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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Carteira de Ações do Zé Batalha - Parte I

Esse post é um complemento aos posts anteriores que tratam da minha sugestão para uma carteira de investimentos bem equilibrada:


Hoje vamos tratar da parte mais complexa, a alocação em renda variável, no nosso caso: AÇÕES.

Nesse momento de queda da taxa de juros, a Bolsa de Valores volta aos holofotes dos investidores. Não é preciso esperar o IBOV estar alto para pegar o melhor momento de entrada, até porque o que muitas vezes ocorre é essa mesma pessoa vender tudo no desespero ao menor sinal de baixa.

Por isso é preciso muito cuidado pra quem quer entrar agora. Procure estudar e entender melhor como isso funciona e defina os seus objetivos antes de tomar qualquer decisão.

Inicialmente, é importante relembrar as premissas da Carteira de Ações do Zé Batalha, conforme já foi tratado nos posts anteriores:
  • É uma carteira para o longo (eu diria longuíssimo) prazo, coisa de 20 a 30 anos, buy and hold extreme, com o objeto de aposentadoria. Ou seja, se quiser fazer trade e ficar milionário em poucos anos pode parar a leitura por aqui. E se esse é realmente seu objetivo desejo muito boa sorte nessa empreitada...
  • Por conta disso não dá pra esperar resultados SEMPRE positivos mês a mês, ano a ano. Buffet fala que não dá para prever o que vai ocorrer no mercado no próximo mês. Você tem que tentar pensar o que vai ocorrer em 5 ou 10 anos.
“No curto prazo o mercado é uma competição de popularidade. No longo prazo é uma balança.” (Warren Buffet)

Não esqueça do mais importante: JAMAIS invista em ações com um dinheiro do qual você pode precisar no curto prazo, ou pior, em uma emergência. Entre nela sem prazo para retirar pois isso evita o risco de vender por necessidade. É muito importante ter disciplina e paciência.

Esse método tem por base mais de 5 anos de muito estudo sobre economia, finanças e investimentos em geral. Aqui procuro passar tudo que aprendi nesse tempo, com a certeza que preciso e vou aprender ainda mais. 

Ainda assim o método sempre está em constante estudo e adaptação. Com uma realidade atual (e quem sabe uma tendência futura) de juros mais baixos já me faz repensar a alocação Renda Fixa/Renda Variável que propus no post anterior.

A maior parte do que aprendi foi com o Bastter (que é o que mais recomendo se for iniciante e quiser andar com suas próprias pernas), além de vários livros e artigos. 

Essas empresas de consultorias do momento (tipo Empiricus/Inversa) tem ensinamentos interessantes. Cheguei a assinar e reconheço que dá pra aprender muito com eles também, só não gosto da ideia de transferir essas decisões para outra pessoa ou instituição. 

Eu particularmente prefiro aprender para tomar as minhas próprias decisões: que a responsabilidade do acerto ou do erro seja minha, mas claro que isso vai de cada um. Só nunca conte com fórmulas mágicas para ganhar dinheiro, são muito perigosas, mais parecidas com jogar seu dinheiro todo em loterias.

Estratégia da Carteira

A estratégia básica é comprar ações de boas empresas pro longo prazo sem ligar muito pra cotação, mas sim nos resultados, balanços, fundamentos.

keep calm and buy and hold


A cotação é o que menos importa nesse tipo de estratégia pois a base de tudo se resume na seguinte frase, princípio de uma abordagem fundamentalista: "No longo prazo as cotações acompanham os lucros". Claro que há um risco que você precisa estar disposto a correr, e é por isso que convém não colocar um percentual muito elevado do seu capital.

Cotação seguindo os lucros
Cotação seguindo os lucros

A principal vantagem desse método pra mim é não precisa ficar feito louco com um terminal de homebroker na frente 8 horas/dia, olhando cotação e acompanhando o mercado minuto a minuto. Isso pra mim não é vida, mas tem quem goste... Mais uma vez: é IMPOSSÍVEL acertar o timing de entrada sempre.

Com o método que uso basta você olhar 1 vez por mês, mas se quiser olhar antes pra ver como as coisas estão tudo bem, sem nunca esquecer de não se desviar da sua estratégia

Há uma frase do mestre Warren Buffet que ilustra bem um dos benefícios dessa estratégia escolhida para a CZB: "Você deve ser ganancioso quando os outros estão com medo e ter medo quando os outros estão gananciosos" (Warren Buffet).

Buffet na pala
Buffet na pala

Na verdade, nesta frase ele explica que algumas das oportunidades reais de multiplicação de capital somente as grandes crises oferecem.

