segmento de varejo de tecidos e vestuário. Atuando desde a década de 20, além das lojas Renner, controla também a Camicado (casa e decoração), Youcom (moda jovem) e Ashua (moda plus size).

POR QUE ENTREI NESSA?

Sái Ultrapar, entra Renner

Pra começar decidi que não iria colocar dinheiro novo, então resolvi vender uma das minhas posições. Acabou sendo uma oportunidade de sair de UGPA3 conforme falei nesse post sobre os meus maiores erros de investimento, mesmo perdendo ali 25% do que investi nela. Se eu esperasse pra vender mais caro também compraria LREN3 mais cara. Defini também uma alocação inicial de 5% pra Renner na CZB-Ações.

Minha cara quando lembro que entrei nessas 3 carniças: UGPA, BRFS e VLID...

PONTOS POSITIVOS

Começando pelo principal pra mim: fundamentos. Seguem ótimos, ainda mais quando comparada a seus concorrentes do varejo, onde ela é disparada a melhor. Dívida líquida negativa; Margem bruta de 60% e consistente nos ultimos anos; Margem líquida de quase 10%; Receita líquida e lucro líquido recorde de R$500 milhões no fechamento de 2022 mesmo num momento difícil pro segmento.

A cotação vinha caindo por vários meses mesmo com esses fundamentos, rondando a mínima de 5 anos, e foi por esse momento que eu fiz o primeiro aporte, a R$15,30, no início de maio.

Pra quem gosta de indicadores (levando em conta o momento em que entrei): um ótimo P/L de 11, considerada barata quando comparada a seus pares, abaixo da média de 24, sendo que já chegou a 40 em 2019. No 2T19 a cotação estava beirando R$50! O P/VP de 1,42 bem abaixo da média de 5,12 também.

Pra quem gosta de dividendos, ela também paga com assiduidade, com um payout médio de 40%.

Mais sinais positivos 

A tendência é ganhar market share da Marisa e Leliblanc, que estão quebrando, além de outras que podem ter o mesmo fim. 

O potencial de lucro fica ainda maior com a tendência de baixa dos juros. Vislumbrando uma possível alta da bolsa, ela pode ser muito beneficiada, pois nessas horas o varejo é quem costuma subir mais. 2016 a 2021 foi Magalu. Em períodos anteriores foram Hering e Americanas.

É um setor complexo, mas ela está muito melhor das pernas que C&A e Magalu. E Americanas deu perda total...

PONTOS NEGATIVO - AS AMEAÇAS

O juro alto nesse caso influi não só na dívida da empresa, mas também no cliente que vai comprar, assim como na construção civil. Por isso esses 2 segmentos são afetados 2 vezes nesse caso. Por isso o case depende muito da queda dos juros.

STF e STJ estão julgando um benefício tributário relacionado ao ICMS. Renner poupou 123 milhões em 2022 por conta dele. Era usado pra abater IR de custeio e agora só deve poder de investimentos. Logo, vai pagar mais imposto se isso passar. Calcula-se um impacto de 10% no lucro. Mas as concorrentes sofreriam muito mais.

Há também a ameaça da Shein. Caso consiga adotar seu modelo de produção aqui, a concorrência deve sofrer. Houve uns papos com o governo onde ela projeta que 85% da sua produção seja nacional até 2026. Entre falar e fazer há uma grande distância, mas isso é sim um risco para esse case.

Por fim, as últimas ameaças que elenco: Juros demorarem muito tempo pra baixar ou surgir algum esqueleto no armário tipo o ocorrido com Americanas, que dado o histórico da empresa, acho difícil.

CONCLUSÃO

Eu entendo que essa pode ser uma grande oportunidade de ser sócio de boas e ótimas empresas brasileiras a preços que devem demorar bastante pra se repetir. Por isso entrei em Renner, e por isso segui fazendo alguns aportes em outras ações que já detinha, conforme comentado em posts anteriores.

No momento que escrevo isso, no dia 2/6, fico feliz de ver que a cotação da Renner passou de R$20, já valorizando mais de 30% em questão de semanas desde o meu primeiro aporte e com isso eu praticamente já recuperei quase tudo que perdi na venda de UGPA3. O timing foi lindo.

E para completar a Carteira Zé Batalha brilhou muito em maio, assim como em abril, desta vez valorizando +3,07% no mês e fechando 8,51% no ano. Espero que continue assim...