Quantos tiveram coragem de comprar ações nos anos em que a "imprensa especializada" recomendava distância? Agora que o Ibovespa está voltando às máximas, fica muito mais fácil pra seguir "as nuticia" e a imprensa recomendar entrada...

CONCLUSÃO: Pense em ficar sócio das empresas. Pense em investir e não especular. Você não compra uma ação, compra uma parte de um negocio. Analise a possibilidade de ir até o fim com elas.

E a grande pergunta: Como escolher essas empresas? Quais você tem? Em que situações devo sair de uma ação? No próximo post tratarei disso.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Emulador do Android SDK no Ubuntu 16 - Resolvido

Recentemente passei por alguns problemas para fazer funcionar o emulador do Android SDK instalado juntamente com o Android Studio 2.3.3 em máquinas Ubuntu de onde trabalho.

Configuração das máquinas:
Intel® Core™ i7 CPU 870 @ 2.93GHz × 8
8GB de RAM
Ubuntu 16.04 64bit

A princípio, uma configuração suficiente pra rodar o Android Studio, mais precisamente o emulador que dava problema. Tanto na minha como nas máquinas de 2 colegas.

Depois de muitas pesquisas na documentação do Android Studio, stackoverflow e outros sites relacionados chegamos à solução do problema.

Android Studio no Ubuntu

Problema:

Antes de chegar na questão, passamos por outras situações, tais como a solicitação de instalação do Intel HAXM (Hardware Accelerated Execution Manager) ou KVM (Kernel-based Virtual Machine), configuração de BIOS para habilitar a virtualização do processador, entre outros.

Após pesquisas vimos que era algo bem comum. Com vários relatos, inclusive de casos que funcionavam antes, mas não após o upgrade pra versão 2 do Android Studio.

Após a resolução das configurações iniciais citadas, chegamos num ponto em que o emulador é iniciado, mas dá crash, às vezes logo de início, às vezes no início do carregamento do sistema operacional.

Um das causas do problema parece estar relacionada à interface gráfica Unity, já que vimos soluções em que a mudança para o Mate resolveria, mas não era algo aplicável ao nosso caso.

Cheguei a pensar se o fato de usar um processador Intel de 1ª geração poderia ser complicador também, já que no meu notebook com processador de 5ª geração (i5-5200U) e 8GB de RAM o emulador rodou normalmente.

Solução:

Inicialmente, a CPU precisa suportar uma das seguintes tecnologias de virtualização:
  • Intel Virtualization Technology (VT, VT-x, vmx) extensions
  • AMD Virtualization (AMD-V, SVM) extensions (Linux only)
A chave de tudo é fazer funcionar o processo de aceleração

1) Aceleração de hardware

Ao usar aceleração de hardware seu emulador deve rodar mais rapidamente, mas o problema que temos é que exatamente por tentar usar isso que o erro ocorre. Muito provavelmente você está usando o driver SL Nouveau. Ele acaba tornando a renderização gráfica mais lenta ou ocasiona o crash.

Solução: atualizar/modificar o driver da placa de vídeo. No meu caso a placa era uma GeForce 8400. Bastou reverter para o driver do fabricante nvidia-340 que já estava até instalado, mas não em uso.

2) Se ainda assim não der certo... usar Aceleração via software

Aceleração via software é útil somente se o computador não dispõe de drivers gráficos compatíveis com o emulador. A imagem do Android deve ser criada definindo a opção Emulated Performance: Graphics como 'Software' para assim não usar a GPU do host. Mesmo com esse procedimento só funcionou a versão Lollipop do Android no nosso caso.

Além disso foram necessários mais alguns comandos:
  • Instalação de bibliotecas:
sudo apt-get install lib64stdc++6:i386
sudo apt-get install mesa-utils
  • Copiar pastas lib, lib64 e qemu da pasta emulator para tools dentro de $ANDROID_SDK.
  • Renomeia pasta:
Na pasta '$ANDROID_SDK/emulator/lib64': 
mv libstdc++/ libstdc++.bak
  • Linca pasta do emulador pra pegar as bibliotecas do sistema
Na pasta '$ANDROID_SDK/emulator/lib64': 
ln -s /usr/lib64/libstdc++.so.6 libstdc++
  • Para rodar o emulador via linha de comando:
Na pasta '$ANDROID_SDK/tools$:
 ./emulator -list-avds
Na pasta '$ANDROID_SDK/tools$:
 ./emulator -use-system-libs -avd Nexus_5X_API_22

Em alguns casos não precisa do -use-system-libs. Em outros dá pra rodar direto do Android Studio.

Em qualquer dos casos, se prepare que muita memória vai ser consumida. Nem 8GB é o bastante quando uma aplicação está rodando e com navegadores e outros programas abertos.

Observação: você não pode rodar uma VM dentro de outra VM como VirtualBox ou VMWare. Você deve rodar o emulador diretamente do seu hardware.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Ghost in the Shell - Análise da obra

Esta semana teremos o lançamento mundial do filme (live action) de Ghost in the Shell, dirigido por Rupert Sanders e estrelado por Scarlett Johansson, o que talvez seja o que mais chame atenção para o filme, que tem uma história muito maior por trás.

Ghost in the Shell é uma das maiores obras-primas sobre o universo cyberpunk já criadas. O mangá foi criado por Masamune Shirow em 1989. O anime foi lançado em 1995 pelo estúdio Production I.G e dirigido por Mamoru Oshii. É considerado um dos melhores animes da história.

A história é centrada na Major Motoko Kusanagi da Seção 9, uma hacker super talentosa e exímia combatente, que pertence a uma divisão de combate ao ciberterrorismo do governo japonês. A história se passa em 2029, num futuro distópico onde as pessoas têm um cérebro cibernético e se conectam ao cyberespaço através de cabos conectados à nuca.

Ghost in the Shell - Anime e Filme


Não assisti na época do lançamento pois àquela época sem toda a informação da internet não tinha acesso fácil a esses animes. Anos depois assisti por curiosidade. Creio que foi uma das primeiras vezes que pude perceber o quão profundo poderia ser um anime.

Na minha opinião Ghost in the Shell (abreviarei como GITS) é um dos maiores exemplos de como animes são subestimados. Muitos ainda tem ideia de que todos os animes tem um estilo mais juvenil do tipo Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z,etc.

Gosto de filmes que me levem a reflexões, algo que há de sobra neste. Eu sempre descubro algo novo ao assistir mais uma vez (acho que já foram umas 10x). Creio que meu interesse por tecnologia e ficção científica aumentou depois dele, mas também acho que não é um filme para todos. Pode ser chato para alguns, mas é gosto.
Capa do primeiro filme
Se você em 1999 assistiu Matrix e achou um filmaço (assim como eu), saiba que a inspiração dos irmãos (ou irmãs?) Wachowski surgiu de GITS,  e este por sua vez foi inspirado nos livros Neuromancer e também em um livro de psicologia filosófica chamado Ghost in the Machine.

Filmes e Séries de TV

Séries:
  • Ghost in the Shell: Stand Alone Complex - Tanto a 1ª (2002) como a 2ª (2004) temporada tiveram 26 episódios. Trata de várias operações realizadas pelo esquadrão da major, além de episódios avulsos que tratam da história de seus membros e algumas situações relacionadas a essa realidade distópica
  • Ghost in the Shell: Arise (2013) - Foram 4 episódios de cerca de 50 min. Teve também a versão Alternative Architecture, que dividiu 8 episódios de 25 min e ainda acrescentou 2 episódios extras para fazer o link com o filme que saiu em 2015. Essa série trata dos eventos que ocorreram antes do filme original, tal como o processo de formação do esquadrão da major.

Eventos de Arise mostram a formação da equipe
Filmes:
  • Ghost in the Shell (1995) - o filme trata da major em sua operação para capturar o Puppet Master, e daí surge várias reflexões existenciais que mexem com a protagonista no decorrer da trama
  • Ghost in the Shell 2: Innocence (2004) - a história ocorre cerca de 3 anos após os eventos do primeiro filme. Foca em Batou, parceiro da major, investigando uma série de assassinatos cometidos por robôs. Mais questionamentos filosóficos ainda, mas este não supera o primeiro filme, até porque é um filme mais confuso.
  • Ghost in the Shell: Stand Alone Complex - Solid State Society (2006) - conclui os eventos ocorridos na série Stand Alone Complex
  • Ghost in the Shell: The New Movie (2015) - dá sequência à história da série Arise e ao final ele faz a ponte com a história do primeiro filme, que deu inicio a franquia
Acho que nem preciso dizer que assisti tudo isso aí...

A tecnologia e a filosofia por trás de Ghost in the Shell



Vemos de tecnologias que ainda hoje podem parecer futurísticas a outras que consideramos normais nos tempos atuais. Imagino a mente do criador que foi capaz de pensar e ter tantas ideias relacionadas a conceitos avançados de biotecnologia, computação e redes em 1989, um ano que a internet como a conhecemos sequer existia.