Alegria do Zé Batalha ao ver essa valorização recente

quarta-feira, 12 de abril de 2023

CZB 1T23: +1,84% - A batalha dos juros - Bolsa barata: oportunidade ou cilada?

A BATALHA DOS JUROS

Esses juros estão ferrando com muitas empresas. É fato. Aí é fácil falar: BAIXEM OS JUROS. Parece bastar isso para resolver o problema, mas aí você pode perder o controle da inflação. Não é tão simples. Ah se fosse.

Basta ver a história:

BRASIL 2014-2016: Nova matriz econômica. Juros são baixados quando a inflação não estava ainda controlada. A inflação dispara meses depois e os juros bateram 14%.

USA década de 70: Arthur Burns segue a pressão de Nixon e baixa os juros na marra. O problema chega na década de 80 num nível que Paul Volker teve que aumentar os juros americanos para incríveis 20%!

Só mais um caso recente...

Conclusão: se não resolver o problema logo no começo, assim como uma doença, o remédio acaba sendo muito mais amargo depois. E quem mais sofre com uma inflação alta é justamente a população mais pobre.

SOBRE O "ARCABOUÇO FISCAL"

Acredito que saiu melhor do que se pensava, partindo do princípio que houve um mínimo de preocupação com o problema fiscal. Foi positivo a base para o cálculo do crescimento da despesa ser a receita passada, e não a projetada. E sim, deve vir aumento de impostos no couro do peão para essa conta fechar.

Acho que pode ser o suficiente pra trajetória de juros começar a baixar. E aí campeão, talvez possa ser essa a hora da virada que todos esperam.

O risco dessa minha premissa: os juros americanos aumentarem muito mais. Contudo, entendo que o espaço pra alta lá não parece ser tão grande. E com alguns desses últimos bancos que quebraram por lá, fica uma ameaça de crise de crédito que pode fazer o FED rever essa perspectiva de alta e empurrar o problema mais pra frente. 

CARTEIRA ZÉ BATALHA 1T23: +1,84% NO ANO

A CZB, comparando com outro investimentos, fechou o primeiro trimestre até melhor do que eu pensava: +1,84% no acumulado. CZB Ações ganhou do IBOV: -3,42% a -7,16%. CZB FIIs venceu o IFX: -2,59% a -3,70%. CZB-USA valorizando +10,72% (em reais), renda fixa (cada vez mais próxima dos 40% de alocação) com +3,3% e a CZB Cripto batendo +53,64%

COTAÇÕES DA BOLSA EM BAIXA: OPORTUNIDADE OU CILADA?

A bolsa brasileira está extremamente barata. E pode cair ainda mais, é claro. Mas vejo o espaço pra subir bem maior que o espaço pra cair. Pra quem é holder, esse pode ser um grande ano pra comprar alguns ativos nas baixas. A bolsa brasileira só costuma andar com queda de juros e ela parece mais perto do que longe.

Da série "vi por aí". Muito característico... rs

Mas o que comprar, o que aproveitar nessas mínimas? Essa é a grande questão. Vou passar a minha visão de 3 casos, do mais pessimista ao mais otimista. Todos presentes na CZB: OIBR, CVCB e MDIA.

OIBR: o que já não prestava muito ficou ainda pior após mais uma RJ. Essa eu já dei como perdida. Quem quiser apostar na mínima aqui tem que ter muita fé. O mais complicado é que a salvação da OI, com o intuito de quitar suas enormes dívidas, parece ser a venda de sua participação na Vtal, o filé mignon, o que ela tem de melhor. Não vou esquecer nunca de um cara no twitter que colocou 90% do patrimônio dele nisso aqui... Onde andará esse jovem... 

CVCB: parece começar a resolver o problema de sua dívida, mesmo sabendo que deverá fazer mais emissões. Turismo foi o segmento mais afetado na pandemia e é um negócio complicado. Dólar influencia muito. Mas ela é praticamente um monopólio no setor. Dificilmente vai quebrar. Acho que vale a pena arriscar comprar nas mínimas históricas a R$2,80 algo que já valeu R$60. E foi o que fiz, salientando que ela tem uma alocação modesta na CZB Ações.

MDIA: uma queda absurda de 22% como aquela no dia 20/3 é para mim uma ótima oportunidade de entrada. Eu aproveitei pra fazer mais um aporte. O mercado penalizou demais a empresa pelo resultado, comprometido devido a alta no preço do trigo. Mas é uma ótima empresa, que sempre deu lucro, até numa situação como essa. E o mais interessante é que o preço do trigo vem baixando, o que já poderá se refletir positivamente no seu próximo resultado.

ABRIL UPDATE

Escrevi isso ao final do mês passado. Pelo que se viu na última semana, a perspectiva de controle da inflação aqui e lá fora ficou mais otimista. O mercado parece ter gostado do que viu, expectativas de juros vem caindo e a bolsa teve a melhor semana do ano.

As coisas podem estar melhorando? Quem sabe? Tem muita coisa que ainda pode dar errado nesse cenário. Só resta aguardar os próximos capítulos...


sábado, 11 de fevereiro de 2023

O impacto do crash nas Americanas nos fundos imobiliários - Caso GGRC

A CZB sempre passou longe das ações do varejo brasileiro, mas após as tretas recentes, resolvi analisar o possível impacto nos FIIs que tem negócios com a Americanas, mais precisamente o GGRC11, que parece ser o mais afetado, mesmo que indiretamente, dentre os que tenho na carteira.

GGRC tem Americanas como inquilina de um de seus galpões, o LASA. O que escrevo aqui é resultado das pesquisas que fiz para entender melhor a situação. Espero ajudar de alguma forma quem está em uma situação similar.

Zé Batalha na pala discursando no Forum Economico Mundial em Davos

QUAL O IMPACTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NO GGRC?

Uma RJ abrange dívidas vencidas anteriores a declaração da mesma. Uma RJ não livra necessariamente a empresa do pagamento de aluguel, que é o cerne da questão aqui.

Americanas está adimplente até o momento. SE não pagar a partir de agora, a gestão do fundo entra com uma execução autônoma por fora da RJ, podendo solicitar rescisão automática de contrato. E dependendo da treta, pede o despejo e reintegração de posse na justiça. Ou seja, não entraria na confusão do concurso de credores da RJ. 

Às vezes a RJ pode até dar um fôlego para as despesas do dia a dia da empresa, tais como as trabalhistas, aluguéis, etc e nesse caso uma medida mais extrema seria desnecessária.

Na melhor das hipóteses, seria apenas liberar o imóvel pra um novo inquilino. Imóveis de logística são bem mais simples de serem realocados do que os industriais. Além disso, esse imóvel é bem moderno, permite até multi-inquilinos, o que indica que poderia ser logo ocupado. 

Há uma segurança maior também por ser um contrato atípico, que tem uma característica bem interessante para o investidor: em caso de rescisão antecipada a multa é o valor integral referente ao tempo restante de contrato.

A PARTIR DE AGORA 

A cota de fevereiro caiu tranquila no bolso do peão esta semana. Daqui pra frente o que vai acontecer, é óbvio, só resta aguardar. Parece ser mais fácil de conseguir um despejo no caso de não pagamento pois não é o único galpão da empresa, como foi o caso de Covolan, um inquilino anterior de GGRC que também entrou em RJ. 

Mas sempre é bom pensar mais no pior caso:

SE parar de pagar os alugueis, rendimento por cota mensal do GGRC baixaria de R$0,91 pra 0,70. Manda pra justiça e como sempre, tudo vai depender da cabeça do juiz. Se ele decidir que Americanas precisa do galpão pra continuar operando e tentar pagar suas dívidas (mesmo sem pagar o aluguel), aí nada pode ser feito e o investidor de GGRC leva um red.

Não acompanhei com detalhes as notícias recentes, mas parece que os "pobrezinhos" da turma do Lemann conseguiram uma graninha boa aí pra resolver a história. Bom pra GGRC. A ver...


O QUE EU FIZ 

O mercado precificou o LASA pra zero, a cota caiu pra 100 conto e eu comprei no preço mais go$to$o. Dada a situação não considero um risco tão grande. 

Mas isso sou EU. Do meu lado, estou tranquilo. A forma que agi frente a essa questão é o que menos importa. Cada um deve assumir o risco que te permita dormir bem a noite. Você deve fazer sua análise, e se concordar comigo ou não, tudo bem.

Desse imóvel, falta pagar 25 milhões de um total de 300 milhões, que pelo que entendi GGRC entrou junto com HGLG no negócio ou comprou dele. Dá pra resolver fácil essa questão se for necessário.

FONTES

Pra quem quer se aprofundar recomendo esta live, bastante elucidativa. Foi de onde tirei muita coisa que postei aqui,