Imagine um mundo onde todos tem um cérebro cibernético. Ao mesmo tempo que facilita a vida das pessoas, isso muda vários conceitos existentes até então. O que seria a morte já que eu posso morrer em corpo mas transferir a minha consciência, o meu cérebro, o meu ghost para um outro corpo humano cibernético, ou mesmo para uma máquina?

Consciências podem existir sem corpos. Então seria o cérebro parte independente do corpo? Um cérebro sem corpo orgânico pode ser considerado um humano? O que torna então alguém um ser humano num mundo assim, qual o conceito de indivíduo? Uma inteligência artificial desenvolvida e com vontade própria poderia ser considerada um indivíduo, então?

Nesta visão de futuro, sempre se fala sobre um mundo sem matéria, somente consciências trafegando como dados na rede, a se tornar parte do "mar de informação", o que guarda muitas semelhanças com a internet que temos hoje.

Muitas situações desse futuro distópico são exploradas:
  • Um cérebro cibernético pode ser invadido e ter seus dados copiados e/ou alterados (inserção de memórias falsas). Vemos situações em que a major invade a visão de algum inimigo e se utiliza disso para facilitar uma invasão. Na série, vemos até momentos em que um hacker consegue alterar a visão da vítima.
  • Em um mundo com corpos protetizados, idosos mais abastados podem transferir a sua consciência para corpos mais jovens, prolongando a sua "vida", assim como é simples dar manutenção ou substituir partes danificadas do corpo por outras mais novas, melhorando a sua "qualidade de vida"
  • Acesso remoto ao ghost: em algumas operações a major controla um outro corpo remotamente a partir da sua mente
  • Sincronização de memórias: em questão de segundos uma informação pode ser passada para outra pessoa. Pra que gastar 1 hora explicando ou ensinando algo? Vemos programas de treinamento que podem ser utilizados para aprender algo (algo bem copiado no filme Matrix)
  • Aquisição de memória, controle de consciência e pessoas: os ataques terroristas chegam em um outro nível quando hackers conseguem comandar os movimentos de pessoas comuns a partir do momento que invadem seu cérebro cibernético
  • Ainda sobre o item acima, cabe uma reflexão. Como a justiça decide quem cometeu o crime? A pessoa que atirou ou aquele que comandou ela remotamente (admitindo que você consiga identificar quem foi)? Imagine a mudança em toda a legislação que isso provoca na sociedade 
  • Já começa a surgir o questionamento das pessoas que não sabem se tratam o corpo como uma coisa ou uma pessoa. Mudar de corpo muitas vezes pode causar crises de identidade
É bem interessante a importância que a major Motoko dá a Togusa, tanto no filme original como em alguns momentos das séries, pois ele é o mais humano de sua tropa, o único sem próteses cibernéticas (somente no cérebro, como todos tem nessa época, assim como hoje todos tem um smartphone...). Ela parece querer contar com uma opinião distinta a partir do momento que considera ele a pessoa mais "humana" de todos do seu grupo.

Há várias teorias sobre a major Motoko. Em GITS: Stand Alone Complex cogita-se que ela nasceu "sem um corpo" (sua mãe foi morta grávida dela) e então ela acabou sendo desenvolvida e evoluída como equipamento militar, que custeou todo o processo. Em GITS: Arise vemos como isso explica o fato dela ser propriedade militar, até adquirir direito ao próprio corpo e depois ter mais direito a um orçamento e mais independência após cumprir com sucesso várias missões à medida que vai montando a sua equipe.
Sobre o filme que estreia essa semana

Pelo que vi nos trailers, creio que ele vai pegar cenas notórias do filme original (como a clássica invasão ao prédio usando a camuflagem termo óptica), mas vai focar em aspectos interessantes de outros filmes e episódios das séries.
Camuflagem termo óptica

Percebi alguém muito parecido com o Kuze do Stand Alone Complex, que tem uma história muito bacana. O filme deve explorar vários conceitos de forma que não se prenderá apenas ao anime original. Se fizer sucesso, o que será desafiador levando em conta o histórico de adaptação de animes para live actions na telona, pode ser que surjam continuações, pois há muita coisa boa a ser explorada.

Estou com uma boa expectativa pelo que vi nos trailers, pois dá a impressão de estarem respeitando não só o filme original, mas todo o conjunto da obra. Já percebi referências a vários filmes e séries somente no pouco que vi. Na minha lista de filmes mais esperados do ano, esse é o primeiro lugar.

Recomendo que ao assistir Ghost in the Shell não tentem entender tudo, pois acho que é quase impossível. Vale muito mais pelo prazer de poder filosofar com os amigos sobre essa obra numa mesa de bar.